Eu (não) sou uma farsa?

Minhas experiências com a Síndrome do Impostor.

Redação para Mídias Digitais
Catorze Trinta Ed.6
3 min readDec 12, 2022

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Elogios, para a grande maioria, são coisas boas de ouvir. Mas para mim, pareciam ser meras enganações. Não que os outros estariam mentindo para mim, mas era eu a verdadeira farsa, a fraude, o impostor.

Colagem autoral

Me descobrindo como um impostor

Em meu período colegial, era constantemente considerado o “aluno exemplar” da sala por ter notas altas e conseguir me sair bem nas atividades escolares. Mas na minha cabeça, esses resultados vinham de algum tipo de “trapaça” ou de pura sorte e não por minhas próprias capacidades. Por vezes tinha o pensamento de que outros colegas meus é que mereceriam o reconhecimento. Eram comparações involuntárias que faziam com que eu subestimasse minhas habilidades, competências e inteligências enquanto superestimava tudo isso nos outros. Assim, mesmo quando conquistava algo de relevância, a tendência era de dizer que “talvez foi apenas sorte”.

Em algum momento da minha juventude descobri que esse tipo de pensamento tem um nome: síndrome do impostor. Ao ler mais do assunto fiquei perplexo pois me identificava em cada descrição e relato da síndrome. Eu não estava sozinho. A partir disso, vieram as auto reflexões e diversas coisas começaram a fazer sentido. Coisas como perfeccionismo, procrastinação e sobrecarga de trabalho eram problemas que considerava como questões separadas, mas estão diretamente ligadas. Reconhecer essa condição em mim foi o estímulo para começar a enfrentar os pensamentos negativos que vinham.

Conquistas, medo e autossabotagem

Embora não seja considerado um transtorno psicológico, não é difícil imaginar como isso pode ser prejudicial à saúde mental de uma pessoa. A questão principal na síndrome do impostor é que ela não te impede de alcançar determinado objetivo. Pelo contrário, ela pode ser usada como combustível que é alimentado pelo pensamento de “eles não podem descobrir que sou uma fraude”. Quando os resultados positivos aparecem, a sensação é que damos mais crédito ao “esforço para enganar”, ao invés das nossas próprias capacidades. Isso gera um ciclo vicioso que distorce a nossa percepção de nós mesmos cada vez mais, desencadeando transtornos de ansiedade, burnout, distúrbios no sono ou quadros de depressão.

Voltando para as minhas experiências pessoais, gostaria de dizer que isso passou após o tempo da escola, mas esse não foi o caso. No ambiente profissional e acadêmico que estou inserido, a sensação de que eu não era bom o suficiente fez com que oportunidades fossem perdidas. Estágios, bolsas, trabalhos e projetos freelancer. Grande parte dessas oportunidades perdidas devido a autossabotagem. Isto é, a criação de barreiras fantasiosas e empecilhos irrelevantes pelo simples medo de não atender as expectativas.

E como tenho lidado com isso?

Acredito que ainda não superei plenamente a síndrome do impostor. Eventualmente esses pensamentos vêm à mente de uma forma ou de outra. Contudo, existem formas de mitigar e lidar com esses sentimentos. Ter conhecimento de si mesmo é o primeiro passo. Saber seus reais pontos fortes e fracos, suas qualidades e defeitos, suas capacidades e limites. Preparei um infográfico mostrando algumas ações práticas que venho tentando colocar na minha vida. Confira navegando abaixo:

Sobre o autor

Renato de Figueiredo, 21 anos, estudante de Sistemas e Mídias Digitais. Amo quebrar a cabeça com puzzles e desafios. Sempre curioso em aprender um pouco de tudo. Contato: renato.fig@alu.ufc.br.

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Redação para Mídias Digitais
Catorze Trinta Ed.6

Perfil da turma da disciplina de Redação para Mídias Digitais 2019.1 do curso de Sistemas e Mídias Digitais da UFC.