As três faces da Vida
Uma experiência imersiva na Sala Vida, parte da exposição “Sempre fomos modernos”, em cartaz no Museu de Arte da UFC.
A sala Vida integra a exposição “Sempre fomos modernos” que está em cartaz até o dia 29 de Julho. O intuito da exposição é interligar a palavra (logo) com a imagem (ícone). Localizada no último salão de exposições do MAUC, a Sala Vida traz um acervo em pinturas, guaches, desenhos, esculturas em barro e com obras de renomados artistas como Massimo Campigli (1895–1971), Jean Pierre Chabloz (1910–1984), Floriano Teixeira (1923–2000), entre outros. Nela, podemos vivenciar a visão de vida das mais diferentes formas, com concepções e vivências únicas de cada obra, portanto, queremos convidar você a conhecer a exposição por diferentes lentes, imergindo em vivências multimodais que vão colaborar com a sua experiência incrível.
Processo Imersivo
A proposta de experiência é imergir nas obras de uma forma mais sensorial. Através do audiovisual, podemos interagir com as telas como se estivessemos vivenciando o momento, o espaço, a história, o processo criativo. Coloque os seus fones e viva!
Lente Cidade
Por Antonio Henrique
Uma cidade é uma área urbanizada, que se diferencia de vilas e outros espaços urbanos através de vários critérios como população e infraestrutura. Na Sala Vida, podemos ver como artistas trouxeram suas concepções e visões de cidade em diferentes épocas. Para exemplificar temos a pintura em óleo que Arnaldo Brito, artista plástico brasileiro, produziu. A obra “Praça da Sé” , sem identificação de data, remete ao cotidiano de quem frequentava aquele ambiente e o tornava bem movimentado e cheio de curiosidades.
Imergindo ainda na lente cidade, podemos citar outra obra marcante na exposição. Uma pintura a óleo de José Fernandes (1927–2010), artista plástico cearense de grande prestígio no nosso estado e país. A obra “Rua Guilherme Rocha”, sem identificação de data, traz o cotidiano de um dia chuvoso em um lugar ainda não povoado pelas grandes transformações urbanas.
Lente Festa
Por Raquel Silva
Uma das grandes possibilidades de conexão, cultura e formação da comunidade é a festa. Festa se dá por um dia de comemoração, um gesto ou demonstração de um sentimento de ternura ou de afeto. Através dela, celebramos algo que se tornou parte de nós, do que somos e do que acreditamos. Na Sala Vida, percebemos a desenvoltura destes conceitos, utilizando cultura do Norte e Nordeste como representação da brasilidade, principalmente relacionada ao nosso folclore.
O bumba meu boi é uma festividade que surgiu no Nordeste, em um período do século XVIII. Nessa época, o gado era de extrema importância na economia local. Além disso, o boi é um animal com diferentes simbologias na história, contribuindo para o seu protagonismo no folclore regional. Assim, Carmelita Fontenelle (1930–2020) destaca a imponência do boi trabalhada na festa na obra “Bumba-meuboi 2”, além de destacar também a predominância dos negros na cultura e representando a importância da história da festa e da comunidade.
Outra grande obra que envolve todo este mês junino é o de Nogueira (1941–2009), representando cada singularidade e cada peça da cultura das festividades juninas, como as quadrilhas, o noivado, as brincadeiras e comidas típicas. Isso faz com que acessemos a fundo a representatividade da cultura brasileira como uma forma de pertencimento e celebração, tornando — como o próprio nome da obra diz — uma “Festa Popular”.
Lente Cotidiano
Por Sara Melo
Complementando as três faces da vida temos o Cotidiano, que diz respeito ao nosso dia a dia, a nossa rotina, as nossas convivências, as nossas relações, aos nossos sentimentos, e tudo aquilo que nos fazem ser quem somos e vivermos um dia após o outro.
A trama do cotidiano é tecida a partir das muitas obras expostas na sala, com destaque para a série “Namorados” (1965) de Zoravia Bettiol. “Jardim Encantado” (1965) remete a pureza e a alegria genuína da infância, remete aquele local do primeiro beijo e dos afetos que sentimos, ainda que não saibamos nominá-los.
A imagem é repleta de cores e elementos que trazem a sensação de encantamento, com suas flores, aves, ramos, a menina desenhada de forma feliz e toda a composição de formas junto ao fundo, além do texto inserido em grande destaque que diz: “Ela se chama amor”.
Ela se chama amor
Repleta de cor
Feita de flor
Se faz presente onde for
Vestido branco
Cabelos vermelhos
A leveza da menina
Traz paz e alegria
Um jardim encantado
Para aqueles apaixonados
Que querem ser
Eternos namorados
Por Sara Melo
Todas essas lentes direcionam a um conceito: viver a vida. Seja na rotina do dia a dia, seja celebrando a cultura do que forma a comunidade. Essas obras e muitas outras disponíveis na Sala Vida mostram que viver vai além de apenas existir, mas sim um conjunto de hábitos que nos tornam quem somos e do que somos capazes.
Esse é um convite a viver essa experiência. Visite essa sala no Museu de Arte e Cultura da UFC e se encontre nas diversas facetas da vida.
Referências
ZORAVIA BETTIOL (Autor). In: WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Zoravia_Bettiol
BENACHIO, Ana Laura. Jardim Encantado I. Pinacoteca Barão de Santo Ângelo: Acervo Artístico, Rio Grande do Sul, 2014. Coleções, Acervo Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Disponível em: https://www.ufrgs.br/acervopbsa/acervo-do-instituto-de-artes-ufrgs/jardim-encantado-i-serie-namorados-2/
GUTTIÉRREZ, Angela Maria Rossas Mota de. Exposição 2004.04 — Retrospectiva — José Fernandes — 29/06/2004. Museu de Arte da UFC — Mauc, Fortaleza, 29 de junho de 2004. Exposições Realizadas. Disponível em: https://mauc.ufc.br/pt/exposicoes-realizadas/exposicao-2004-04-retrospectiva-jose-fernandes-29-06-2004/
NETTO, Raymundo. J. Fernandes, um dos maiores pintores do nosso Ceará, encantou-se. AlmanaCULTURA, Fortaleza, 11 de Dezembro de 2010. Disponível em: http://raymundo-netto.blogspot.com/2010/12/j-fernandes-um-dos-maiores-pintores-de.html?m=1
Créditos
Pesquisa e produção — Lente Cidade: Antonio Henrique Leandro de Souza
Pesquisa e produção — Lente Festa: Raquel de Jesus Silva
Pesquisa e produção — Lente Cotidiano: Sara Matos Melo