Namíbia

Deserto, mas nem tanto

Ju Almeida Cordeiro
Cartografismos
3 min readSep 24, 2020

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Oi, cartografistas! Tudo bem?

Chegamos à Namíbia, no litoral oeste do continente africano. E, embora tenha uma grande margem costeira, o país e largamente composto por desertos e um deles lhe dá nome: Namibe que, na língua khoisan, significa “lugar vasto e desolado”.

Num livro fotográfico, de 2018, a dupla Raoni Maddalena e Maurício Pisani registrou diversas imagens sobre o país que mostram uma paisagem substancialmente vazia. De fato, o país é pouco populoso. Foi um protetorado alemão e depois colônia da África do Sul até março de 1990.

Diversos grupos compõem a população e os idiomas são bem variados, mas inglês é estimulado como língua oficial, e o africâner também é amplamente usado como segunda língua.

Arte do nanibiano Joe Madisia

Entre os escritores do país, encontrei a editora e autora Jane Katjavivi; o autor, performer, poeta e ativista Keamogetsi Molapong; Anoeschka von Meck, descendente de alemães que vive e escreve no país; o escritor e analista político namibiano Joseph Diescho; Werner Hillebrecht que também é pesquisador; Hans Aschenborn, que se destacou especialmente por suas pinturas; Giselher W. Hoffmann, que escrevia em alemão; o político Helao Shityuwete que escreveu um livro de memórias; poeta e escritor Dorian Haarhoff que também tem nacionalidade sulafricana;

E a professora Neshani Andreas autora do título “The purple violet of Oshaantu” ou A violeta roxa de Oshaantu, em tradução minha. A história da amizade de duas mulheres, no interior do país, que enfrentam a misoginia.

Em um trecho diz: “Agora isto. ‘Oh, ele não te bate? Que sorte a sua.’ Ah, estou cansada. Sim, Michael é bom homem e sou grata por isso. Não sei o que eles querem que eu faça. Que eu me jogue aos pés dele ‘Obrigada, Michael, por se casa com uma pobre’? Não sou sortuda, simplesmente não mereço ser tratada como um animal imundo.” (tradução minha, leia o original abaixo)

Now this. “Oh, he doesn’t beat you? You are lucky.” I am really tired of it all. Yes, Michael is a good man and I am grateful for that. I just don’t know what people want me to do. Kneel down at his feet and say, “Thank you, Michael, for marrying a low class”? I am not lucky. I simply do not deserve to be treated like a filthy animal.

Parece um livro muito poderoso. E Andreas sempre quis escrever. Infelizmente, um câncer a levou antes que pudesse fazê-lo mais vezes. (Leiam mais sobre a história de Andreas com a escrita neste link, em inglês)

Vocês já tiveram um sonho que não sabiam poder compartilhar com mais alguém? Até que o fizeram e… Foi mágico? Para mim, Cartografismos é um desses sonhos.

Me contem o de vocês!

Um cheiro!

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Ju Almeida Cordeiro
Cartografismos

Histórias. Magia. Autoconhecimento. Respeito é a base de tudo. Salve a diversidade!