Muito além da tecnologia: O que aprendemos no Startup Summit 2018

Catarinas Design
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12 min readJul 16, 2018

Durante os dias 12 e 13 de julho, foi promovido pelo Sebrae em Florianópolis o primeiro Startup Summit, evento que reuniu todo o ecossistema de tecnologia do Brasil em Santa Catarina. Nós, da Catarinas Design, fomos conferir e tivemos o prazer de aprender com uma galera engajada e com vontade de compartilhar conhecimento nesses dois dias bem agitados. A Priscilla Albuquerque também representou a Cats, falando sobre a cultura de UX em Startups.

O Startup Summit foi incrível! Muito conhecimento técnico sobre inovação, mas também, muito voltado para pessoas e cultura como forma de gestão. Foi interessante perceber que, mesmo em um universo de peculiaridades como o das startups, muito do que foi falado pode ser ressignificado para o dia-a-dia de UX. Aprendemos sobre métricas para o sucesso, internalizamos muitas lições de aprendizado, direcionamos ainda mais nossos olhos para as pessoas, pensando em como elas se sentem e performam e nos inspiramos com os cases apresentados. Saímos deste evento, principalmente, com duas certezas:

  1. O mundo mudou, as pessoas (e consumidores) de amanhã terão necessidades e exigências completamente diferentes das nossas, e precisamos estar de olho no futuro para atendê-las!
  2. Lutar por um propósito comum faz as pessoas em sua empresa mais felizes e o mecanismo mais eficiente, um universo onde todos ganham!

Nesse artigo trazemos algumas das falas que mais nos marcaram e o que aprendemos com elas.

Escalando uma máquina de crescimento Saas

Eric Santos (Resultados Digitais)

Eric nos deu uma aula sobre como uma empresa de sucesso erra e acerta simultaneamente e está em constante processo de autoreconhecimento. Ele nos contou sobre os erros e aprendizados nesses anos de Resultados Digitais, classificando alguns aspectos como Marketing, Revenue, Produto, Gestão, Pessoas e nos contando o que foi Great, Good, Bad e Ugly para ele. Tanto essa como várias outras palestras trazem o tema da inteligência emocional como premissa para gerenciar bem o negócio.

“Keep calm and scale up”

O que mais marca em palestras como essas são aquelas lições e dicas que podemos levar pra casa, então, destacamos aquelas que nos chamaram mais atenção para auxiliar no sucesso de qualquer startup/negócio:

  • Todas as áreas precisam estar muito bem alinhadas, caso contrário, podem atrasar a evolução ou adiar mudanças importantes;
  • É muito importante levar o design a sério, uma boa experiência tem a capacidade de aumentar o LTV (lifetime value) dos seus clientes;
  • Parcerias contam muito nos dias de hoje dependendo de seu modelo de negócio. Ajudar outras pessoas faz com que você vá mais longe, então, invista esforços para ganhar em conjunto e movimentar o mercado;
  • Domine o seu produto: No caso da RD, eles mesmos são usuários, o que o Eric acredita ser um fator chave para melhoria constante. Mas de qualquer forma é melhor ter certeza de que está fazendo todo o possível para conhecer seu usuário a as dores que eles enfrentam com seus produtos e serviços (e também fora dele) para encontrar soluções rapidamente;
  • Invista em pessoas com alto potencial. Forneça as ferramentas necessárias para o aprendizado, as capacite como líderes, ofereça oportunidades de crescimento e uma cultura forte que os engaje, pessoas são fator determinante para a evolução;
  • Cuide muito do seu equilíbrio, pois a vida de empreendedor é uma montanha russa. Se prepare fisicamente e mentalmente para esta jornada.

“Empreendedorismo é o que podemos fazer de melhor para ajudar nosso país!!”

O fim do vendedor como artista

Théo Orosco (Exact Sales)

A palestra de Theo mostrou um pouco de sua trajetória e quais os aprendizados ele absorveu sobre vendas, pessoas e tecnologia.

“Venda não é uma arte. Venda tem a ver com chão de fábrica”

Ele ressaltou a importância de cada segmento do negócio fazer sua parte bem feita e nos mostrou 10 lições que aprendeu:

  1. O financeiro deve mandar nas suas vendas, você precisa ter uma visão bem clara do quanto é necessário lucrar;
  2. Especialidades te fazem evoluir mais rápido e chegar mais facilmente onde deseja;
  3. Coloque o cliente no centro do processo;
  4. O impacto é maior quanto você melhora e segmenta suas vendas. Quanto mais perto do fim do funil você investir, maior é o retorno;
  5. Trabalhe com Spin Selling. Conversas precisam ser focados no que a pessoa está dizendo e na necessidade que ela tem;
  6. Não realize avaliações banais. Avalie um cliente pelo seus fatores técnicos, analisando suas dores e compreendendo em que situação está no momento;
  7. Foco e consistência são a base de um bom pré-venda;
  8. Pilote o avião! Definir uma estratégia para o sucesso da venda é essencial, tenha atitude e conduza o cliente ao fechamento marcando sempre o próximo passo, não deixando pontas soltas;
  9. Use a persuasão e defina o comportamento de compra do seu cliente para conquista-lo.
  10. O comportamento do vendedor é a base do sucesso da empresa.

“A última experiência é a que fica!

Uma espiada no futuro

Marcos Piangers

Que Piangers é um showman todos nós sabemos! A palestra foi muito divertida com várias sátiras e interação com o público, mas, principalmente, nos fez pensar sobre a relação entre o velho e o novo. As exigências das pessoas, em um futuro bem próximo, faz mudar a forma com que nos relacionamos com produtos e serviços. Aliás, já tem mudado!

“O novo que é bom!”

Segundo Piangers, o novo que está por vir (ou já está vindo) é fantástico e só temos a ganhar com novas tecnologias mais assistivas e democráticas.

A cultura de UX em startups

Priscilla Albuquerque (Catarinas Design)

Priscilla, sócia fundadora da Catarinas Design, trouxe uma visão bem legal sobre a importância da implementação da cultura de UX dentro de empresas e quais fases são percebidas quando falamos de maturidade em UX. A sua fala foi dividida em 3 momentos: a importância da área de UX, o que é cultura e níveis de maturidade de UX de uma empresa e dicas de como evoluir de um nível para o outro.

“Cultura são as crenças compartilhadas que formam um identidade específica”

Foi muito interessante a forma com que ela trouxe o conceito de cultura (e o contraponto entre cultura e crença) e as formas possivelmente mais eficientes de implementar e manter uma cultura. Os níveis/fases citados foram:

  1. Ignorado: Quando a empresa ainda não conhece nem entende a importância;
  2. Discutindo: Começam a falar sobre o assunto, mas a visão do usuário ainda vem do dev;
  3. Aderindo: Já tem um profissional e começam a escutar os usuários, mas ainda sem muitos processos ou orçamento definidos;
  4. Realizando: Processos mais definidos, liderança em UX, e implementação/acompanhamento de métricas;
  5. Distribuído: A cultura está em todas as áreas e todos escutam o usuário para tomada de decisões.

Pessoas e cultura na startup da real

André Krummenauer (Involves), Emília Chagas (Contentools) / Mediador Leandro Benincá (Grana is Cool)

Painel que trouxe uma visão real da cultura de startup, a forma com que as pessoas se sentem nos espaços onde trabalham e quais as práticas de gestão das startups participantes do painel. Tanto André quanto Emília falaram muito sobre a importância do erro para seguir no caminho certo e de revisitar os processos internos para compreender e validar se a cultura do lugar ainda está sendo respeitada.

“Única certeza que temos é que nós vamos errar!”

Foi muito pertinente e interessante a forma como eles abordaram a relação empresa/colaborador, trazendo a ideia de que as pessoas estão em primeiro lugar, seguidas do processo e da tecnologia. Para eles, rituais para iterar colaboradores são importantes, mas tão importante quanto isso é o processo de identificação do colaborador que se encaixa na cultura, a partir de um job description bem definido:

  1. Compartilha dos valores da empresa
  2. Entrega o que é esperado
  3. Objetivo de vida alinhado ao objetivo da empresa

Ainda foi interessante ouvir sobre como eles agem quando a pessoa não está se encaixando, tentando compreender seu momento de vida e, muitas vezes, a realocando para times nas quais o fit é maior.

A inovação corporativa começa pelo RH?

Ana Buchain (B3) , Clarisse Farias Gomes (Andrade Gutierrez) e Pompeo Scola (Pisco.help) / Mediador Ug de Souza Cobra

Outro painel muito bom que nos trouxe uma visão mais holística da área de gestão de pessoas como incentivadora da inovação. Ana, Clarisse e Pompeo compartilharam com a gente algumas dicas e processos que aplicaram nas suas gestões, bem como reforçaram a ideia de que RH tem uma ligação muito forte com inovação e criatividade. Para eles, é necessário e imprescindível promover ações que provoquem nas pessoas o desejo pelo novo, estimulando-as a saírem do piloto automático e se engajarem. Da mesma forma ressaltaram que a mudança de postura de uma empresa deve ser de dentro pra fora, fixando a cultura com práticas que motivam as pessoas a estarem na mesma sintonia que a empresa.

“A gente só muda se a mudança fizer sentido pra gente”

Pompeo ainda citou o caso de mudança da cultura na Buscapé, qual fez parte, ressaltando a importância do pertencimento para que o colaborador se sinta parte relevante da empresa. Ele explica que para isso acontecer, é necessário analisar o que pode fazer a diferença para as pessoas que trabalham na empresa e, assim, oferecer um ambiente e uma cultura da qual elas se sintam parte. Fator comum que ressalta novamente a importância das pessoas na evolução de uma empresa, afinal é disso que são formadas.

Perguntar para escutar. Escutar para mudar.

O perfil psicológico influenciando o sucesso ou fracasso das startups

Pompeo Scola (Psico.Help)

Com Pompeo, entendemos (e amamos isso ❤) o quanto ter pessoas com centro de personalidade predominantes diferentes otimiza as chances de sucesso de uma startup.

Ele trabalha com 3 centros/tipos de personalidade como base:

Perfil Motor, a pessoa que puxa a frente das coisas rumo a finalização. Nem sempre nos detalhes, nem sempre de forma organizada, mas é uma pessoa que foca na entrega e por isso costuma ser essencial para cargos como CEO.

Perfil Cognitivo, pessoas muito pensantes, que sempre ponderam e analisam bem o que irão fazer, o que estão fazendo e as coisas a sua volta. São racionais em sua camada mais superficial, sendo bastante questionadoras. Elas podem ser mais introvertidas e não se sentirem tão confortáveis com contatos mais íntimos como abraços, por exemplo.

Perfil Emocional, são as pessoas que tem os sentimentos mais a flor da pele. Normalmente são pessoas que irão se importar muito com os colegas e com o que estão fazendo, e sempre irão trazer o fator humano á tona para tomar decisões. Isto significa que podem ser pessoas que irão se esforçar para melhorar os ambientes internos para todos que trabalham na empresa.

Pompeo também nos ensinou que nossos centros são muito desenvolvidos no começo da vida, que não conseguimos mudar a essência dos nossos centros, mas que podemos treinar para trazer outras tipologias á tona em determinados momentos. Para Pompeo é importante que, quando existem esses 3 perfis trabalhando juntos, criem-se ritos que permitam a conexão e o diálogo entre eles.

*Sobre os tipos de personalidade, temos alguns estudos e definições mais abrangentes, como a de Carl Jung, que define 16 tipos, e o Eneagrama de personalidade, criado e adaptado por diversos estudiosos ao longo dos anos, que são ótimas fontes para quem gosta de entender sobre o comportamento humano.

A escalada rumo ao crescimento

Vinicius Roveda (ContaAzul)

Vinicius, CEO da Conta Azul, nos contou um pouquinho sobre a empresa e, durante toda sua fala, ressaltou a importância de definir e alinhar o propósito com as pessoas que trabalham juntas. Sua fala foi dividida em o que ele aprendeu como CEO/founder e também sobre gestão de pessoas.

“Viva seu propósito”

Para ele, o CEO/founder precisa ter um espírito líder, conseguindo aprender rápido e comunicar de forma clara a visão e propósito da empresa. Ser CEO é uma maratona por isso é necessário a paciência e capacidade de aprender, decidir e se adaptar de forma rápida.

Na gestão de pessoas, comentou sobre a importância de definir a cultura da empresa, trazendo uma melhor performance, bem como transformar os valores em atitudes. Para ele, é essencial saber o que se espera das pessoas, mas da mesma forma treiná-las para que consigam tomar decisões e atitudes coerentes com a cultura em momentos difíceis.

O segredo da Movile

Andreas Blazoudakis (Movile)

A palestra do Andreas Blazoudakis foi inspiradora! Ele começou nos dizendo que a estratégia não é um segredo, pois todos estamos correndo para o mesmo lugar, mas que o que faz diferença é a tática usada para “vencer a guerra”.

“Ninguém faz nada sozinho”

Andreas ressaltou a importância do mercado de tecnologia brasileiro se inspirar não apenas no Vale do Silício, mas também, e principalmente, na China. Segundo ele, estamos vivendo na chat era, na qual tudo funciona quase que instantaneamente: basta apertar em um botão e o uber vem nos buscar, por exemplo. Esse novo cenário vai deixar insustentável a espera de 3 dias por um produto, pois os futuros consumidores (não tão futuros assim) vão exigir cada vez mais um modelo instantâneo de entrega.

É perceptível para ele uma tendência do mercado se tornar O2O, ou seja, ter um modelo online (e-commerce) e offline (distribuídores) que trabalham de forma colaborativa e simultânea. Um ponto muito relevante como parte da receita de sucesso de uma empresa é o mix cultural global: se inspirar na China, se espelhar no Vale do Silício e fazer na América Latina.

Lições de gestão de uma empresa estabelecida

Sílvia Folster (Cianet)

Sílvia nos falou muito sobre propósito e compartilhou com a gente lições de gestão com base na sua experiência como CEO em uma empresa já estabelecida no mercado que sentiu a necessidade de criar uma Startup interna para inovar processos.

Alguns pontos muito interessantes foram citados na sua palestra:

  • É necessário entender todas as áreas do negócio: listar competências a serem desenvolvidas por ordem de importância, desenvolvê-las ou contratar quem saiba fazer;
  • Pessoas fazem a diferença: processo muito bem definido que consiga identificar pessoas que tem os mesmos propósitos. As pessoas hoje não querem apenas um cargo, querem trabalhar com o que faz sentido para elas;
  • Reconhecer e recompensar: mostrar para o colaborador a importância dele na empresa, criando uma sensação de pertencimento;
  • Desapegar: desistir (jogar fora!) ideias que não estão dando certo, por melhor que elas pareçam. É importante ter um perfil mutante, tendo a capacidade de olhar para dentro e reavaliar os processos.

“O caminho nos ensina a caminhar”

Vencendo Tubarões

Camila Farani (Shark Tank Brasil)

Sem dúvida, esse foi um dos momentos mais esperados pela galera do evento. Camila Farani é investidora e uma das juradas/investidoras do reality show Shark Tank Brasil. Com bom humor, Camila nos falou muito sobre estratégia e ressaltou a importância da negociação. Para ela, negociar consigo mesmo é o primeiro passo para estar aberto as demais negociações e, por isso, precisamos criar ferramentas para nos tornamos sempre melhores.

Segundo Camila, bons investidores não investem em empresas, “investem em gente”, precisando compreender quem é o empreendedor com quem está negociando. Dinheiro não é o fim, é o meio! Camila ainda salientou a necessidade de praticar técnicas para se manter mais calmo, bem como uma forma personalizada de falar com as pessoas, adaptando o discurso conforme necessário.

Precisamos estar sempre atentos, o mundo muda muito e a todo instante. Eventos como este nos trazem experiências e aprendizados sobre as revoluções que vem acontecendo constantemente e que podem passar desapercebidas. Aprendizados são sempre bem vindos, e é muito bom ter a oportunidade de ouvir grandes profissionais falando sobre erros e acertos durante sua trajetória, nos mostrando que todos temos potencial para fazer a diferença.

Sem dúvidas, saímos do Startup Summit renovadas e prontas para novos desafios, e esperamos estar presentes na próxima edição!

. Texto escrito por Josi Raquel Echeverria e Mariana Leite de Almeida

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Medium da equipe de projetos/criação da Catarinas, empresa focada em UX, tendo como propósitos vestir a camisa do cliente e resolver problemas.