9 lições da Feira do Livro de Frankfurt

Raíssa Pena
Catarse
Published in
4 min readNov 1, 2018

Este mês de outubro, entre os dias 10 e 14, fui pela primeira vez à Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, e fiquei de queixo caído. Estive por lá em missão dupla: representando o Catarse, como Diretora de Publicações da plataforma, e como ganhadora do prêmio Jovens Talentos da Indústria do Livro. O objetivo em comum era aprender todo o possível na 70ª edição do maior evento livreiro do mundo e buscar projetos de publicações que pudéssemos ajudar por meio do Catarse. O evento reuniu 7.500 editoras de 110 países e foi aberto por um discurso feminista da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Coisa linda.

Compartilho com vocês 9 coisas que aprendi por lá:

Recepção para os Young Talents de vários países: Francesca Cavallo (ao centro, de terninho laranja), eu (de lenço bege) e Diana Passy, da Cia. das Letras (de óculos brancos)

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O primeiro dia já rendeu um dos melhores momentos para mim: uma recepção para os "Young Talents" da indústria do livro premiados em seus próprios países. Como uma das vencedoras do prêmio no Brasil (beijo, Publish News!), pude conhecer muita gente incrível. Uma delas foi Francesca Cavallo, co-autora do sucesso Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes — o maior case de crowdfunding para publicações do mundo. Ela disse que o sucesso do projeto se deve basicamente a dois fatores: a) a forte presença das autoras no front da campanha (conversando com os apoiadores, falando em vídeos, fotos e textos sobre o que as motivou a produzir o livro); e b) o perfil empreendedor das duas (Francesca e Elena Favilli são — além de autoras — profissionais que se dedicam muito a pensar gestão, viabilidade financeira, estratégias de marketing, melhores formas de distribuição e várias etapas com as quais os escritores de antigamente não tinham que se preocupar. Resumindo: tem que ter sangue no olho.

Uma curiosidade de quem vive e respira crowdfunding:
Rodrigo Machado e Thiago Maia são irmãos e dois dos cofundadores do Catarse. Faz um tempo, o Thiago, que é surfista, foi viver na Austrália para ter altas ondas no quintal de casa. Adivinha qual o livrinho que o Rodrigo deu de presente para sua sobrinha, a pequena Malu? Dica: a surfista brasileira de ondas grandes, Maya Gabeira, é uma das garotas rebeldes retratadas.

Malu, filhinha do Thiago, nosso Diretor de Produto, com o livro de Francesca Cavallo e Elena Favilli.

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Em alemão, messe significa feira. Feira do Livro de Frankfurt é, portanto, a Frankfurt Buchmesse (pronuncia-se algo como "burr-mésse").

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A Câmara Brasileira do Livro concedeu ao Catarse um espaço no estande Brazilian Publishers. Além de reunir mais de vinte importantes editoras brasileiras, o espaço teve um happy hour bem animado na quinta-feira (11/10). No meu mini estande, recebi visitantes de vários países interessados em saber mais sobre crowdfunding para livros, mostrei alguns títulos financiados pelo Catarse e na sexta-feira (12/10) fiz reuniões com algumas editoras nacionais que pretendem lançar campanhas em breve. Aprendizado: a cerveja estava melhor que a caipirinha (por motivos de Alemanha).

Cantinho feminista no estande Independent Publishers Reading Island

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Vá de tênis. Todos os dias.

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Feminismo é um tema que tem aquecido o mercado do livro em vários países mas, na maioria das vezes, ainda mora na prateleira de publicações independentes. Literalmente. Torço para que seja um gênero que ganhe espaço de maneira tão oficial que se torne irreversível. #girlpower

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Uma editora alemã chamada Lichtblau-Verlag também usa o crowdfunding para financiar alguns títulos, mas por meio de uma espécie de competição: autores pré-selecionados que tiverem melhor desempenho em suas campanhas são publicados ao final do prazo do "concurso".

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Uma russa me contou que o mercado editorial por lá está ótimo e que as editoras não vivem no vermelho. Is this real life?

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Existe uma editora italiana chamada Crowdbooks, especializada em livros de fotografia e arte financiados coletivamente. Bati um papo com o fundador, Stefano Bianchi, que contou que o mercado editorial da Itália vive problemas semelhantes aos nossos (sistema de consignação, relação complicada entre editoras e distribuidores). Stefano já conhecia o Catarse de suas pesquisas sobre crowdfunding pelo mundo (❤) e pi-rou quando mostrei a campanha 2001: Uma Odisseia no Espaço, da editora Aleph.

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Cartões de visita de papel ainda estão na moda. E eu acho ótimo.
Afinal, quem sou eu pra falar que papel é ultrapassado, né? ❤

Se você curtiu esse relato, me conte batendo palma no ícone da mãozinha.
Se deseja entender melhor como o crowdfunding pode ajudar você e sua editora/publicação,
acesse o Catarse e saiba mais

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