(Afro)dite

Ariel Freitas
Cartas Perdidas
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1 min readOct 30, 2017
Reprodução

A chuva continua caindo lá fora, nossas duas garrafas de algum vinho não identificado encontram-se vazias ao lado da cama. Durante o tempo em que o mundo desmorona, somos dois viajantes em busca de uma aventura.

Sempre me questionei como era a sensação de ganhar na loteria ou de viajar o mundo inteiro, mas tenho certeza que nada se compara com o que experimento no momento. Sinto que nossos corpos estão conectados–não seria exagero falar que essa conexão vem de outras vidas.

Nossas roupas são facilmente encontradas atirada ao chão, enquanto minhas mãos tremem deslizando pelo seu corpo, que mais parece um monumento grego, suas curvas perigosas se tornam convites tentadores para desfrutar do desconhecido. Nossos desejos e pensamentos acabam se transformando em sinônimos de confusão, que só podem ser comparados com a linda bagunça em seu cabelo.

Percebo que às horas que estamos aqui dentro não importam. Tenho a sensação que estamos presenciando o fim do mundo e, ao mesmo tempo, o renascimento da esperança.

As paredes do meu quarto são testemunhas que dois corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Pobre Newton, se ao menos tivesse usufruído da oportunidade de te conhecer.

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Ariel Freitas
Cartas Perdidas

Jornalista e escritor. Colaboro com o Noticia Preta, Revista Subjetiva, New Order e Escola de Poesia. Já colaborei com o Alma Preta e o Perestroika.