Não Monogamia como rede de apoio

Como o poliamor me ajuda a ser mãe

Gabrielle Dal Molin
Casa Não Mono
3 min readApr 16, 2021

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Mulheres que são mães sabem que é fundamental ter uma rede de apoio. Nossa sociedade é construída em cima da instituição família tradicional, por isso, quando existe, a rede de apoio costuma ser baseada em membros dessa família (outras mulheres): avós, tias, etc.

Essa rede de apoio, que é importante salientar que extrapola a coresponsabilidade paterna ou materna da pessoa que está junto a mãe da criança, é fundamental para que ela consiga ter uma vida para além dos cuidados com ela, ou seja, para trabalhar, se divertir, ter um tempo para seu autocuidado. Contudo, é frequente que haja uma série de julgamentos em relação ao que a mãe faz em seu tempo livre, e isso se agrava quando a mulher vive relações não monogâmicas.

Por isso, minha proposição é que a não Monogamia pode e deve, ela mesma, ser uma rede de apoio. As pessoas que se relacionam com a mãe podem e devem se envolver nos cuidados e atenção a filhes dessa mulher, para que ela não tenha que depender de outras pessoas para viver suas relações.

Uma não monogamia política, ética, que parta de princípios coletivos e ambicione mudanças na sociedade, precisa fundamentar a prática no cuidado das crianças, pois não é raro que pessoas com filhes estejam vivendo múltiplos vínculos ou estejam interessadas em viver.

E como sabemos que os trabalhos de cuidados que chamamos de maternidade são responsáveis pela manutenção do bem estar da criança de forma majoritária, quando pensamos na não monogamia nesses termos, estamos pensando na proteção das mulheres, estamos defendendo seus direitos.

Ver a mulher que eu me relaciono cuidando, brincando, dividindo a responsabilidade comigo e com o pai da minha filha, além de ser maravilhoso do ponto de vista emocional para nós quatro, também é ótimo em termos práticos e eu não consigo ver a não monogamia se não for assim. Algo que existe dentro e fora de casa, que atenda as demandas de cada pessoa, em vários níveis diferentes e que propicie uma convivência legal com as crianças.

Sobretudo para mim, que estou longe da minha família, a não monogamia precisa funcionar numa perspectiva de família estendida, conceito proposto no livro Ética do Amor Livre.

Sei que as pessoas tem vidas e objetivos diferentes, mas acredito que seja crucial o entendimento de que uma vez se relacionando com mães, não pode ser uma escolha não se relacionar com filhes. Isso não significa assumir papéis que não se quer, mas antes, compreender e construir qual papel se quer desempenhar naquela relação.

Perspectivas e práticas individualistas não servem para mães e dentro da não monogamia, menos ainda. O entendimento disso, independente se o acordo for poliamor, anarquia relacional, ou outros, se inscreve numa postura pró-feminismo, pró-infância, contra a família nuclear e politicamente revolucionária.

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