Groundhopping: o hobby de conhecer estádios de futebol

Letícia Oliveira
Casal Torcedor
Published in
4 min readApr 15, 2020
Essa sou eu no Mineirão, na Copa de 2014. Escolhi esse jogo só pelo estádio mesmo (Foto: Gustavo Amorim)

Imagine a seguinte situação: você está planejando uma viagem de férias. O que não pode faltar no seu roteiro? Se conhecer estádios está na sua lista sempre que você visita um lugar novo, talvez você seja um groundhopper.

Calma, calma. Não é nenhum palavrão. Você nunca ouviu essa expressão antes? Se ainda não, relaxa, você não está sozinho(a). Eu tô aqui pra te contar exatamente o que isso significa.

Pouco popular no Brasil, o groundhopping é mania entre os apaixonados por futebol na Europa, que se denominam groundhoppers. O termo vem da junção de ground (campo) e hopper (saltador). Em tradução livre, seria aquele que salta de um lugar ao outro para conhecer novos estádios de futebol.

Apesar do exemplo que eu dei acima, o groundhopping não se aplica somente nessas situações. Na verdade, existem adeptos dos mais variados tipos, e cada um costuma criar seus próprios critérios. Tem quem prefira contar número de jogos in loco ao invés de estádios; outros só contabilizam determinada cancha se forem até lá durante uma partida de futebol; tem quem não se importe com o jogo em si, e coloca os tours nessa conta também.

Enfim, a regra é: crie sua própria regra 😂

Acredito que aqui no Brasil muita gente acostumada a acompanhar seu time do coração nos jogos em casa “virou a chavinha” quando decidiu estar junto dele também como visitante. É nessa experiência fora que surge, entre outras coisas, a motivação para conhecer novos templos do futebol, algo que todo apaixonado pelo esporte curte fazer.

Eu sou uma groundhopper? 🏟

Sempre curti conhecer novos estádios, mas só fui saber da existência desse hobby europeu há pouquíssimo tempo. Meu interesse surgiu quando eu era bem novinha. Me lembro de tentar desenvolver algum projeto que contasse a história desses gigantes de concreto, algo que acabou não se concretizando. Na época, assisti um documentário sobre o Estádio do Pacaembu produzido pelo repórter Plácido Berci, do SporTV — ele era meu veterano na faculdade.

O trabalho dele e dos colegas de grupo repercutiu muito por eles terem conseguido entrevistar o Neymar, algo inimaginável pra nós, meros estudantes de jornalismo. Vou deixar o vídeo aqui pra vocês assistirem:

Então acho que, sim, me considero uma groundhopper. Meu critério, no entanto, prioriza que eu conheça um novo estádio em uma partida de futebol. Se não for possível, pela ausência de jogos na data que eu estiver lá, tudo bem, eu me contento com o tour. Só passar em frente não vale — tem gente que conta isso, eu não. Eu preciso ver o gramado, as arquibancadas, as instalações. Só a fachada não me interessa.

Um exemplo bem marcante do meu groundhopping foi quando eu decidi conhecer a Arena Condá, em Chapecó (SP), poucos meses após a tragédia aérea da Chapecoense. Aquele episódio mexeu comigo de uma tal forma que até hoje eu não sei explicar direito. É um dos poucos dias em toda a minha vida que eu ainda consigo lembrar com uma riqueza absurda de detalhes.

Então eu decidi que precisava estar lá. Precisava pisar naquele chão, precisava ver como estava aquela cidade que viveu um dos piores momentos de sua história. Cinco meses depois, no dia 20 de maio de 2017, eu estava lá pra ver Chapecoense x Palmeiras.

O jogo terminou 1 a 0 pro time da casa, mas nem a decepção pela derrota, nem a dificuldade de voltar pra casa no dia seguinte pelas condições meteorológicas que atrasaram meu voo foram maiores ou mais significativas do que estar lá. Foi surreal, indescritível. Uma coisa que eu nunca vou esquecer.

Arena Condá, 2017. A emoção foi tanta de estar lá que só fiz esse registro da viagem, mas não me arrependo

Outro fato bacana que eu destaco, por essa vontade de conhecer um estádio novo, foi na Copa de 2014. Eu e mais um amigo compramos ingressos naquela fase em que nós não sabíamos ainda quais seriam os jogos porque os grupos sequer tinham sido sorteados. Optamos, então, pelo estádio que queríamos conhecer: o Mineirão.

No fim, assistimos Costa Rica x Inglaterra — o último jogo de Wayne Rooney com a camisa da seleção inglesa e o goleirão Keylor Navas, hoje no Real Madrid, pegando tudo e mais um pouco pela “zebra” do Grupo da Morte.

Mineirão, 2014. Um registro do lado de fora também (Foto: Gustavo Amorim)

Comecei a usar o app Futbology no início desse mês — inclusive escrevi aqui um texto sobre o que eu achei dele. Até agora já cadastrei 17 estádios que conheci ao assistir mais de 70 jogos de futebol in loco em quatro estados diferentes (SP, RJ, MG e SC).

É claro que esse número é bem maior porque deve ter muito jogo aí que eu fui e nem lembro. Além do mais, o aplicativo não permite colocar aqueles que eu conheço pessoalmente mesmo sem ter visto uma partida lá — Nabi Abi Chedi, em Bragança Paulista, por exemplo.

Vendo os rankings do Brasil e do mundo no Futbology, vejo que ainda sou uma simples iniciante nessa paixão por conhecer estádios — mas quem disse que eu estou com pressa? Seguimos em busca das melhores canchas! 👊

E agora que você sabe o que é ser um groundhopper, me conta aí:
Você também é apaixonado(a) por estádios de futebol? ⚽️

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Letícia Oliveira
Casal Torcedor

Jornalista, 30 anos, palmeirense de coração, apaixonada por futebol e cria de arquibancada.