Angola
Uma imensa lista com quase nenhum nome de mulher
Oi, cartografistas! Todes bem?
Angola: país que fala português. Berço de tantos nomes conhecidos e de tantos outros a se descobrir. Terra de Ondjaki; Luandino Vieira; Agualusa; Pepetela; de Djaimilia Pereira de Almeida; Kalaf Epalanga; Ana Paula Tavares (a autora que leremos!) e tantes e tantas e tantos outros.
Perceberam que só citei duas mulheres? A lista de textos vindos de Angola e disponíveis no cenário brasileiro se alonga, mas apenas essas duas mulheres estão nela. Djaimilia, que vinha recebendo algum espaço por seu livro de estreia, Esse cabelo (2015; 2017, no Brasil), conquistou fama no meio, de fato, no ano passado ao receber o Prêmio Oceanos por Luanda, Lisboa e Paraíso.
O Oceanos (antigo Portugal Telecom) premia três obras publicadas no ano anterior que foram escritas em português e inscritas, claro. Sem fazer distinção entre o gênero da obra. (Também quero fazer um estudo sobre os finalistas e os vencedores deste prêmio, além de — adivinha — montar um mapa haha)
Sobre Ana, a gente vai falar mais pra frente. E a lista com mais autores que encontrei vou deixar aqui no final, porque destacar aqui a escrita de outra mulher: Yara Monteiro.
Queria que pudéssemos ler “Essa dama bate bué”, da autora, mas o exemplar mais barato que encontrei no Brasil custa nada menos que os exorbitantes R$270. Sem condições, né? (Como comentei na carta das Ilhas Maurícia, o livro editado fora tem custos em outra moeda e frete imenso para chegar aqui.)
Yara descreve a si mesma como “trineta da escravatura, bisneta da mestiçagem, neta da independência e filha da diáspora”. E ao livro dá três adjetivos: urbano, contemporâneo e feminino.
Tendo nascido em Angola e indo muito nova viver em Portugal, ela trilha no romance um caminho de volta ao país de origem e reencontro. Acho um enredo muito bom que vai no sentido contrário a outros que mostram a saída de personagens de seu país de origem. “Essa dama” fala de busca e retorno. Um movimento sempre necessário aos que amam viajar.
Listas
Com títulos no Brasil, seja em livro solo ou em antologias: Adriano Botelho de Vasconcelos; o poeta Agostinho Neto; Arlindo Barbeitos; Dario de Melo; Fragata de Morais; Geraldo Bessa-Victor; Henrique Abranches; João Melo; Jorge Arrimar; José da Silva Maia Ferreira, autor do século XIX, já fora de catálogo; Kardo Bestilo; Manuel dos Santos Lima; Manuel Rui; Ribeiro Tenguna; Ruy Duarte de Carvalho; Uanhenga Xitu; Víctor Kajibanga; Zetho Cunha Gonçalves.
Ainda sem títulos no Brasil: Amélia da Lomba; Aníbal João Ribeiro Simões (ou Tchikakata Mbalundo ou Cikakata Mbalundo); autor do século XIX António de Assis Júnior; António Botelho de Vasconcelos; António Jacinto; António Quino; António Urbano Monteiro de Castro; Boaventura Silva Cardoso; Cremilda de Lima, autora de livros infanto-juvenis; Domingos Cupa; Edgar Ginga Sombra; Gabriela Antunes; Henrique Lopes Guerra; Hermenegildo Pascoal; Isabel Ferreira, poeta; Joaô André da Silva Feijó; Joaquim Dias Cordeiro Matta; Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga; Paulo de Carvalho; Óscar Bento Ribas; Viriato Clemente da Cruz.
Em breve falaremos mais sobre Angola, através das crônicas de Ana.
Até a próxima carta!
Um cheiro!