rodrigo,
estaria eu fadada aos pares? que péssimo jeito de começar uma carta, mas foi a primeira coisa que pensei quando escrevi o título. nada contra os pares, apenas prefiro os ímpares. sem nenhum tipo de argumento a favor deles.
realmente, não li piglia. vou tentar. mas fiquei curiosa com a nossa conversa sobre diários. o mais comum a se pensar seria o diário de anne frank, que nunca li, mas pensei em o diário de bridget jones, que também não li, mas pelo menos tenho na estante. mas eles falam de “diário” logo na capa. não tenho como discorrer com propriedade sobre o que é um diário tirando minha experiência de ex-criança que escrevia no diário a cada siricutico que me desse na cabeça. não era todo dia. ou seja, minha versão criança acabou de contrariar a minha versão adulta de que diário se escreve todo dia. o que então me faz olhar pra algo e pensar “o que é diário”?
diariamente, agora na quarentena, só consigo pensar em amenidades, mas às vezes tento refletir sobre minha dificuldade pra ler nesses últimos tempos. pra ler por prazer, sabe. vou colocar como meta (que horror, colocar um prazer como meta) retomar o meu ano de descanso e relaxamento. tenho certeza de que é uma boa escolha fazer isso nesse período. outra opção seria ler o náufrago, do thomas bernhard. nenhum dos dois, sei, é diário. mas de novo: o que é diário?
a memória é um conjunto de sinapses e outras coisas. mas pode ser diário também. mas aí, o que não é diário?
espero ter um tempo de descanso e relaxamento de mim mesma para poder vir aqui falar de literatura. será que será na #4? talvez eu coloque o título “#5” apenas para evitar os pares. ou “cinco”, para evitar algarismos. vai que confundem com um diário.
até breve,
stéphanie.