Participando do maior festival de testes do mundo

Livyson
CESAR Update
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18 min readJul 16, 2018

Palestras, workshops, tutoriais, jogos didáticos. Um momento para compartilhar boas práticas, novas ferramentas de automação, encontros sociais e conhecer profissionais do mundo todo. Hora de trocar ideias e, principalmente, estar em contato com os maiores representantes da agilidade. Esse é o Agile Testing Days, maior evento de testes ágeis do mundo, que após 9 anos de existência, chegou aos Estados Unidos para encarar sua primeira edição fora do continente europeu.

Entre os dias 25 e 29 de junho, eu e Marcelle Câmara tivemos a oportunidade de estar no Agile Testing Days, que aconteceu em Boston, e contou com mais de 600 participantes de diversos países europeus, asiáticos, latinos, como Uruguai, México e Brasil, além dos anfitriões americanos. E essa diversidade de culturas foi uma das bandeiras levantadas: segundo o espanhol José Diaz (@jdiaz_berlin), empresário e organizador do evento, neste ano, a inserção de representantes de culturas e etnias diferentes, além da abertura para palestrantes do sexo feminino foram uma das preocupações de toda a equipe durante o planejamento.

No primeiro dia, ficamos imersos em um dos 7 tutoriais disponibilizados. Nos demais dias, o desafio era escolher entre as mais de 40 sessões de palestras e workshops.

Primeiro dia: hora de se especializar

Mob Programming:

Eu, Livyson, fiquei incumbido de absorver todo o conhecimento possível, provido pelo tutorial Mob Programming, que foi lecionado por Woody Zuill (@woodyzuill), profissional com mais de 30 anos de experiência em programação e que, hoje, trabalha como desenvolvedor independente, agile coach e trainer.

Woody Zuill tem trabalhado, nos últimos 15 anos, como Agile Coach. Acredita na política de que o código precisa ser simples, limpo e sustentável. É um dos fundadores da polêmica discussão #NoEstimate, que tem gerado barulho nas comunidades de tecnologia no mundo.

O tutorial, que começou às 9 horas da manhã, estendeu-se até o almoço, com exposição de muita teoria, mas sem tornar-se tedioso, já que o palestrante usou histórias fictícias para transmitir conceitos.

No período da tarde, Zuill realizou exercícios de programação que precisavam ser executados dentro da abordagem de desenvolvimento de software pretendida: a Mob Programming, approach que tem como objetivo colocar todos os participantes de um time para trabalhar juntos numa mesma atividade, uma evolução do pair programming. Você pode entender mais sobre essa corrente que vem ganhando espaço nas grandes organizações através dos slides disponibilizados pelo próprio conferente:

Mob Programming by Woody Zuill

Em uma turma composta por oito pessoas (três engenheiros de testes, três programadores, um gerente de projetos e um líder de time), dividida em dois grupos de quatro pessoas, a regra era que todos trabalhassem no mesmo código, ao mesmo tempo, e em um único computador.

Logo após esses exercícios, nos deparamos com desafios não relacionados à codificação e tivemos que trabalhar em conjunto para desenvolver outras atividades pertinentes à equipe de desenvolvimento de software: definir objetivos dos testes, testar manualmente, e, por fim, apresentar o conteúdo produzido — uma espécie de code review.

Durante todo o dia de tutorial, tivemos a oportunidade de expor como trabalhamos na nossa organização, detalhando algumas boas práticas já adotadas e, muitas vezes, trazendo, por meio delas, as soluções para problemas que outras organizações apresentaram. Nesses momentos, era notório o choque cultural, marcado pela surpresa de muitos representantes de empresas já consagradas no mercado global, que se deparavam com processos ainda não adotados por suas organizações e que poderiam resolver algumas questões ainda dispendiosas.

Tutorial Mob Programming

Um dos pontos mais interessantes da dinâmica foi o fato de absolutamente todos os membros dos times terem sido agentes ativos do desenvolvimento, tivessem eles conhecimentos aprofundados ou não nas atividades em execução, pois a ideia do Mob Programming é justamente descobrir melhores maneiras de desenvolver ajudando os outros a tornarem-se capazes de fazerem o mesmo. O clima era de total colaboração e empatia, com a valorização de todos os questionamentos, sem menosprezar as contribuições de cada um: todos estavam empenhados em desenvolver um produto melhor, mas também preocupados com o desenvolvimento de todo o time.

Pontos inolvidáveis aprendidos sobre Mob Programming:

  • Mob Programming não é o mesmo que Pair Programming, ele é uma evolução deste último;
  • Todo o time trabalha na mesma coisa ao mesmo tempo;
  • Todos atuam no mesmo espaço;
  • Todos utilizam o mesmo computador;
  • Pode ser aplicado a outras atividades do projeto, além das atividades de codificação.

“We are uncovering better ways of developing software by doing it and helping others do it.” (Woody Zuill, 2018).

Agile testing:

Eu, Marcelle, participei deste tutorial guiado pelas experientes Lisa Crispin (@lisacrispin) e Janet Gregory (@janetgregoryca), autoras de livros como Agile Testing (2009), More Agile Testing (2014). Ambas trabalham com times Agile desde 2000.

Este foi o tutorial com mais participantes, em torno de 40 pessoas, organizadas em grupos de trabalho. A maioria dos participantes eram testers, alguns com menos de 6 meses de experiência em projetos Agile, a maioria com menos de 2 anos e apenas 2 com mais de 10 anos na área.

O tutorial iniciou reforçando a definição do termo agile, onde teste deixa de ser apenas validação de código — uma fase ao final do projeto — para ser uma atividade que permeia todo o ciclo de desenvolvimento. Tanto testers como desenvolvedores precisam ter uma mudança de mindset.

Testers: ao invés de “Estamos aqui para encontrar bugs… ou garantir que os requisitos foram atendidos… ou quebrar o produto”, pense: “Como ajudamos o time a ter sucesso? Como podemos prevenir os defeitos de acontecer?”
Desenvolvedores: ao invés de “Estamos aqui para codificar e jogar na parede e depois corrigir bugs”, pense: “O que podemos fazer para desenvolver códigos testáveis e entregar o produto com sucesso?”.

Os participantes foram solicitados a expor os problemas experienciados pelos seus times para em seguida identificar quais skills do Agile Tester poderiam ser usadas para endereçar cada uma.
Problemas como mudança de mindset, papéis e responsabilidades no meio agile, conhecimentos técnicos para automação foram levantados pelos times. Foi um exercício interessante para mostrar que os testers podem trabalhar diferentes habilidades como thinking, technical awareness e domain knowledge para sanar diferentes tipos de problemas no projeto como um todo.

O próximo tópico foi o planejamento das atividades de teste, onde foi discutido a importância de entender o contexto do projeto, quem está no time, o domínio e o nível de planejamento necessário. Fomos expostos ao modelo Agile Testing Quadrants com uma prática muito interessante de um website fictício onde praticamos como decidir em que quadrante cada teste se enquadraria.
Outras práticas vivenciadas no tutorial foi a exploração de requisitos com exemplos, ou seja, a partir das regras de negócio, são criados exemplos que em seguida são transformados em testes executáveis para guiar o desenvolvimento. Técnicas como ATDD (Acceptance test-driven development), BDD (behaviour-driven development, Dan North) ou SBE (Specification by Example, Gojko Adzic) seguem a mesma premissa. O formato desses testes pode ser tabular, cenário ou given/then/when.
Uma outra área discutida foi automação, reforçando sua importância para testes de regressão, como forma de rápido feedback na integração contínua e liberação dos testers para novos testes. A colaboração de todo o time, incluindo testers, desenvolvedores e devops é essencial para o sucesso.
Por fim, falou-se de testes exploratórios e suas variações como personas, risks, tours e workflows, e journeys.
Enfim, foi um tutorial muito rico em dinâmicas e trocas de experiências com diferentes realidades.

Segundo dia: muitas oportunidades para um único dia

O dia começava com a famosa atividade social Early Morning Lean Coffee, promovida pelas prestigiadas Lisa Crispin e Janet Gregory. No café da manhã, pessoas de diversas culturas se sentavam para discutir qualquer assunto relacionado à agilidade. Lisa Crispin e Janet Gregory encabeçavam um dos grupos, mas em diversas mesas ao redor do salão, era possível ver pessoas interagindo e se conhecendo.

Às 9h:30m, após uma apresentação honrosa feita por José Diaz, Selena Delesie (@selenadelesie) entrava no palco principal para apresentar a sua Evoke the Soul of Agile, que trazia inspiração para combater o modelo cruel de cobrança excessiva que muitas organizações e o mercado vêm adotando, impondo a competitividade, sem respeitar a individualidade. Aqui, a palestrante dedicou seu tempo a mostrar práticas errôneas que cometemos no dia a dia, diante de situações de pressão e estresse, e o preço pago pelas relações profissionais e pela imagem interna da organização. Delesie conseguiu mostrar que o trabalho não tem que ser duro e doloroso, que pode sim ser envolvente, interessante e um ótimo espaço para criar boas conexões. Melhor ainda: ela demonstrou que isso tudo pode ocorrer usando-se o movimento ágil como ferramenta.

“Stop focusing on DOING better… Focus on BEING better. Engage the soul of people, of teams, and your company for Agile to support your success.” (Selena Delesie, 2018).

Como já citado, os demais dias seriam de diversas palestras e workshops ocorrendo, simultaneamente, sendo difícil escolher de qual participar. Pois bem, aqui vão os que escolhemos:

API Testing Fundamentals

Neste workshop prático, tivemos um overview do que pode ser testado em APIs. Utilizamos a ferramenta Postman e uma API de teste de previsão do tempo para os exercícios.
Começamos com a utilização de testes exploratórios através da identificação das variáveis, hipóteses de teste através da documentação e aplicação de heurísticas.
Em seguida, fizemos testes de componente onde foram incluídas assertivas com base no código de retorno, testes de contrato para garantir que a as entradas/saídas da API atendem às especificações e que não mudam ao longo do tempo, testes não-funcionais e end-to-end.
O material do curso encontra-se em:

They want it WHEN? UX in an Agile Environment

Às 10h45m era a vez de Diana Getman (@diana-getman-98425999), líder de equipe com mais de 25 anos de experiência, falar sobre o dilema de integrar o design de UX ao processo ágil. Nesses 30 minutos de talk, a palestrante apresentou técnicas que podem ajudar dentro de um processo de desenvolvimento de software. O ponto alto da palestra se deu quando a abordagem de UX integrada aos times de desenvolvimento foi mencionada, levando o público a fazer diversos questionamentos.

Testing as Part of the Team Culture

A conceituada Claudia Badell (@claubs_uy), eleita uma das mulheres latinas mais influentes na engenharia de testes, iniciou a sua tão aguardada palestra Testing as Part of the Team Culture mostrando um panorama das mudanças que vêm acontecendo no processo de desenvolvimento. Badell defendeu como construir uma cultura de equipe por meio de lições aprendidas.

“The importance of nourishing your team culture to truly adopt testing as team responsibility.” (Claudia Badell, 2018).

Automation for the People

Com um título intrigante, Christin Wiedemann (@c_wiedemann)conseguiu emplacar um público sedento pelo descobrimento do que ela tinha para mostrar em apenas 30 minutos de palestra. E ela não decepcionou: levou para o evento a importância da automação para as pessoas que testam, e diferentemente do que muitos esperavam, ela não defendeu a automação de tudo. Ao contrário, deixou clara a importância dos testes manuais e como estes podem agregar valor quando integrados aos testes automatizados. Wiedemann advogou a favor do respeito às diversidades dentro de um projeto, mostrando que nem todo testador precisa ser um codificador.

Owning Our Narrative

Após o almoço, foi a vez de Angie Jones (@techgirl1908) mostrar sua capacidade cênica, sim, cênica — uma forma eloquente e efusiva de prender a atenção de todos — dentro da sala principal do evento, onde todos os participantes se reuniram antes de seguirem para suas palestras. Professora de programação, engenheira de consultoria em automação e inventora de 22 criações patenteadas, Jones pediu licença à dinâmica de software para adentrar no mundo da música, mostrando todo o histórico da indústria da tecnologia da música, nos levando a um contexto bem diferente das nossas realidades e com problemas tão comuns. Com um comparativo muito interessante, ela listou o que os músicos nos ensinaram:

  • Deixar a automação trabalhar para você
  • Nossas ferramentas nem sempre podem evoluir conosco
  • Mudar impõe limitações
  • Ajustar medidas de sucesso

E daí, conseguimos entender que o objetivo era nos levar a pensar “fora da caixa”, nos dar uma visão de que assim como a música, o nosso mercado passou e passa por diversas mudanças. E, nessa montanha russa de transformação, podemos ficar dentro da caixa limitada em que nós somos colocados cotidianamente por inúmeros fatores ou podemos escolher inovar, empoderando-nos do nosso trabalho, sem medo de seguir aquilo em que acreditamos.

Using your testing mindset to explore requirements

Neste workshop de 1h30m, Janet Gregory (@janetgregoryca) e Ardita Karaj (@ardita_k) falaram da importância dos testers participarem das discussões iniciais de planejamento e escopo. Diante de um backlog vasto, o uso de mind maps pode ajudar a entender o ecossistema e definir por onde começar. O diagrama de contexto também foi apresentado como uma boa alternativa por ser mais estruturado que o mind map.

Também fizemos uso de charters com o objetivo de explorar e entender os requisitos, antes mesmo de se tornarem histórias. A partir dos charters, praticamos o example mapping a fim de explorar alternativas. A ideia é que a partir de um charter, sejam identificadas as regras e cada regra tenha exemplos, o que também gera questionamentos.

Uma outra prática apresentada foi a experimentação do produto por parte dos usuários finais, principalmente quando existem muitas regras, através de uma codificação mínima, o que elas chamaram de learning release. Elas acreditam que o termo MVP deve ser substituído por este termo porque simplifica as expectativas.

Defining Heuristics In An Agile Environment

30 minutos de palestra, pouco tempo para explorar todo o conteúdo que Ash Coleman (@AshColeman30) nos trazia. Nesse momento, ela pôde mostrar a visão que os demais membros da equipe normalmente têm sobre o trabalho que a equipe de qualidade vem fazendo. Para as equipes de qualidade, que se sentem num processo isolado daquele tocado pela equipe de desenvolvimento, Coleman apresentou algumas dicas importantes para fazermos nosso trabalho ser encarado como uma parte importante de toda a engrenagem.

Accelerating Enterprise QA to Meet the Modern Performance Imperative

Paul Bruce nos levou um pouco da integração DevOps e Qualidade, mostrando como o time de qualidade pode dispor das diversas plataformas e ferramentas para implementar, executar e escalonar os testes automáticos.

Challenges to effective performance testing in CI

A comunidade uruguaia estava bem representada no evento. Entre os seus representantes estava Federico Toledo (@fltoledo), que além de participar como ouvinte de diversas palestras, foi o palestrante da Challenges to effective performance testing in CI. Toledo nos brindou com sua experiência em testes de performance, nos apresentando como as empresas têm se organizado para mensurar os seus sistemas, desde o momento do levantamento dos cenários até a execução dos scripts. A palestra ganhou mais brilho quando o palestrante mostrou pontos de infraestrutura de integração contínua, exibindo ideias de como rodar os scripts diversas vezes por dia dentro dessa prática comumente denominada CI. O Agile Testing Days em si provocou poucas discussões sobre testes de performance — talvez um ponto a explorar melhor nas próximas edições — e foi nessa palestra que os aficionados por essa prática de testes, ainda tão trabalhosa, pouco explorada e com uma agremiação ainda em crescimento, puderam explorar e compartilhar suas experiências sobre o tema proposto. Restou a sensação de que precisamos de mais defensores da inclusão dos testes de performance no processo de desenvolvimento.

“Performance testing in CI is a must. If you are looking to invest effort and money in it, you’ll better take certain things into account from day one.” (Federico Toledo, 2018).

TestClash on Automation

Sem dúvida, o momento mais divertido do dia. Na sala principal, Noah Sussman (@noahsussman) — engenheiro de automação — se juntou a Paul Holland (@PaulHolland_TWN) — diretor sênior de engenharia de testes — para um duelo de gigantes. Com auxílio de Ash Coleman, Daniël Maslyn e José Diaz, Sussman e Holland utilizaram a encenação de um luta de boxe para dialogar sobre “a automação de absolutamente tudo” ou “nenhuma automação”. Segundo Sussman, é difícil dizer qual valor específico que um testador poderia adicionar à sua equipe e que os testes unitários implementados pelos desenvolvedores já garantiriam uma qualidade necessária para seus produtos: “Eu posso detectar problemas rapidamente, recuperar rapidamente e a integridade dos meus dados é garantida por causa das suprimidas exclusões suaves e alterações de esquema não destrutivas. Como posso detectar, recuperar e restaurar dados com tanta rapidez, vejo muito pouco risco se o bug ocasional atingir meus clientes. Eu posso apenas consertar isso rápido!”; já Holland defende que os engenheiros de testes são extremamente importantes no processo de desenvolvimento, que testes unitários não alcançam todos os possíveis tipos de bugs e que nem tudo é automatizável: “percebi que a automação não encontrará ‘novos’ erros no código. Uma vez que um script automatizado esteja funcionando, o script encontrará apenas bugs recém-introduzidos que são colocados ao longo do desenvolvimento através do código que está sendo exercido pela automação. Assim, pode-se esperar que uma vez que um script fique verde, ele permanecerá verde, a menos que os desenvolvedores cometam erros que interfiram na execução desses fluxos. E quanto a todos os outros caminhos alternativos ou os mesmos caminhos com valores diferentes? Nossos clientes não seguem scripts quando usam nosso código!”.

No fim, após vários rounds, Holland venceu a luta e convenceu a todos que automação é importante, mas que sozinha não garante a qualidade dos produtos. É preciso automatizar diversos níveis de testes (unit, integration, system, acceptance) e mesmo assim ainda serão necessários testes manuais para cobrir aquilo que a automação não conseguirá fazer.

Terceiro dia: muita informação e muito aprendizado

Get off the hamster wheel and start adding value!

Após alguns se recuperarem das sessões de yoga (Agile Morning Yoga) ou de corridas (Agile Morning Run), e logo depois de um café da manhã reforçado, todos se dirigiram à sala principal para assistir Alex Schladebeck (@alex_schl) e Huib Schoots (@huibschoots) nos mostrando a relação entre pessoas e hamsters. Os testers palestrantes nos mostravam o quanto muitos de nós ainda corremos em círculo (como hamsters), tentando melhorar nossos processos sempre pelo mesmo caminho. Um dos sinais apresentados para indicar que estamos na roda dos hamsters: trabalhando sem tempo, problemas pequenos parecem grandes, incapacidade de pensar claramente, mal humor, medo de falhar, cansaço. Por intermédio da palestra, pudemos ver alguns exemplos de como não ser um hamster, saindo da corrida em círculo e começando, efetivamente, a mudar os cenários de nossos processos. Algumas mudanças de padrão são: reconhecer e aceitar, dizer não e agir, diminuir o ritmo, setar objetivos realísticos, reduzir o número de coisas sendo feitas ao mesmo tempo, gerenciar a atenção e produtividade, pedir ajuda e valorizar a si mesmo.

Demo Driven Development and the Agile UX Show

Neste workshop, Oana Juncu (@ojuncu) apresentou alternativas para a demo ao final da Sprint, integrando o conceito de story telling e criação de personas para sair do nível de abstração da linguagem para algo mais concreto.

Digital Transformation Requires Continuous Testing & Continuous Testing for DevOps

O arquiteto de solução Jonathan Morar levou para o público um pouco do que aprendeu enquanto trabalhou na Europa, na África do Sul e nos Estados Unidos. E mostrando como funciona o processo que utilizam na Microsoft, que, segundo ele, serve de referência para outras organizações que pretendem ser ágeis. Defendeu durante toda a palestra que os testadores não podem ser um gargalo nas entregas rápidas de novas features e correções. A sua feroz defesa por responder a mudanças mais rapidamente fez com que vários ouvintes levantassem inúmeras dúvidas sobre como isso pode afetar a qualidade do que estava sendo entregue. A palestra de Morar foi polêmica e gerou divergências.

Larry Johnsen também apresentou esses pontos em sua palestra. O mais intrigante deles levou o público ao debate quando foi dito que “testes são a maior barreira na entrega interativa, pois dependem muito dos esforços manuais”. Concordando ou não, o público saiu de ambas as palestras debatendo o assunto.

Innovate and Invigorate Your Agile Discovery Practices

Ellen Gottesdiener (@ellengott) não é apenas uma simpática colega de turma de Mob Programming, ela é fundadora de seu próprio negócio. Tendo passado por diversos cargos na área de TI, pôde contribuir com sua experiência numa palestra que nos mostrou como ir além dos requisitos já definidos, não ficando presos a estes durante o desenvolvimento de software. Por meio de formas criativas, Gottesdiener defendeu que devemos utilizar sim as boas práticas, mas não ficar presos a elas. Podemos adaptá-las ou melhorá-las dentro dos nossos projetos.

Safe-to-Fail

O dia tinha sido longo, com muitos workshops e keynotes, o que tornaria difícil para o último palestrante prender a atenção de todo o público que se concentrava no salão principal. Mas Ray Arell (@elmoray) conseguiu esse feito! Fundador de uma empresa de consultores e treinadores, compartilhou, no evento, o que tem aprendido sobre falhas durante 30 anos de carreira. Arell defendeu que durante um processo de desenvolvimento precisamos ter uma mente aberta para as falhas, que inevitavelmente, acontecem e irão acontecer, mas ressaltou que precisamos estar preparados para mitigá-las quando ocorrerem.

“Overconfidence in the level of certainty and predictability is perhaps the most expensive form of avoidable waste in product development.” (Ray Arell, 2018).

Exhibition

Com mais de 19 exibidoras, dentre elas as conhecidas PARASOFT, Sauce Labs, SmartBear — famosas pelas suas ferramentas de automação — , o evento contou com um espaço para que essas empresas pudessem mostrar seus produtos. Muitos deles eram ferramentas de automação ou de suporte ao Continuous Integration, que incrivelmente, despertavam a atenção até mesmo dos ouvintes que já trabalham com automação, seja pela simplicidade de algumas ou pela facilidade de criação de seus scripts. Destaque para a mabl, que em seu stand apresentou um serviço de automação de testes baseado em Machine Learning (ML), que automaticamente mantém testes e identifica regressões para os sistemas, permitindo que os entusiastas criassem novos scripts com a tutoria de seus patronos.

Veja como funciona a mabl no vídeo abaixo:

Veja como o mabl funciona em 57 segundos

Social Event

Diariamente, após as palestras, eram disponibilizados os Social Events, momentos em que os participantes se reuniam para diversas atividades de integração social.
No primeiro dia, o Agile Social Night estimulou os participantes a buscarem pessoas com características semelhantes às delas e interagirem com essas pessoas, com o objetivo de construir boas redes profissionais.

Na segunda noite de evento, o Agile Games Night trouxe, por meio de gamificação, questões do dia a dia de trabalho para serem resolvidas de forma conjunta e didática.

Mas o momento mais aguardado foi o Roller Derby Party After, que aconteceu na terceira noite, em Danvers, fora do espaço do evento. Todos puderam apreciar uma partida feminina de Roller Derby — esporte disputado por duas equipes patinando em sentido anti-horário.
Todos esses eventos contavam com boas músicas, comidas e bebidas, e muitas interações sociais.

Uma ótima experiência para aprender, socializar e compartilhar

O Agile Testing Days foi um ótimo momento para conhecer profissionais de países europeus e dos Estados Unidos, que nos mostraram diversos exemplos de ferramentas de automação e continuous delivery, mas também para conhecer profissionais de países latinos, como México e Uruguai, que enriqueceram o evento com boas práticas para testes. A participação dos latino-americanos revelou quão bem representado o nosso continente está, além da oportunidade de conhecer profissionais de países com outras culturas, mas com dinâmicas e dilemas tão parecidos com os nossos, como a Índia.

O contato com representantes de empresas renomadas dirimiu dúvidas que são rotineiras: o Mob Programming como resposta para a passagem de conhecimento sobre automação e melhores técnicas de execução de testes de performance no CI como solução para projetos que precisam medir continuamente seus sistemas. Os tutoriais foram uma ótima oportunidade de estar imerso em um contexto específico e aprender de forma prática com profissionais especialistas como executar o conteúdo proposto.

A organização foi impecável, disponibilizando eventos no início da manhã, como corridas e yoga para preparar os participantes mentalmente para o dia carregado de conhecimentos, e todas as palestras e atividades sempre conduzidas com bom humor, não tornando o evento monótono. Sentimos falta de palestras e workshops relacionados a performance testing, que foi pouco explorada, apesar da fantástica palestra de Federico Toledo. O aprofundamento nesse quesito pode ser uma sugestão de melhoria para as próximas edições. E além da qualidade das palestras e workshops, já detalhada acima, o evento garantiu que as noites fossem momentos de mais interações com outras pessoas e discussão sobre o ocorrido durante o dia.

Além de todo o aprendizado, em diversos momentos, pudemos levar respostas para questionamentos de outras empresas, por meio da exemplificação de processos e boas práticas que já utilizamos no CESAR, o que comprovou que estamos no caminho certo e que, sim, somos referência em diversos aspectos dentro da engenharia de testes para o mundo.

Neste ano, ainda teremos o Agile Testing Days em Potsdam-Alemanha, comemorando o seu décimo aniversário, e com um conteúdo tão interessante quanto o apresentado em Boston-EUA. Por isso, é extremamente importante termos novos colaboradores representando a nossa organização e desfrutando desse festival, que é extraordinário.

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