Um dérbi diferente
Quarta-feira, 22 de julho de 2020. O futebol paulista está de volta e, logo de cara, tem dérbi: Corinthians e Palmeiras se enfrentam em Itaquera, às 21h30, com portões fechados — o jogo sem torcida é uma das medidas de prevenção ao coronavírus impostas pelo Governo do Estado para autorizar a retomada do Campeonato Paulista.
Pra mim, um jogo diferente de todos os outros.
Desde 2016, os torcedores paulistas são privados de acompanhar um clássico in loco na arquibancada visitante graças a bizarrice da “torcida única”. Foi no Pacaembu que palmeirenses e corintianos tiveram a oportunidade de, pela última vez, estar em um jogo com as duas torcidas na capital.
Agora, com o avanço da pandemia, nem mesmo os mandantes terão sua torcida no estádio. Após quatro meses sem futebol, os times desfalcados e sem ritmo, aliado ao silêncio na arquibancada serão os únicos ingredientes de um jogo gigantesco como é um Corinthians x Palmeiras.
Do lado de fora, palmeirenses tentam resgatar algum clima de rivalidade. A Arena Corinthians amanheceu pichada, cartazes foram colados nas imediações do estádio, muitas provocações nas redes sociais… Mas a verdade é que não há clima. Pelo menos pra mim, não há.
Não há clima pra um jogo de futebol quando mais de mil pessoas morrem todos os dias de Covid-19. Não há clima para comemorar uma vitória quando as UTIs estão lotadas, e o sistema público de saúde está entrando em colapso. Não há clima para lamentar uma derrota quando uma família não pode nem se despedir de um ente querido de forma digna porque o velório está proibido e o caixão é lacrado.
Minha expectativa pra esse jogo? Um 0 a 0 sem graça. Tão sem graça quanto a volta do futebol em um momento como esse.
