Dicas de como organizar aprendizados de pesquisas

Gabriel Rubio
catalystwkp
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7 min readMar 2, 2021

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Esse artigo é para dar uma ajuda a pessoas que estão começando a construir o processo de aprendizado de seus produtos ou serviços ou que querem ver exemplos de como fazer isso. Passarei pelos seguintes tópicos durante o artigo:

  • Importância de organizar e consolidar aprendizados
  • Alguns tipos de pesquisas
  • Dicas de entrevistas
  • Exemplos de como montar roteiros e tirar Fatos a partir dele
  • E por fim, um exemplo de uso do Atomic Research

Importância de organizar e consolidar aprendizados

Antes de continuar, tenho duas perguntas para você caro leitor:

Como que você organiza e consolida os aprendizados das pesquisas em sua empresa ou projeto?

O que você faz depois do contato com os seus usuários e cliente? (seja por pesquisas com forms, testes com usuários ou outras coisas)

Quero conhecer mais o que o mercado está fazendo 😁

Bora lá!! Existem N motivos que justificam a importância de organizar e consolidar aprendizado, estou trazendo 3 fatores que sempre foram fortes para mim.

  • 1° fator: Alinhamento, ou seja, deixar claro para todo o time e outros stakeholders do projeto quais são os pontos mais importantes e sempre que necessário poder voltar neles.
  • 2° fator: Memória curta (rsrs), não esquecendo do que funciona e o que não funciona durante toda a jornada de desenvolvimento dos seus produtos e ou serviços.
  • 3° fator: Achar oportunidades, ou seja, com base nas conversas e informações extraídas do contato com os usuários e clientes, você conseguir enxergar as várias oportunidades de ação que são interessantes para melhorar a vida deles. E com isso tomar decisões de ação muito mais baseadas em dados e não em achismo.

Diferença entre tipos de pesquisa

Considerando as formas de como conseguir dados de usuário, seja dado de comportamento ou dados de opinião, podemos pensar em algumas metodologias bem conhecidas de mercado.

Não vou entrar em detalhe nos métodos, mas vou deixar uma ótima referência onde você pode encontrar mais conteúdo sobre:

Fonte: Artigo “When to Use Which User-Experience Research Methods” da Nielsen Norman Group

A Nielsen Norman Group traz no artigo “When to Use Which User-Experience Research Methods” vários métodos de User Research, dando dicas de como usar e quando usar cada uma delas. Pensando desde pesquisas de comportamento até pesquisas de opinião (crenças declaradas das pessoas), e em formatos qualitativos e quantitativos.

Daqui para frente vou focar em entrevistas para coletar informações qualitativas.

Boas práticas de entrevistas

Vou dividir em 3 partes as boas práticas, o que fazer para se preparar, o que fazer durante e o que fazer depois de uma entrevista com cliente ou usuário. São algumas dicas que já me ajudaram em algum momento da minha vida.

Antes (o que fazer para se preparar para uma entrevista)

  • Pense no que você quer descobrir e levante hipóteses, e logo após crie o seu roteiro. Isso ajuda a não criar perguntas que não vão ser aproveitadas ou que podem desviar o foco do que você quer aprender.
  • Testar com outras pessoas (do time). Realizar teste do roteiro é importante para ter uma noção do tempo que pode durar a entrevista e se todos os pontos estão sendo contemplados.
  • Treinar, treinar e treinar… O treino leva a perfeição e a entrevista é uma coisa que você aprende fazendo, então treine, converse com as pessoas e sempre tente melhorar o jeito que conduz ou participa de entrevistas.

Durante uma entrevista

  • Ter duas pessoas sempre ajuda muito! Uma conversando e criando empatia com a pessoa participante e a outra como sombra, apenas anotando o que o participante está dizendo.
  • Anotar tudo como as pessoas falam, isso pode ajudar mais para frente a achar padrões de “palavras chaves” no que as pessoas dizem.
  • Deixar sempre a pessoa falar mais, seja um bom ouvinte. É muito importante nesse momento tentar deixar as pessoas bem à vontade para falarem.
  • Não usar tantas perguntas de sim e não. Pergunte muitos “porquês” durante a conversa, isso ajuda a conversa ser mais natural e mais informativa para suas pesquisas.
  • Não tenha medo do silêncio. As pessoas tendem a querer preencher o silêncio com alguma coisa. Isso ajuda caso seu entrevistado seja muito fechado ou “direto ao ponto”, pausas silenciosas podem fazer a pessoa se abrir um pouco mais.
  • Pede autorização para gravar, a gravação pode ser útil para você mostrar para seu time que não pode participar, ou até mesmo você melhorar o como conduz uma entrevista.

Após a entrevista

  • Junte com a outra pessoa e revise para ver se não esqueceu de anotar nada que seja importante, isso enquanto a conversa ainda está fresca na cabeça.
  • Depois de consolidar os dados, aprenda com eles. 😬

Exemplos de como montar roteiros e tirar oportunidades

Vou deixar aqui um exemplo que tem sido bem útil para me preparar para entrevistas.

  1. Comece listando as hipóteses que você busca validar na primeira coluna de uma planilha.
  2. Crie perguntas que servem para validar ou invalidar suas hipóteses, na segunda coluna.
  3. Coloque as respostas dos participantes nas outras colunas, marcando de verde se validou e vermelho se invalidou suas hipóteses.

Em uma outra tabela coloque a consolidação dos resultados, coloque a quantidade de respostas que validaram e invalidaram suas hipóteses.

Após isso fica simples, caso o número de respostas que invalidam suas hipóteses seja maior que as que validaram, ela logo foi invalidada. (rsrsrs fácil)

E se empatar? ou ficar muito perto da quantidade de respostas que validam e invalidam suas hipóteses?

Volte nas respostas e tente entender o que aconteceu, algumas vezes pode ser que a forma que você montou sua pergunta não tenha sido tão clara, outras pode ser pelo público que você está conversando… não existe resposta pronta para isso, você deverá tentar achar a causa raiz para a alta variação nas respostas.

Atomic Research

Sobre o Atomic, existe muito conteúdo na internet então irei dar um breve exemplo para explicar como funciona e deixar uns links para você se aprofundar.

O Atomic Research trás a ideia de organizar os dados que você tem sobre um determinado contexto e estruturar de maneira a fazer o dado virar uma informação útil e se quiser uma ação sobre aquele dado.

Então, basicamente iremos encontrar padrões, estruturar o conhecimento e tomar alguma decisão baseada em evidências. (Vamos com o exemplo para facilitar rsrsrs)

Exemplo: Vamos pensar no seguinte contexto, queremos ajudar a melhorar a experiência dos professores dentro de uma determinada escola.

Imagine então que realizamos algumas entrevistas, mandamos algumas pesquisas por email e realizamos alguns testes A/B em uma plataforma que os professores usam.

1ª fase: Vamos organizar os fatos, pense em fatos como: “Tudo que os usuários falaram ou fizeram”. Exemplo, dentro das entrevistas descobrimos que “todos os professores daquela escola só trabalhavam lá” e que nas pesquisas de email 90% dos professores disseram que “pelo menos 1 hora por dia é dedicada a preparar aulas”.

Obs. Usamos as cores verde e vermelha, pois esses fatos validaram ou invalidaram hipóteses nossas, então as cores serviram como feedback para o processo, fique livre para usar cores do jeito que melhor encaixar para você.

2ª fase: Transformaremos os fatos em Insights, pensando na seguinte pergunta: “O que esse fato me fez pensar?” ou “Por que isso acontece?”. Exemplo, se um professor dá aula em apenas 1 escola ele tende a passar o dia todo dentro de uma única escola e se 90% dos professores dedicam 1 hora por dia para preparar suas aulas, isso pode significar que todo dia vai ter um momento em que o professor vai querer ficar focado para isso.

3ª fase: Vamos transformar os insights que tivemos em oportunidades com a pergunta “A partir desse insight, o que temos que fazer então?”. No nosso exemplo, já que o professor fica o dia todo na escola e precisa de 1 hora para preparar sua aula de maneira focada, podemos então permitir que o professor reserve uma sala para o ficar sozinho durante 1 hora por dia.

4ª fase: Com as oportunidades listadas podemos priorizar para ver quais são as mais impactantes e com menor esforço e quebrá-las em ações para podermos testar e aprender com elas.

Com isso temos um ciclo completo onde organizamos os fatos, agrupamos e geramos insights e por fim criamos ações de oportunidade priorizadas. Isso nos permite realizar testes e aprender de maneira orientada a dados durante todo o processo.

Espero ter ajudado a dar ideias para seu processo de aprendizado, caso queira conversar mais sobre esse e outros assuntos pode me chamar e caso já tenha usado alguns desses processo me conte como foi e o que aprendeu usando eles.

Fontes

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Gabriel Rubio
catalystwkp

Amante de jogos de tabuleiro e cozinhar. Product Growth Manager na Octadesk. Bora conversar sobre Empreendedorismo, Produto, growth e inovação….?