Sobre

Eglair Quicolli
Casulo Mutante
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2 min readOct 30, 2019

É curioso a forma como as coisas mudam com o passar das estações e das experiências que vivenciamos.

Pensamentos, práticas, desejos e vontades.

Eu encontrei um caminho de pertencimento e completude quando descobri o têxtil como processo de autoconhecimento. A escrita já se fazia presente muito antes dos tempos de blogs, em cadernos e diários. Mas o têxtil foi algo que me transformou de maneira profunda.

A primeira das artes têxteis que encontrei foi a costura. Ela apareceu em minha vida num momento em que eu estava buscando sentido na rotina do trabalho, procurando um momento de reflexão e contentamento. A profissão que eu estava submersa me dava uma vida financeira estável, mas me afogava num estado de torpor que não era saudável.

Encontrei na costura de toy art — bonecos de tecido — um oásis. Eram momentos de presença, relaxamento e um fluxo criativo que há muito tempo não experimentava. Foi realmente uma explosão de ideias, vontades e desejos.

O ritmo das coisas se mostrou tão natural e ao mesmo tempo de forma intensa que o hobbie se tornou meu trabalho em pouco tempo, e com isso uma marca de personagens em tecido: um novo caminho pela frente.

Depois de seis anos envolvida em retalhos, linhas, moldes e eventos, os caminhos foram me levando ao tear manual.

Aaaah o tear…um universo em expansão!!!

A partir desse momento fui seduzida pelo emaranhado dos fios, os nós e seus segredos, e me deixei envolver pela arte ancestral da tecelagem e tapeçaria.

O ato de tecer é um ato de contar estórias, observar o presente e dar-lhe forma, textura e cor. As mãos dançam num ritual de gestos restabelecendo a conexão do sonhar com a realidade num eterno fluxo.

A tecelã é uma viajante do tempo, trilhando um caminho intrigante e misterioso ligado diretamente ao coração, transformando o fio numa extensão do corpo, do sagrado.

Tecer é uma verdadeira viagem cósmica. Esse universo em constante mutação trouxe consigo outras artes como o tricô e o crochê — primos, parentes. E até mesmo outras vertentes e materiais que para mim andam agora de mãos dadas: o têxtil e o metal. A joalheria de bancada acrescentou o fogo alquímico em minha vida.

Todas essas artes — Galáxias irmãs — transformando tudo e à todos. Foi assim que sonhei o Casulo Mutante, um lugar de pertencimento, troca e novas experiências. Um lugar repleto de afeto e feitio manual em constante mutação e expansão.

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