Um pouco sobre literatura

Ela não transforma o mundo, mas se transformar pessoas já é meio caminho andado.

Ju Almeida Cordeiro
Cartografismos
2 min readSep 21, 2019

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A literatura é um artefato curioso. Ao mesmo tempo que nos permite estar em contato uma realidade maravilhosa ou angustiante, é duro se perceber no lugar de não-fazedor, de impotente. Estamos apenas lendo. Não seremos nós a mudar aquela vida (ficcional ou relembrada) e não cabe a nós salvar o mundo sozinhos.

Você quer sentir como é viver de outra forma? Leia um bom livro.

Há mais questões que dedos na mão, e a literatura pode nos fazer passar por todas elas. Ela pode nos colocar esse amargo na boca. Mas não há solução fácil. Não vai ser um gesto medíocre e rápido que vai mudar a realidade.

Um primeiro passo é levar esse incômodo para nossa constituição moral e, no dia a dia, agirmos de acordo com esse princípio. Basicamente, respeito, empatia e acolhimento.

Existe ativismo online, petições em que assinamos com um clique para que os propositores, pessoas realmente engajadas na causa, levem ao senado para fazer valer o que tantas vezes já é constitucional, mas não está em prática. Há diversos financiamentos coletivos para manter ações em vigor. Há voluntariado, e mesmo o voto, uma atuação cidadã presente, com monitoramento e engajamento. E a gente compartilha: alegrias, luta e livros.

Esta não é aquela foto.

Mesmo assim eu acredito que esse não é um projeto heroico. Não vou salvar ninguém do abutre (talvez do tédio e, com sorte, da ignorância). Vou escrever sobre livros, sobre as narrativas que fizeram aquela criança estar ali, vulnerável. Vou compartilhar e convidar outros a lerem e sentirem esse incômodo, essa angústia. Espero que ela não se estanque num gesto banal. Espero sim que a literatura marque, que refaça um pouco o nosso olhar, os nossos gestos.

Este é um projeto pessoal, partilhado. É minha vontade de ver o mundo, rir e me doer com tudo que tem nele. Fica à vontade para entrar.

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Ju Almeida Cordeiro
Cartografismos

Histórias. Magia. Autoconhecimento. Respeito é a base de tudo. Salve a diversidade!