Como A Batgirl de Joss Whedon Pode Salvar A DC Nos Cinemas?
Recentemente o diretor foi confirmado para trazer a super-heroína às telonas
A vida anda muito difícil para a DC. Os primeiros três filmes foram massacrados pela crítica e filmes com o Batman, por exemplo, sequer alcançam a arrecadação total de um bilhão de dólares; além disso, os projetos estão respirando por aparelhos, perdendo diretores, roteiristas e produtores, atrasando até sabe-se lá quando. The Flash está (por enquanto) no terceiro diretor, Aquaman sofreu atraso, e The Batman e Man of Steel 2 não são tratados com a prioridade que deveriam.
Aliás, a Warner continua anunciando projetos arriscados, quando não conseguem nem sedimentar os projetos solo dos integrantes da Liga da Justiça. Green Lantern Corps, The Flash e Ciborgue mal possuem um plano concreto; as informações que vazam são conflitantes e desoladoras. Ouvimos boatos de algum filme do Shazam, mas o único ator selecionado foi Dwayne Johnson, como Adão Negro (que, questionavelmente, vai ter um filme apenas seu). Até o momento, sabemos que a continuação do pífio Esquadrão Suicida está em andamento, bem como Gotham City Sirens, que marcará o retorno de Margot Robbie como Arlequina. Entretanto, projetos promissores como a Liga da Justiça Sombria parecem somente agora ter retomado alguma direção.
Recentemente, foi confirmado que Joss Whedon irá captanear a adaptação de Batgirl para os cinemas e isso pode ser exatamente o elemento que faltava para um filme ser incontestavelmente bom. É inegável que a Warner está procurando profissionais de qualidade para seus projetos, entretanto não está sabendo juntar o elenco ideal com a equipe adequada. Claro, todos os filmes até o momento sofreram com edições esdrúxulas e cortes precipitados, e isso faz parte do aprendizado dos executivos da produtora. Pela primeira vez, arrolar Whedon como diretor do filme protagonizado por Bárbara Gordon, parece ser um acerto, considerando o trabalho notável que ele tem com protagonistas femininas.
O Dilema
Como dito, os talentos que a DC traz para seus trabalhos está muito longe do terrível, mas ou eles não estão inspirados ou eles não tem liberdade autoral para exercer seu ofício. O primeiro erro foi confiar os três primeiros filmes nas mãos de Zack Snyder, muito mais que a Marvel tenha confiado em seus diretores, até os irmãos Russo, pelo menos. A grande diferença é que os Russo galgaram sua cadeira cativa após o fantástico Capitão América: O Soldado Invernal, enquanto Zack Snyder dirigiu um contestado Man of Steel e Batman V Superman mais criticado ainda. Claro, a Marvel é conhecidíssima por manter o controle de suas obras, no entanto é palpável o estilo de Shane Black (Homem de Ferro 3) e James Gunn (Guardiões da Galáxia) em seus filmes, por exemplo.
Por mais controvertido que seja o Homem de Ferro 3, a assinatura de seu diretor é tão evidente quanto em Beijos e Tiros ou Dois Caras Legais. Obviamente, há um grande rol de diretores que largaram seus projetos devido ao controle exercido pela Marvel — e nisso se inclui Joss Whedon. Entretanto, atualmente, a produtora parece estar muito mais confortável em deixar os diretores trazerem sua assinatura às obras (basta comparar o Homem-Formiga e Doutor Estranho com os filmes da Fase 1). Melhor ainda, basta perceber as promessas que se anunciam em Guardiões da Galáxia Vol. 2 e Thor: Ragnarok, ambos com estilística única e inédita.
Desde o início, a DC tem tomado uma abordagem diferente da Marvel. Enquanto essa se estabelecia com diretores menos custosos e acostumados com orçamento mais baixo, aquela traz diretores experientes, acostumados com blockbusters (à exceção de Patty Jenkins, que dirige Mulher Maravilha). A boca pequena pode até falar que a DC está procurando os nomes rejeitados pela concorrente (Whedon dirigiu os dois primeiros Vingadores e Jenkins foi procurada para dirigir Thor: O Mundo Sombrio), mas é inegável que se tratam de bons nomes, e qualquer franquia gostaria de tê-los consigo. Aliás, mesmo que diferentes nomes tenham sido trazidos a DC, os filmes continuam muito parecidos. Esquadrão Suicida pode ter sido dirigido por David Ayer, mas o estilo é tão semelhante ao de Batman V Superman, que parece um trabalho do Zack Snyder. Pelo que vimos de Mulher-Maravilha nos trailers, as várias sequências em slow motion mostram que continuamos presos aos gostos do Snyder.
Claro, para que se constitua um único universo, o estilo precisa se manter em certo padrão para que nada pareça tão alienado, mas, ultimamente, o que temos visto é que os filmes podem, sim, ter gêneros e tons diferenciados e mesmo assim coexistir como parte de um todo. O que se afirma não é que uma precise imitar a outra, mas alguma coisa há de ser feita, sob pena de arruinar o trabalho até então feito.
Novos Rostos Familiares
Nos últimos meses, a DC/Warner tem tomado alguns passos em uma direção promissora. Uma nova rodada de bons diretores tem se mostrado em negociações com a produtora para assumir os mais diversos projetos em andamento. Doug Liman foi abordado para comandar a adaptação de Liga da Justiça Sombria; claro, se Del Toro (nome cogitado anteriormente) fosse contratado, seria o casamento perfeito, no entanto, Liman tem um estilo brutal visto e A Identidade Bourne e redefiniu o sci-fi com No Limite do Amanhã. Assim, percebemos que é um profissional competente, que sabe organizar cenas de ação, concebe bons monstros (aliens, no caso), e possui bom timing cômico (dirigiu também Sr. e Sra. Smith).
Além disso, Matt Reeves foi oficialmente confirmado como diretor de The Batman enquanto existem muitos rumores de um acerto com Matthew Vaughn para dirigir Man of Steel 2. Reeves possui um talento que dispensa comentários, ficando em evidência com Cloverfield, mas confirmando suas habilidades nos grandiosos Planeta dos Macacos: O Confronto e Planeta dos Macacos: A Guerra (ainda em trailer, mas com grande promessa). Já Vaughn é grande conhecido de adaptações de graphic novels, sendo responsável por Kick-Ass e Kingsman: O Serviço Secreto, de sorte que mostrou um estilo bem original se comparado aos demais.
Assim, parece promissor o futuro da DC caso esses diretores mantenham seus bons trabalhos. Originalidade, coragem e estilo é o que falta até o momento para que a franquia decole definitivamente.
Por Que Whedon É O Nome Ideal Para Batgirl?
O anúncio do filme da Batgirl trouxe consigo, como diretor/escritor, o nome de Joss Whedon. Um acerto e tanto, na verdade. Dessa vez, ao invés de ter que gastar tempo de tela juntando super-heróis em um filme de equipe e gerenciar basicamente o futuro todo da franquia, Whedon será apenas mais um, com responsabilidade apenas com seu filme. Quando Whedon largou os Vingadores após a Era de Ultron, muitos pensaram que ele teria largado a direção de filmes de super-heróis, tamanha fora a desafença que ele teve com a limitação imposta pela Marvel Studios. Assim, considerando esse histórico, é de se presumir que a Warner tenha oferecido bastante liberdade criativa ao diretor para que ele tenha se deixado atrair novamente ao ramo super-heróico.
Claro, não vamos nos iludir e esperar a paleta colorida dOs Vingadores, mas, com certeza, não será sombrio como Batman V Superman. Basta ver o cânone que será adaptado: a Batgirl dos Novos 52. Conhecidamente a parte menos sombria do batverso, essa ramificação foi direcionada ao público mais jovem e feita com tons mais leves.
Whedon foi consagrado como diretor de Buffy: A Caça-Vampiros, e, mesmo sendo uma série teen, possui episódios emblemáticos como O Corpo e Hush. Portanto, caso o diretor consiga conciliar sua habilidade de cativar com o estilo jovem, ao ambiente mais maturo que a DC estabeleceu, o acréscimo será indubitavelmente bem recebido.
Além disso, Whedon é um dos melhores nomes há trabalhar com protagonistas femininas. Como já falado, basta olhar Buffy: A Caça-Vampiros para ver a beleza na construção de todas as personagens, não só da protagonista. Buffy, Willow, Tara e Anya eram personagens profundas, com grandes dilemas e forte protagonismo. Nos cinemas, seu serviço foi muito claro. A Viúva-Negra, após ser tristemente adaptada em Homem de Ferro 2, exerceu grande papel em ambos Os Vingadores, de sorte que os fãs anseiam por um filme solo da super-heroína.
Conclusão
Em suma, Whedon pode salvar o DCEU? Sim, mas não sozinho. Whedon pode salvar a franquia inteira trazendo novo oxigênio aos filmes. Caso a Warner saiba aproveitar o combustível que ele vai trazer às obras, dando mais liberdade aos novos nomes que estão surgindo, não há dúvidas que o DCEU será menos contestável do que é até o momento.
Como já dito, o segredo é casar equipe e filme corretamente. Joss Whedon não seria o nome correto para Liga da Justiça Sombria, por exemplo, mas não há nome melhor para Batgirl.
Se a franquia continuar com esses acertos, talvez, enfim, o comparativo MCU e DCEU possa fazer algum sentido…
Fonte: lrmonline.com