Mr. Yellow
Carta AmarEla
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3 min readApr 5, 2019

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Será que estou pronto para Amar Ela?

Doce girassol, escrevo essa carta a ti com muita alegria.

Desde aquele dia, o nosso 29 de março que me esforçarei para não esquecer, tenho sido outro homem. Hoje eu percebo que os nossos 8 anos de amigos — a classificação que você sempre me deixou, não se comparam com esses últimos seis dias. Brinco contigo, mas preciso te agradecer por você ter sido mais forte que eu, por ter fechado teu coração e ter cuidado do meu. Isso só me fez bem. Antes não conseguia ver assim, mas hoje eu reconheço isso.

Tentei uma, duas — além de várias outras indiretas para tentar identificar se você gostava de mim, mas sempre eu levava a pior. Foi dolorido. Teve noites que olhava para nossas conversas, criava expectativas e então foram se transformando em ilusões e os sentimentos em pecados. Eu passei a querer você. Querer no sentido próprio de conquistar por minhas próprias forças, mas esquecia que você não era apenas uma menina, era uma filha de Deus. Era um desejo desenfreado sem esperar o tempo e acreditar no trabalhar de Deus, como hoje ele está permitindo sonharmos juntos.

Fui ao fundo do poço para lá então perceber que era eu que precisava ser tratado para então obter a oportunidade de compreender você um dia.

Confesso algo que ainda não te falei. Teu último não me fez cair na maior tristeza da minha vida, me fez perceber a doença e a falta de cura que eu precisava tratar, descobri-me na depressão. Desse momento em diante a bigorna de Deus começou a me bater.

Decepcionado que talvez não teria mais chances com você, foi então que fiz o que sempre deveria ter feito: orar a Deus que conduzisse minha vida e até mesmo os teus sentimentos.

Já nos primeiros dias de tratamento e nas primeiras terapias — claro, depois de tanta relutância com meu orgulho por achar que não precisava disso, Deus começou a mostrar áreas da minha vida que Ele não era o primeiro. Meu medo do futuro, meu perfeccionismo, meu padrão elevado que mais estava para um orgulho exacerbado mascarado de falsa humildade. Tudo isso foi caindo. Os castelos que havia construído em cima do meu "eu" foram caindo.

Você foi assunto de muitas das terapias, de orações e muito mais. Sempre que conhecia alguém, utilizava você como régua e isso me fez não conseguir me relacionar de uma forma saudável com ninguém.

Gostar de ti, sempre foi algo muito fácil. Tuas qualidades são incontáveis, teu jeito cativa quem está ao seu redor e tudo isso fisgou meu coração. Na verdade fisgou o coração de um adolescente que se dizia cristão, mas que não entendia nada sobre ser um jovem e nem mesmo um homem segundo o coração de Deus. Talvez você possa pensar que todos esses 8 anos foi porque você não quis, mas eu acredito que é porque Deus viu o quanto falho eu era e tinha muita coisa para moldar e permitir o que agora está começando.

Teu temor a Deus sempre me inspirou, mas ao mesmo tempo ele me fazia pensar: quem sou eu para merecer isso, se sujo sou e não tenho capacidade para nem os meus próprios sentimentos administrar. O tempo passou. Um ano depois do seu último não, depois que eu havia decidido esquecer você, ter colocado Deus como prioridade na minha vida e entregado tudo isso, as coisas se inverteram. Eu sei que os últimos meses para ti foram difíceis, mas sabe que foram necessários. A certeza, a convicção que hoje nós estamos iniciando isso é só por Deus e que você sem Ele não me interessa mais, demorou muito tempo para entender.

Eu oro a cada dia que eu possa ser o homem que você sempre sonhou. Falhas eu tenho muitas, medos também mas algo que me faz feliz é pensar que agora toda nossa história e toda essa paz que invade o peito não é mais segredo.

Um abraço apertado, daqueles que o tempo parece desacelerar.

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