Confira as lives do Cartografia do Audiovisual no Rio Grande do Norte

Diana Coelho
cartografiadoaudiovisualrn
3 min readMar 16, 2021

Na última semana, o projeto Cartografia do Audiovisual no Rio Grande do Norte realizou uma série de lives com o objetivo de estimular o debate e aprofundar temáticas ainda pouco exploradas nas pesquisas realizadas sobre o audiovisual no Estado, abordando questões relacionadas a gênero, raça e território.

A primeira delas trouxe o tema Interiorização do Audiovisual no Rio Grande do Norte. Nos últimos anos, apesar do visível fortalecimento de iniciativas locais que tem estimulado a interiorização da produção, tais como o surgimento de mostras e festivais ou da ação de realizadores e/ou coletivos, ainda é possível perceber o quanto a visibilidade dessas obras no circuito de festivais ainda é baixa em comparação com as realizadas na região metropolitana de Natal¹.

A fim de compreender experiências profícuas que têm acontecido longe da capital, abordando suas estratégias e reflexões acerca da produção audiovisual realizada no Rio Grande do Norte, conversamos com Raildon Lucena, idealizador do Curta Caicó; o J. Júnior, realizador e idealizador do Festival de Cinema de Florânia; e Wigna Ribeiro, realizadora que tem viabilizado, junto ao Coletivo Buraco Filmes, inúmeras produções no município de Mossoró.

Demos continuidade à programação com a live Cinema Negro no Rio Grande do Norte, buscando aprofundar reflexões acerca do cinema negro e partilhar a experiência de profissionais negros que têm trazido importantes contribuições para o cenário audiovisual do Estado.

O debate contou com a presença de Naymare Azevedo, produtora e cineasta potiguar, diretora do curta “Terreiro de Memórias” (2016); do cineasta Bucka Dantas, diretor de “Fabião das Queimadas”(2004) e “Viva o Cinema Brasileiro! (2006); e de Sérgio Caetano, pesquisador e cineasta documental, autor do artigo “O lugar dos realizadores negros no audiovisual da cidade de Natal”.

Já a live A Presença Indígena no Audiovisual Potiguar buscou aprofundar o debate acerca da presença indígena no audiovisual local², contando com a participação de Fábio de Oliveira, coordenador de comunicação do Gamboa do Jaguaribe e articulador do projeto Cine Oka; da liderança potiguara Luiz Katu, professor e cacique da aldeia Katu(Canguaretama/Goianinha), e Juão Nyn, multiartista potyguar(a) que transita pelas linguagens da performance, teatro, cinema e música, ativista do movimento Indígena do RN pela APIRN.

Finalizando a programação, a live Realizadores Trans no Audiovisual Potiguar buscou contribuir com o debate de gênero a partir das perspectivas e trajetórias de profissionais trans que têm contribuído com o cenário audiovisual local. Para isso, contamos com a presença de Pedro Borges, realizador do curta-metragem “Pedro” (2015), da realizadora Elli Cafrê, que tem desenvolvido documentários com foco na defesa dos direitos humanos e da igualdade de gênero, a exemplo do curta “Bixa Presa”, e Alexis Protásio, poeta e cineasta, militante do coletivo LGBTQI+ Leilane Assunção.

A série de lives do projeto “Cartografia do Audiovisual no Rio Grande do Norte” foi contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

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¹ Em pesquisa realizada com base em obras potiguares exibidas em festivais do Estado entre 2010 a 2018, Coelho (2019) aponta que há uma grande concentração na capital: 68,5% dos filmes exibidos foram produzidas em Natal e, se somados à região metropolitana, ultrapassam os 80%.

² No âmbito da pesquisa, ainda é incipiente estudos que se debruçam sobre experiências cinematográficas a partir da perspectiva de pessoas indígenas, bem como a presença desses profissionais em espaços de debate sobre o audiovisual no Rio Grande do Norte. A respeito do assunto, cabe destacar o artigo de COSTA e DANTAS (2020) sobre o perfil das realizadoras potiguares, em que adotam uma perspectiva interseccional. Nele, as autoras evidenciam que, das 18 realizadoras entrevistadas, no que se refere à identidade étnico racial, 44,4% se identifica como branca, 33,3% como parda, uma realizadora (5,6%) se autodeclarou indígena (indiodescendente), e o restante não declarou pertencimento.

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Diana Coelho
cartografiadoaudiovisualrn

Produtora, realizadora, pesquisadora. Até quando, não se sabe.