Metalinguagem

Andresa Scucuglia
Celeiro de Palavras
1 min readAug 15, 2018
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Desandou a escrever versos,
Sentiu que algo lhe faltava.
Fingia escrever para um amor impossível,
Mas era para si mesma.

Há muito já não escrevia,
Sentia o espaço vago em sua memória,
Daquele tempo em que tudo se transformava em palavras
Muitas vezes tortas, escondidas, subentendidas,
Ah, aquelas maravilhosas palavras,
Que só em versos vemos hoje em dia,
Têm sempre que falar de amor, de dor, de vida,
Ou até de morte, muitas vezes.

Mas era para entender que se escrevia
É, escrevia a si mesma,
Num ritual de contemplação interior,
Fechava os olhos e olhava para si mesma,
“Olha como eu sou: escreve”
Só assim eles vão saber.

Nunca foi tão boa para falar,
Então escreve.
Fala de você, mas disfarça.
Só quem te conhece, precisa te reconhecer.

Escrito em janeiro/2001

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Andresa Scucuglia
Celeiro de Palavras

Música, filmes, livros, inovação, a vida, o universo e tudo mais. Sou jornalista e trabalho no Banco do Brasil.