Qualquer dia pode ser o Dia Mundial dos Testes de Software, mas…
Existem duas datas internacionais maiores para celebração referentes a Testes de Software e Testadores de Software, e elas são 20 de Fevereiro e 09 de Setembro, respectivamente.
A primeira data, comemorada hoje, tem como marco a publicação do livro "The Art of Software Testing" em 20 de fevereiro de 1979, por Glenford J. Myers. Bacharel em Engenharia Elétrica, Mestre e Doutor em Ciência da Computação, Dr. Myers foi um vanguardista nos conceitos e práticas sobre Testes de Software, sempre considerando a situação isolada da atividade, mas preocupado com o escopo geral no qual devemos estar encaixados como profissionais da área de Qualidade.
Não é a toa que em uma das suas citações mais célebres, Dr. Myers diz: "Nós tentamos resolver problemas correndo através do processo de design, para que haja tempo suficiente no final do projeto para que possamos descobrir erros que foram cometidos por simplesmente termos corrido durante o processo de design do produto". Aceleramos os nossos processos de forma impensada, ocasionando um retrabalho sistemático em nossos processos, por simplesmente ignorarmos a concepção em si das nossas soluções.
Passando pelo óbvio, como testadores precisamos estar encaixados da concepção da solução até a sua última entrega, sempre misturados nas equipes como uma célula mutante que se adapta a diversas partes do processo, e de forma simbiótica agrega qualidade ao todo. Isso sim é testar software, é algo bem mais profundo do que uma mera verificação de requisitos.
O tempo passou…
Ao longo dos anos na área, entendi que as situações dentro dos times geralmente seguem o mindset dos envolvidos (doh!), os designers em sua maioria falam a mesma língua dos testadores, já a relação entre desenvolvedores e testadores é carregada por um estigma de que existe uma disputa entre os cargos, quando a realidade deve ser exatamente a oposta.
Os profissionais exercem tarefas diferentes, ninguém precisa repetir isso, e às vezes parecemos levantar uma imensa muralha de gelo (The North Remembers!) buscando viabilizar um conflito, mas cabe a nós mesmos nos desarmarmos. Um amigo, recentemente, citou uma ocasião ao começar a trabalhar em uma nova empresa no exterior: Ao submeter uma nova build para o testador, foi prontamente questionado: "Você tem certeza que quer enviar essa build para mim? Eu quebro coisas, e é isso que eu faço para viver, você sabe disso, não é?!" e, com o mindset equilibrado de um desenvolvedor experiente que entende o processo, ele respondeu: "Mas é exatamente isso que eu quero que você faça, amigo."
O nosso trabalho se completa, como as peças de um quebra-cabeças que formam algo maior, e por mais que busquemos falhas, devemos sempre buscar qualidade ao invés de pensarmos em conflito. Poderia listar infindáveis situações de atrito, de pessoas que ainda acreditam existir uma disputa entre as profissões, mas prefiro elencar as inúmeras vezes que fui desafiado a cavar mais o código e tirar o melhor de mim como testador, para da mesma forma ter o melhor dos desenvolvedores que me cercam.
Pensando nessa sinergia, e coletando o conhecimento alheio, mais especificamente do Monstro Rodrigo Cursino, a gente entra na parte ágil da coisa: "E do Manifesto de Testes podemos tirar grandes lições dessa junção das peças do quebra-cabeça. Precisamos, cada vez mais, trabalhar em conjunto com os objetivos de:
- Todo o time ser responsável pela qualidade ao invés de termos esta responsabilidade concentrada no QA;
- Executar uma estratégia de testes que foque na prevenção de defeitos e não no buscar por defeitos;
- Construir sistemas ao invés de pensar em “quebrá-los”;
E completando, acredito que o testador nessa relação de parceria pode ajudar e muito sendo um evangelizador. Falar sobre qualidade no dia-a-dia dos projetos, reforçando boas práticas e ensinando e aprendendo continuamente como entregar valor com foco em qualidade."
Fechando a conta de padaria
Eu poderia decorrer infinitamente sobre a importância da nossa atividade dentro do universo computacional, mas sinceramente?! Estamos bem alinhados sobre o que fazemos o tempo todo, e até como é difícil saber parar de fazer o que fazemos, citando o Dr. Myers uma última vez: "Uma das questões mais difíceis de responder quando se está testando um programa, é determinar quando é hora de parar, uma vez que não há uma maneira de saber se o erro que acabou de ser detectado é o último erro que restava", e tendo isso em mente, parabéns para nós, que nunca paramos de testar, a não ser que seja aquele teste maroto de carga no servidor de produção que está bem inclinado a capotar…
Agradecimentos a Rodrigo Cursino pelos inputs, Pether Silva pela revisão e a Georgenes dos Santos Claudino pela arte :-)
P.S: Sobre o dia 09 de Setembro, a gente conversa em Setembro sobre Grace Hopper! Podem cobrar.
