Seres únicos

Riva Don Christofoletti
Casa Azul
Published in
3 min readMay 20, 2017

Somos seres únicos, cada um dentro de suas características, sejam físicas, atitudes, intelectuais, genéticas, de caráter, vivemos e agimos dentro de nossas qualidades. Desta forma, não existem duas pessoas iguais viventes no planeta, pois somos um conjunto de diversas formas que são construídas, inclusive, pelas nossas experiências de vida, também. Se somos seres únicos, eu e você, então somos todos iguais. Iguais na unicidade. É possível então criar regras, leis, normas, esperando que todos nós ajamos da mesma forma? Parece que é assim que funciona, tudo pode ser criado, porém cada ser humano deveria ter a liberdade de interpretação. Mas não é bem assim que a coisa transcorre. Inclusive as leis de conduta são criadas por pessoas, e pessoas não são iguais umas às outras, conforme citado anteriormente.

Arte de Camilla Carioba

Sendo assim, o que é bom para mim pode não ser para você, o que vejo pode não ser o mesmo que outra pessoa vê, assim como o que ouço, sinto, percebo. No entanto viemos todos do mesmo lugar, aproximada e aparentemente, nascemos da mesma forma e somos criados, em nossos locais de origem mais ou menos de forma semelhante, apesar das variações de como as famílias agem, dos costumes, cultura, entre outras variantes.

Podemos dizer então que cada pessoa pode traçar e seguir um caminho, desde que siga as regras, leis e costumes do meio em que vive, isso se quiser ter uma vida relativamente tranquila e aceita. Mas afinal para onde estamos indo ou onde queremos chegar? Esste é o questionamento talvez primeiro e que sempre seguiu permeando a raça humana. Existe então um caminho, um único caminho que nos leva para esta realização? Esta pergunta pode nos seguir durante toda a vida, porém é a partir da metade de nossa existência que este questionamento pode começar a nos permear mais fortemente e a fazer parte do nosso caminho, na forma de novas decisões, novos rumos que são tomados, distinguindo o que realmente nos interessa e do que nos faz bem.

“Todos temos origens comuns: as mães; todos proviemos do mesmo abismo, mas cada um — resultado de uma tentativa ou de um impulso desde o fundo — tende a seu próprio fim. Assim é que podemos entender-nos uns aos outros, mas somente a si mesmo pode cada um se interpretar.” (Hermann Hesse, livro: Damien, Ed. Record, pág. 11)

Embora até possa parecer egoísta esta nova forma ou fase da vida, quando começamos a nos voltar para nós mesmos, ao contrário, as novas atitudes que tomamos começam a refletir nos que estão ao nosso redor, pois às vezes uma companhia silenciosa, por exemplo, pode trazer bem-estar aos que estão à nossa volta. Além do mais o fato de estarmos voltados para dentro não significa que estejamos fechados para o mundo. Nestes momentos de introversão teremos a oportunidade de nos compreender melhor, de começarmos a vislumbrar quem realmente somos. E somente cada indivíduo poderá fazer este movimento, cada um dentro de seu espaço, dentro de si mesmo.

Durante toda nossa vida passamos por vários estágios de desenvolvimento, desde o aprendizado familiar, indo depois para a escola em seus variados níveis, os grupos sociais, de trabalho e tantos outros. Formamos um cabedal de conhecimento que nos é próprio e, a partir disso, poderemos, inclusive, formar nossas opiniões e maneiras de enxergar o que nos cerca, inclusive as outras pessoas. Porém, este olhar para nosso interior, o movimento de crescimento em busca de uma compreensão própria, somente poderá ser alcançado por nós mesmos. Esta é a busca do Si Mesmo ou o Processo de Individuação, conforme Carl Gustav Jung.

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