Jornada do amadurecimento

Redação para Mídias Digitais
Catorze Trinta Ed.6
5 min readDec 17, 2022

Saúde mental é um tema que pouco esteve nos meus pensamentos conscientemente, durante esses 22 anos de vida ainda tenho dúvidas se tardei a adquirir a capacidade de me questionar de maneira profunda sobre as coisa mais básicas e cotidianas até as mais complexas e importantes. Esse ano, após me cansar de alguns sentimentos ruins como insegurança e atraso ecoarem na minha cabeça como em um corredor infinito, decidi começar a fazer psicoterapia, e com a ajuda do meu psicólogo e a vontade de dominar minha mente em vez de deixa-lá me dominar, eu comecei a me dar conta de que estava passando por uma longa jornada desde que eu nasci e que estava chegando a pontos bastante desafiadores.

Mas que acontecimentos me motivaram a explorar a profundidade dos meus pensamentos e buscar solucionar minhas ânsias? E como eu descobri que realmente precisava cuidar da minha saúde mental? A resposta está no percurso que eu fiz durante a minha jornada do amadurecimento.

Capítulo 1 — Raízes

Assim como as árvores, toda história começa pelas suas raízes. A minha raiz mais forte, que é também meu alicerce, é a minha família. Nela eu encontrei tudo de bom que a bondade humana pode oferecer, desde as menores atitudes, a verdadeiros sacrifícios e provas do verdadeiro amor, mas como tudo nessa vida tem seu lado ruim, eu também senti as dificuldades de ter uma família atenciosa, cuidadosa, amorosa e preocupada.

Minha mãe é a raiz mais forte que tenho na família, me ama incondicionalmente e sempre cuidou de mim da melhor maneira possível e tem toda minha gratidão por isso. Ela foi uma grande influência durante essa jornada de amadurecimento que vivo, através de seu exemplo, desenvolvi qualidades como a bondade, humildade e compreensão, porém também fui me acostumando de uma maneira prejudicial com essa presença constante de alguém que me amava a ponto de buscar evitar qualquer ferida em mim, inclusive as que todos precisamos passar para amadurecer.

Capítulo 2 — Livros

Hoje percebo que a educação é um processo que molda muito mais do que a inteligência de uma pessoa. Escola, universidade, faculdade, cursos, ou em qualquer lugar do gênero, aprendemos como nos comportar sem nossa família por perto, criamos vínculos sociais, por fim começamos a conhecer melhor o mundo. Para mim a escola foi bastante difícil, tinha a sensação de que as pessoas ao meu redor estavam em uma outra página de suas jornadas, e dividir o mesmo ambiente de pessoas que estavam vivendo processos diferentes dos meus me fez sentir bastante uma coisinha chamada pressão social.

Eu imagino que não seja o único que olhou para algumas atitudes do passado e sentiu um pouco de vergonha. É algo que já me incomodou profundamente, porque eu via que tinha perdido bons momentos e tinha sentido sensações ruins desnecessárias. Fico mais tranquilo ao lembrar que isso também faz parte da jornada do amadurecimento, porém ainda hoje carrego comigo alguns pesos que começaram a ser forjados nessa época.

Capítulo 3 — Computadores

Dia 18 de Janeiro de 2018, uma quinta feira tranquila que eu passava no interior com minha família recebi a notícia da minha nota do ENEM, e descobri que aos 17 anos de idade iria entrar na Universidade Federal do Ceará no curso de Sistemas e Mídias Digitais. Foi motivo de grande felicidade para todos e um grito de alívio que saiu do meu peito por ter concluído com sucesso uma fase tão difícil, porém não há tempo para descanso, com o fim de um capítulo, um novo começa a ser escrito.

No começo tudo parecia bastante comum para mim, ir as aulas, tirar notas boas e estudar quando necessário, o que eu não sabia é que tratar a faculdade como uma continuação do ensino médio não iria garantir um emprego e todo o conhecimento e experiência para o mercado de trabalho. Então no sexto semestre eu tive um choque de realidade, e percebi que minha saúde mental seria afetada de uma maneira que eu nunca senti antes. Todas as minhas seguranças que me acostumei durante toda minha vida pareciam estar fora do meu alcance, de repente minha mãe não estava mais ali do meu ladinho dizendo o que era e não era pra fazer, não tinha ninguém para dizer qual o caminho, e a agonia que eu senti por isso me fez perceber que eu estava totalmente despreparado para aquela situação. Meu cérebro entrou em uma função de vigilância 24 horas, eu simplesmente questionava e me sentia mal por todos os meus defeitos, infantilidades, incapacidades, imaturidades e tentava solucionar tudo ao mesmo tempo. Esse choque de realidade foi algo muito importante para me tirar da inércia que eu estava e começar um processo de maturação que eu tanto precisava para ter meu futuro em minhas mãos. O fato é que no dia de hoje eu me encontro nesse processo, buscando amadurecer a cada dia e me tornar independente tanto nas atitudes quanto nos pensamentos e emoções. É um trabalho árduo e por isso tenho o acompanhamento do meu psicólogo, mas tenho muita fé que chegarei no fim dessa jornada com um sorriso no rosto e muito orgulho de tudo que passei e de quem eu me tornei.

Sobre o autor

Adail Júnior, 22 anos, estudante de Sistemas e Mídias Digitais. Apaixonado pela área de design gráfico para marketing de produtos e redes sociais. Viciado em esportes e competições tanto na prática como acompanhando os cenários profissionais. Apreciador de uma boa música e a presença dos amigos e família. Contato: adailjunioryt@gmail.com.

--

--

Redação para Mídias Digitais
Catorze Trinta Ed.6

Perfil da turma da disciplina de Redação para Mídias Digitais 2019.1 do curso de Sistemas e Mídias Digitais da UFC.