Friends From College — 1ª Temporada | Crítica

Com grande elenco em teoria, mas sem química alguma, nova série da Netflix demora para mostrar a que veio

Lucas Kalikowski
Catacrese
4 min readJul 20, 2017

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Criada por Francesca Delbanco e Nicholas Stoller. Dirigida por Nicholas Stoller. Roteiro por Tiffany Barrett. Com Keegan-Michael Key, Annie Parisse, Jae Suh Park, Fred Savage, Nat Faxon, Cobie Smulders, Billy Eichner, Greg Germann, Kate McKinnon, Seth Rogen, Chris Elliott.

Quando há grande expectativa em algum lançamento, por óbvio, existem o ônus e o bônus. Pois então, a Netflix anunciou sua nova série de comédia em que Keegan-Michael Key, Colbie Smulders e Fred Savage, o que causou furor entre os espectadores. Smulders, inclusive, chegou a comparar Friends From College com o já falecido How I Met Your Mother (eterno em nossos corações), dizendo que aquele seria uma versão dark desse. Pura galhofa.

Em oito breves episódios, o enredo mostra o reencontro de um grupo de amigos de Harvard, vinte anos depois de formados. Para dar a carga dramática, muito rapidamente somos expostos ao panorama geral: Ethan (Key) é casado com Lisa (Smulders), mas tem um caso com Annie (Parisse) que desabafa com Marianne (Park). Além disso, Lisa é ex-namorada de Nick (Faxon). Para finalizar, os melhores amigos, Ethan e Max (Savage), trabalham juntos e enfrentam o ciúme do marido de Max, Felix (Eichner).

Um dos elementos mais louváveis da série foi, em um núcleo tão pequeno — apenas seis amigos –, conseguir trazer tamanha diversidade e melhor, tal característica nunca é debatida, simplesmente está lá. Assim, justamente pelo fato de passar desapercebida do espectador, tal característica é excelente pela naturalidade mostrada. Enquanto em Friends e How I Met Your Mother o núcleo era formado brancos e héteros, aqui vemos que o mundo vai muito além dessas delimitações. Key é filho de pai negro e mãe branca, Park é coreana e Savage interpreta um homossexual (casado, para o desespero de muitos).

Infelizmente, a série sofre pelo grande frenesi causado por seu anúncio. O elenco, em teoria é muito bom, mas sofre para entrar em harmonia e se conectar com o público, o que só acontece em meados do sétimo episódio, penúltimo do primeiro ano. Mesmo assim, há muito menos comédia do que fora prometido, de modo que muitos dos risos são gerados pelo famoso sentimento de “rir de nervoso”. Na verdade, são Smulders e Savage aqueles que, individualmente, levam o trabalho até ele começar a evoluir sozinho. Com menos tempo de tela que Key e Parisse, os atores se esforçam em cada minuto que aparecem. Keegan foi muito mal utilizado como Ethan; como seu personagem é naturalmente egocêntrico e adúltero, já há um certo repúdio por parte do espectador, e ele, mesmo com seu carisma, não consegue superar tal barreira.

Outro elemento que não funciona é a dinâmica dos amigos como um grupo. À exceção do episódio dos vinhedos, todas as cenas de jantares e eventos com todos parecem cheias de estranhamento e desconfiança, o que não é natural para amigos de longa data. Contudo, quando estão em núcleos menores, as cenas são muito mais prazerosas e as gags bem mais fáceis de emplacar.

Com coadjuvantes talentosos, a série flui mais fácil quando um deles contracena. As aparições de Kate McKinnon, Seth Rogen e Chris Elliott são hilárias, mas é aí que se percebe a fragilidade dos personagens centrais pois são ofuscados por completo pelos atores convidados.

Devendo em tudo a que se propôs, Friends From College merece uma segunda temporada devido ao seu season finale promissor, mas existe muita coisa a ser trabalhada. Muita coisa boa pode vir na evolução e no amadurecimento da relação dos amigos. Infelizmente, a Netflix, tão bem sucedida em suas séries dramáticas, ainda engatinha na comédia. Faz falta uma sitcom como fora outrora Friends e How I Met Your Mother, com risadas de fundo, câmeras fixas e mise em scène facilmente decorado. E nem venham falar de The Ranch.

Nota: 3/5 (Regular)

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