Crítica | Velozes e Furiosos 8

Franquia acerta em apostar no exagerado e é garantia de entretenimento fácil

Lucas Kalikowski
Catacrese
4 min readApr 18, 2017

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Dirigido por F. Gary Gray. Roteiro de Chris Morgan. Com: Vin Diesel, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, Ludacris, Scott Eastwood, Jason Statham, Nathalie Emmanuel, Elsa Pataky, Luke Evans, Kristofer Hivju, Kurt Russell, Helen Mirren e Charlize Theron.

O maior indício do amadurecimento é descobrir o papel que exercemos perante os outros. O mundo é assim, na vida e na arte. É inegável é que Velozes e Furiosos aprendeu com isso; o que começou como algo que se levava a sério, com agentes infiltrados e gangues de rua, descambou para a ação irrestrita e tramas internacionais. Claro, na verdade, o nicho do filme nunca foi sobre tramas autocontidas, mas sim estrambólicas e exageradas.

Na trama, Dominic Toretto (Vin Diesel) é chantageado por Cipher (Theron) a trair sua equipe e ajudá-la a roubar armas para que ela possa estabelecer uma nova ordem mundial — é sério! Assim, cabe aos seus amigos conterem o ímpeto criminoso (de novo) de Dom. Como diria Hobbs, Toretto just went rogue, com direito a pausa e olhares dramáticos.

Com o enredo simples de coração, o filme não demora muito para ir ao que interessa, a ação. Em uma crescente que vem se formando desde Velozes e Furiosos 4, o filme abraça o exagerado e o novelesco. Sempre com a família como o núcleo duro de suas ideologias, Toretto não pestaneja em criar o caos se for para manter aqueles que ele ama seguros. Claro, os pequenos pontos que criam a identidade da franquia ainda estão lá: a introdução com um racha, os planos-detalhe em bundas com mini-shortinhos e takes rápidos de marchas engatando e pés nos aceleradores.

É muito prazeroso ver as brincadeiras entre os pequenos grupos que se formam dentro da família Toretto. Roman e Tej, Hobbs e Deckard (Gibson e Ludacris, Johnson e Statham, respectivamente), são duas duplas dignas de filmes próprios, tamanha a química deles em cena. Assim, as cenas mais sombrias ficam por conta de Diesel e Charlize. Óbvio, não escapam dos chavões, clichês e frases de efeito, mas, mesmo assim, tentam dar certa profundidade a personagens que em essência deveriam ser tão cartunescos quanto os outros.

O diretor, F. Gary Gray, de longe não tem a competência de James Wan (Velozes e Furiosos 7) para o entretenimento, mas com um elenco que atua junto há tanto tempo e uma franquia com identidade tão estabelecida, não há muito a ser feito ou inovado, de sorte que o filme evolui basicamente no automático. As cenas de ação são realmente divertidas; para uma série que já teve carros de paraquedas, perseguições em túneis, em pontes, arrastando cofres gigantes ou de cabeça pra baixo, dessa vez somo levados às ruas engarrafadas e claustrofóbicas de Nova York. Garantia de batidas, capotagens e chuva de carros (sim, chuva de carros).

E se ainda há qualquer dúvida quanto ao entretenimento descabidamente absurdo do filme, pode-se descartá-la quando há uma perseguição envolvendo um submarino ou quando Hobbs desvia um míssil com suas mãos (!!!!).

Se a obra acerta no envolvimentos dos personagens e nas cenas de ação de perseguição, peca na insistência de suas gags. De fato, Roman é conhecido por ser o piadista do grupo, mas dessa vez exageraram em suas tiradas nada espontâneas e previsíveis. Há também uma cena de ação com Statham dentro de um avião que a piada é explorada em demasia, tornando-se cansativa e irritante.

Conformado e inspirado pela galhofa e autopiada, Velozes e Furiosos 8 resolve uma trilogia e dá início a outras tantas, ciente — felizmente — de que tudo pode (e deve) acontecer. Em uma entrevista, Vin Diesel afirmou que gostaria de ver os Furiosos no espaço. Por que não?

Nota: 5/6 (Muito Bom)

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