Você está fazendo seu MVP errado!

Gabriel Akel Abrahão
Center for Design Acceleration
4 min readMay 11, 2020
Photo by Proxyclick Visitor Management System on Unsplash
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Bem, muito já se fala sobre MVP — minimum viable product (ou produto mínimo viável, em português) — mas pouco é realmente compreendido…

O conceito popularizado pelo Lean Startup (Startup Enxuta) de Eric Ries realmente reformulou toda a industria de empresas nascentes ao introduzir o conceito proveniente do Lean Manifactuirng (Manufatura Enxuta) e seu ciclo de aprendizado e validação: testar, mensurar e aprender.

No entanto, uma simples procura sobre a definição de MVP no google, por exemplo nos permite encontrar as seguintes definições:

Em empreendedorismo, principalmente no contexto de startups, um produto viável mínimo (MVP, de Minimum Viable Product) é a versão mais simples de um produto que pode ser lançada com uma quantidade mínima de esforço e desenvolvimento. — Wikipédia

O Produto Mínimo Viável — ou Minimum Viable Product (MVP) — é a versão simplificada de um produto final de uma startup. A partir dela, o empreendedor vai oferecer o mínimo de funcionalidades com o objetivo de testar o encaixe do produto no mercado. — Startse

A ideia por trás do MVP é desenvolver uma versão de teste do seu projeto, com o mínimo de investimento financeiro e de tempo, mas capaz de entregar os mesmos valores do produto finalizado. Dessa forma, a ideia pode ser testada e, se aprovada, toda a estrutura necessária para o desenvolvimento é aplicada. — Rockect Content

E apesar de variações, basicamente as definições de MVP giram em torno desses conceitos: uma maneira mais simples, fácil e rápida de testar seu produto, colher feedback e aprender com seu cliente qual é a melhor forma de prover aquele produto.

E essa definição está errada? Não, mas incompleta… e na minha opinião, isso se deve às escolhas de palavras feitas por Reis ao cunhar o termo. Para quem leu o livro (Startup Enxuta por Eric Reis), o conceito e a ideia por trás do mesmo está clara, no entanto, o termo se popularizou rápido demais e abriu espaço para erros de interpretação.

O erro infortuno de Reis foi escolher a palavra "produto". Mesmo que as definições de MVP citadas acima deixe claro que é uma versão mais simples ou simplificada da versão final, o termo produto remete a colocar a solução que o empreendedor está propondo em um molde que pode ser replicado, este chamado de produto e ao fazer isso, o empreendedor passa a prestar atenção na "embalagem da solução" e não na solução em si.

O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que o cliente pouco se importa com o seu produto e se ele está acabado ou na versão simplificada. O que importa é a sua solução em si, que só depois você empacotará em um produto.

Imagine uma empreendedora que, para efeitos lúdicos, se chama Isabela. Ela teve a ideia de usar um drone para coletar informações de plantio e pragas de uma plantação e para testar realizou o desenvolvimento de uma app e de uma plataforma em cloud e fez a aquisição de um drone, fazendo com que seu "MVP" fosse avaliado a um total de R$10.000,00 (dez mil reais). Esse valor, apesar de irrisório para a indústria de agrícola, talvez seja um valor bem salgado para a maioria dos empreendedores iniciantes.

Um MVP que custe mais do que R$1.000,00 (salvo em alguns casos) já não deve ser considerado um MVP. Ele pode até ser considerado um protótipo, mas não um MVP.

O erro esta em focar na "embalagem da solução". No nosso caso de Isabela, ela poderia ter feito a coleta de dados em campo a pé, andando pela propriedade a ser investigada e sem a necessidade de um drone. Além disso, o desenvolvimento de um app e o uso de cloud nesse momento poderiam ser dispensados. Talvez uma solução mais simples seria apenas a coleta de imagem e o processamento da mesma via software rodando apenas na máquina dela. A ideia aqui é que o cliente não se importa como você coleta o dado, como você o processa e como você o armazena e o trata… ele quer no final da história, ter a análise do plantio e usar aquela informação para decisão estratégica.

Um melhor termo seria um MVS — Minimum Viable Solution (mínima solução viável, em português)isso porque alinha muito mais o teste a ser realizado com a necessidade do cliente e foca no solução do problema e não no empacotamento da solução. O MVP faz com que o empreendedor reflita sobre como simplificar a ideia de produto que ele teve para testá-la enquanto o MVS faz com que o empreendedor se questione qual o problema que de fato ele está resolvendo e qual a forma mais fácil e eficiente de testar a solução para aquele problema.

Em resumo, o importante não é como você empacota sua solução e sim como ela resolve o problema do cliente. E para testá-la não é pensando em formas simples de entregar seu produto, mas sim formas práticas de viabilizar sua solução.

Espero que você que chegou até aqui tenha gostado! Comente sua opinião, seja ela de concordância ou discordância e se quiser, me siga nas redes sociais.

Espero que agora com essa clareza do que é um MVP, o que deveria ser um MVP e minha proposta de torná-lo um MVS você consiga melhor validar suas ideias e hipóteses e assim criar seu unicórnio.

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Ries, E. (2011). The lean startup: How today’s entrepreneurs use continuous innovation to create radically successful businesses. New York: Crown Business.

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