Um breve relato de uma universitária ansiosa

Quem sou eu?

Redação para Mídias Digitais
Catorze Trinta Ed.6
7 min readDec 12, 2022

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Olá, eu me chamo Lily, sou universitária e curso Sistemas e Mídias Digitais(SMD) na Universidade Federal do Ceará(UFC). Atualmente gosto de desenvolvimento web e amo meu curso, entretanto, alguns acontecimentos durante minha jornada dentro da universidade despertaram em mim vários medos e anseios. Mas vamos por partes…

Parte 1 — A universidade

Ingressar na Universidade Federal Ceará (UFC) sempre foi meu sonho, e desde 2017, eu não conseguia me ver fazendo outra graduação a não ser SMD. Após um ano inteiro estudando, em 2018, consegui minha tão sonhada aprovação no ENEM. Quando o dia da matrícula chegou eu queria tudo que tinha direito, me sujar de tinta, tirar fotos com a placa do SMD etc. Apesar da chuva, conseguiu realizar todos esses desejos.

No começo, o deslocamento da minha casa para universidade não era tão cansativo, já que era quase o mesmo trajeto que realizava para ir à minha antiga escola. Eu pegava apenas um ônibus e fazia uma viagem de 15–20 minutos, a ida era muito tranquila. No entanto, a volta era extremamente estressante devido ao horário de pico, então o transporte era muito lotado. Pegava o ônibus de volta para casa em torno das 18h e precisava esperar passar três ônibus para que no 4° eu conseguisse subir. Em vista disso, uma viagem que deveria ser rápida, levava cerca de três horas do meu dia, considerando a ida e a volta.

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A minha adaptação à nova rotina universitária foi um pouco lenta e isso me causava bastante ansiedade, porque eram muitos trabalhos e por mais que eu me esforçasse, não conseguia me sair bem em todos. No entanto, naquela época eu não entendia que as pessoas têm ritmos diferentes, então eu me comparava bastante com outros colegas de turma que conseguiam ir bem em todas as cadeiras do curso. Como consequência disso, eu me cobrava demais e virava muitas noites fazendo trabalhos e estudando para provas.

Com um tempo, eu fui fazendo amigos na faculdade e isso foi essencial para que eu começasse a enxergar a graduação de forma mais leve, conheci o Carlos e o João, ambos muito engraçados. Passávamos horas conversando e fazendo piada sobre coisas e sobre algumas situações nas disciplinas que antes eu via apenas como algo problemático. Além disso, todo mundo costumava se ajudar, então, aprender de maneira coletiva foi muito interessante e benéfico para que conseguisse lidar com as cadeiras que não tinha tanta afinidade.

Parte 2 — Pandemia e Estágio

O ano de 2020 chegou e eu estava na metade do curso. Se eu fosse seguir à risca tudo que eu planejei para mim, aquele era o momento de eu ir atrás da minha primeira experiência profissional, porém, tudo isso foi barrado por uma pandemia mundial. O primeiro ano de pandemia foi muito difícil, a mudança de rotina prejudicou meu engajamento, meu rendimento nas disciplinas e me desmotivou, o que me fez suprimir muitas cadeiras e adiar a conclusão da graduação. No entanto, o segundo ano, 2021, foi muito mais tranquilo, consegui concluir todas as cadeiras em que me matriculei com ótimas notas, e como já estava adaptada à nova rotina, decidi que estava na hora de tentar uma vaga de estágio remunerado.

Conseguir um estágio não é nada fácil. Descobri que as vagas de estágio raramente são para pessoas que estão aprendendo, mas sim para alguém que já tem alguma experiência, um pouco contraditório, né?! Mas enfim, tentei algumas vagas e nenhuma me aceitava, isso me deixou bastante ansiosa porque me comparava muito com colegas do meu semestre que já trabalhavam, então, sempre me questionava sobre o que eu estava fazendo de errado.

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Após receber muitos “nãos”, em uma bela tarde, recebi um e-mail que me trouxe o tão sonhado “sim”, fiquei extremamente feliz. Era meu primeiro emprego, eu iria “fazer” o meu próprio dinheiro, isso me trouxe um sentimento de crescimento e evolução. Porém, essa felicidade não durou muito tempo, pois meu computador era muito ruim e não suportava as linguagens de programação necessárias para executar meu trabalho, por esse motivo, eu acabava atrasando algumas entregas e isso me desmotivou bastante. Então, assim que recebi meu primeiro salário dei entrada em um novo computador mais potente.

Agora, com uma responsabilidade a mais, tive que reformular minha rotina, pois deveria dividir meu tempo entre trabalho, aulas da faculdade e trabalhos da faculdade, não foi nada fácil. Confesso que no começo do semestre não foi puxado, mas quando chegou o final, eu surtei. Pois devido ao final do ano, as empresas estavam “correndo’’ para finalizar os projetos e entregar aos clientes e na faculdade os professores estavam passando “milhares” de trabalhos. Eu fiquei muito sobrecarregada, não dormia, não comia, ou bebia água, só pensava nas obrigações que eu tinha que fazer e eu pensava tanto em qual delas eu deveria fazer primeiro, que acabava não conseguindo fazer nenhuma.

Eu sabia que precisava de ajuda, mas não tinha plano de saúde ou dinheiro para terapia, então procurei fazer algo que me distraísse, para que minha mente parasse por um segundo. Então comecei a ler livros e me ajudou bastante, porque, por um momento eu fugia da minha realidade caótica e entrava em outras. Isso melhorou muito a minha produtividade e minha alimentação. Criei uma rotina baseada na leitura, sempre lia algo antes de qualquer obrigação, assim, eu não me perdia nos meus pensamentos barulhentos e sabia o que eu precisava fazer e priorizar em cada horário do meu dia.

Parte 3 — TCC e desemprego

Estou no 8° semestre, ano que vem eu me formo, ainda nem decidi o tema do meu TCC e isso está me deixando muito ansiosa, mas isso nem é o que mais me assusta. Estou no meu penúltimo ano e ainda sou uma estagiária e se eu não for efetivada quando me formar ? E se eu ficar desempregada e nunca exercer a profissão que eu gosto ? Bem, esses são os meus anseios nessa reta final na universidade.

Minha solução para o medo do desemprego não foi a melhor: comecei a procurar outros estágios e projetos para investir meu tempo. No começo deu tudo errado. Fui rejeitada em todas as vagas que me candidatei e também fui rejeitada no bootcamp que me inscrevi. As coisas não estavam fáceis, o inglês era rigidamente exigido na área da tecnologia, eu sabia um pouco, mas o que eu sabia não era o suficiente. Então, deixei a busca por emprego de lado, por enquanto, e fui atrás de resolver outro anseio: estudar = inglês e definir o tema do TCC.

Durante o primeiro semestre eu conversei com amigos que estavam fazendo TCC e descobri que o SMD aceita vários formatos de TCC e acabei me identificando com o relatório técnico, então decidi que seria nesse formato que eu faria o trabalho de conclusão de curso. O inglês que foi um pouco mais complicado, todos os cursos de línguas são caros, então me restou a Casa de Cultura Britânica da UFC, que oferece curso gratuito. Mas foi um desafio, porque eu precisaria estudar todo o conteúdo de Português e História do ensino médio, estudar para as cadeiras da faculdade, fazer os trabalhos passados pelos professores e ainda trabalhar. Não foi fácil, na verdade, foi muito exaustivo, mas consegui a aprovação.

Bem, o inglês já estava em andamento, e o medo do desemprego voltou, eu não sabia o que fazer. Me inscrevi em bastante coisa, entrei em um bootcamp e finalmente consegui outro estágio, no entanto, esse era presencial, o que me deixava muito cansada, porque eu levava cerca de 1h30min me deslocando de casa até o trabalho. Eu saia do estágio, ia pra faculdade, chegava em casa, estudava para o bootcamp e fazia as coisas do outro estágio, tudo isso na esperança de melhorar meu perfil profissional. Porém, eu estava exausta, não me dedicava mais para a faculdade e nem dormia mais direito.

Muita coisa começou a dar errado nesse último semestre, minha equipe do bootcamp desandou, se antes eu estava sobrecarregada, essa situação piorou, o fim do semestre chegou, então, o esforço para as cadeiras tinha que ser dobrado e eu não estava conseguindo me dedicar para o outro estágio. Queria dizer que eu achei uma solução para esse problema também, mas ele ainda é muito recente, então, eu não encontrei. Mas isso não significa que não estou tentando, tenho alguns planos para resolver e ainda falta um mês para o ano acabar, então eu acredito que pode dar certo.

Bem, em breve eu volto para contar se meus planos deram certo, até logo!

Sobre a autora

Eu me chamo Andreza, sou desenvolvedora web e trabalho no Laboratório Íris e na Bugaboo Studio, atualmente estou no 8° semestre de Sistemas e Mídias Digitais(SMD), na Universidade Federal do Ceará (UFC). Amo ler, meus gêneros favoritos são true crime e suspense, mas de vez em quando eu ainda leio um romance de Colleen Hoover. Contato: andrezaleal@gmail.com.

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Redação para Mídias Digitais
Catorze Trinta Ed.6

Perfil da turma da disciplina de Redação para Mídias Digitais 2019.1 do curso de Sistemas e Mídias Digitais da UFC.