Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | Crítica

Jack Sparrow está cansado em mais um bom filme da franquia que deveria ter terminado no terceiro longa

Lucas Kalikowski
Catacrese
4 min readMay 29, 2017

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Dirigido por Joachim Rønning e Espen Sandberg. Roteiro por Jeff Nathanson. Com Johnny Depp, Javier Bardem, Geoffrey Rush, Brenton Thwaites, Kaya Scodelario, Kevin McNally, David Wenham, Martin Klebba, Orlando Bloom, Keira Knightley, Paul McCartney.

Em meados de 2003, a Disney, que no momento passava por crise criativa e financeira, resolveu arriscar e lançar uma franquia que seria baseada em um brinquedo de seus parques. Surgiu, assim, Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra.

Sucesso absoluto de bilheteria, o primeiro filme, que teve grande investimento, garantiu uma sequência de dois filmes ainda mais megalomaníacos, O Baú da Morte e No Fim do Mundo. Todos alcançaram grandes bilheterias, mas era unanimidade que a franquia estava perdendo seu fôlego. Depois de um quarto filme pífio e sem eira nem beira (Navegando em Águas Misteriosas, em 2011), agora, quatorze anos após o primeiro, conhecemos A Vingança de Salazar apenas para confirmar o esmorecimento da franquia.

Dirigido por Joachim Rønning e Espen Sandberg, o filme foi feito como quem faz uma receita de bolo pronto. Não há espaços para arriscar ou inventar. Revisitando alguns elementos do primeiro filme, bem como aparando algumas arestas da primeira trilogia, temos um episódico e honesto filme de sessão da tarde. O inimigo dessa vez é o Capitão Salazar (Bardem), o qual é o primeiro declarado inimigo de Jack Sparrow (Depp), um capitão de barco fantasma que sai a caça do pirata bêbado. Assim, de forma simplista, somos reapresentados aos amigos antigos de filmes passados, bem como conhecemos os novos integrantes da trupe: Henry Turner (Thwaites), filho de Elizabeth e Will, e Carina Smyth (Kaya Scodelario), a astrônoma acusada de bruxaria.

O elenco age de forma automática, visto que é a quinta vez que vivem seus papéis. Entretanto, é visível o cansaço de todos na tela. Johnny Depp tem sua atuação mais desinspirada desde A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça; Geoffey Rush age como se todo take fosse uma penitência; Orlando Bloom e Keita Knightley estão lá apenas para preencher algumas lacunas, nada mais. Thwaites e Scodelario, os novatos, em nada acrescem; sem carisma, os momentos em tela deles são totalmente dispensáveis.

De repente, o único que realmente faz algum esforço é Bardem. Encarnando (se é que podemos dizer isso de um fantasma) Salazar, o ator convence com sua sede de vingança, mesmo com a explicação breve de sua origem. É inegável que Bardem é um dos melhores atores hoje.

As cenas de ação continuam espetaculares. Os grandes efeitos visuais, aliados à trilha sonora aventuresca e à ação mais contida, deixam o filme muito leve, que o aproxima dos primeiros filmes da franquia, com um clima de Indiana Jones ou a Lenda do Tesouro Perdido. Claro, há uma estrutura típica dos filmes de aventura, qual seja, a busca de um artefato (o Santo Graal). Seja em Piratas do Caribe, Indiana Jones ou a Lenda do Tesouro Perdido, o herói sempre sai em busca de um artefato poderoso que altera a realidade, mas que será usado de forma altruística.

Com um enredo previsível e boas cenas de ação, Piratas do Caribe não é mais o que foi um dia. Em uma época em que os filmes tentam se reinventar (e os filmes de super-herói são o maior exemplo disso), não há mais tanto espaço para mais do mesmo, onde nem há esforço sequer.

Que, pelo menos, se dediquem.

Nota: 4/6 (Bom)

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