RGB ou CMYK

Ricardo Dias
CGNow
Published in
6 min readAug 13, 2019

Neste artigo, tento explicar as diferenças entre os dois formatos de cores mais utilizados na computação gráfica e DTP, e também quando e porquê utilizar cada um deles.

Artigo publicado em 2011 no antigo site www.rpdesigner.com.br.

Uma dúvida muito comum entre os iniciantes em DTP e Design Gráfico é justamente sobre quando utilizar RGB ou CMYK. É possível evitar dores de cabeça simplesmente entendendo como funcionam esses dois modos de cores.

O que é DTP mesmo?

É incrível, mas muitos dos que trabalham da área de design gráfico não sabem o que significa essa importante sigla. Se você se encaixa neste quadro, chegou a hora de descobrir!

DTP é um acrônimo de “DeskTop Publishing” e diz respeito a toda arte gráfica que será destinada à publicação na forma de mídia impressa. Para o trabalho de DTP, existem diversos softwares excelentes, qualificados para as diversas áreas, sendo os mais relevantes:

  • Tratamento de Imagens: Adobe Photoshop, Corel PhotoPaint, Gimp, etc;
  • Diagramação de Revistas e Livros: Adobe Indesign, Quark Xpress, Microsoft Publisher, Scribus, etc;
  • Ilustração: Adobe Illustrator, Corel Draw, etc;

Evite estresse

Imagine a seguinte situação: No estúdio, o designer cria seu cartão de visita colorido e bonitinho, imprime uma cópia da arte na sua impressora laser colorida para ser usada como prova e envia o arquivo com a arte e a cópia para a gráfica que faz a produção do material no papel.

O pessoal da gráfica empacota os cartões impressos, reenvia para o estúdio e quando o designer abre o pacote, a surpresa: as cores estão diferentes, o azul então parece roxo! O xingamento começa: “A gráfica não presta! Mudaram minha arte!” (sem contar palavrões que não serão mencionados aqui).

Infelizmente, como designer profissional e para o bem da verdade, sou obrigado a dizer que geralmente a culpa é nossa. Quando não verificamos, ou ainda não compreendemos como funciona o processo de cores, os profissionais da produção gráfica terão que fazer milagres na hora de ajustar a carga de tinta para que o resultado final chegue, o mais próximo possível da nossa arte.

Por isso, muitas vezes, os profissionais gráficos e os designers se tornam uma espécie de arque-inimigos, cada um atribuindo culpa ao outro num ciclo redundante infinito. Vamos, então, tentar amenizar isso, pelo menos de nossa parte, aprendendo mais sobre os modos de cores.

RGB e CMYK: como funcionam

Os dois sistemas de cores operam de forma totalmente oposta. Enquanto o RGB é formado pela adição de luz, o CMYK funciona pela subtração da luz.

Isso acontece porque as cores RGB são criadas pela emissão de pontos luminosos a partir de uma TV por exemplo, enquanto que as cores CMYK são formadas por pigmentos ( tintas ) adicionados no papel.

Na comparação abaixo, o lado direito corresponde ao modo CMYK. Sendo assim, Ciano (lado direito) é a cor inversa do Vermelho ( lado esquerdo ), o Magenta é a cor inversa do Verde e o Amarelo é a inversa do Azul.

Comparação entre os modos RGB e CMYK

Assim, no lado direito:

  • Magenta + Amarelo = Vermelho;
  • Magenta + Ciano = Azul;
  • Ciano + Amarelo = Verde;
  • A mistura de todas as cores resultará em Preto.

Note que a imagem faz ligação entre CMY e RGB, indicando que são cores invertidas dependendo do modo (RGB ou CMYK).

Você pode conferir a inversão das cores em qualquer programa gráfico, como Photoshop por exemplo, bastando para isso pintar uma área qualquer de Vermelho, por exemplo, e selecionar a opção “Inverter” para que o Vermelho se transforme em Ciano.

A diferença gerada pela conversão RGB / CMYK

Quando temos uma imagem em RGB e desejamos convertê-la para CMYK, devemos saber que as cores básicas do RGB irão ficar bastante diferentes após a conversão. Por esse motivo, sempre que possível, trabalhe diretamente em CMYK.

Quando e como utilizar o modo RGB

Significando literalmente Vermelho (Red), Verde (Green) e Azul (Blue), o propósito do modo RGB é a exibição colorida em dispositivos eletrônicos como monitores de computador, televisões, datashows, câmeras digitas, ou qualquer dispositivo que emita luz. Em outras palavras, a utilização do modo de cor RGB não se destina a DTP, mas a criação de mídia virtual como filmes, galerias digitais, e todo o tipo de imagem exibida em tela.

O RGB é um “Sistema Aditivo” onde as cores são formadas através da “emissão/adição de luz” gerando pontos luminosos projetados pelo dispositivo de exibição, como um monitor de computador por exemplo.

Estes pontos de luz possuem 3 canais (Vermelho, Verde e Azul) e podem possuir até 255 níveis diferentes de tonalidade, podendo atingir até 16,7 milhões de combinações.

Resumindo:
Quando menos luz, mais preto e quanto mais luz é emitida, mais branco. Veja um exemplo de composição com os 3 canais do RGB:

Quando e como utilizar o modo CMYK

Também conhecido como “Cromia” ou “Quadricromia”, significa literalmente Ciano (Cyan), Magenta (Magent), Amarelo (Yellow) e Chave (a cor Preta, “Key”). O modo CMYK é utilizado para trabalhos gráficos destinados a mídia impressa como revistas, livros, cartazes, etc;

O CMYK é um “Sistema Subtrativo” onde as cores são formadas através da “absorção/subtração de luz” pelo papel branco em combinação com a intensidade dos pigmentos coloridos adicionados no papel. É exatamente o contrário do RGB que emite a luz, por isso a dificuldade de se reproduzir fielmente no papel todas as cores que existem na tela do monitor.

Estes pigmentos possuem 3 canais básicos (Ciano, Magenta e Amarelo) e 1 canal chave (Preto) para ajustar os contrastes. Podem possuir até 100 níveis diferentes, podendo produzir milhares de combinações.

Resumindo:
Quanto menos pigmentos, mais branco (pois o papel pode refletir mais a luz) e quanto mais pigmentos, mais preto. Veja um exemplo de composição com os 3 canais básicos do CMYK, para comparar com o RGB:

Você deve estar se perguntando:

Por que existe o canal chave “Preto” se é possível formar a cor preta misturando os canais básicos?

1. O preto impuro:
O preto gerado pela mistura dos canais básicos não é puro, podendo variar de acordo com a qualidade do papel utilizado para a impressão;

2. Rompimento do papel:
Para atingir o preto com apenas os canais básicos é necessário uma carga de tinta de 100% em todos eles e dependendo do papel e do clima, a impressão pode não secar ou pode ainda romper o papel se ele for muito fino;

3. Problema dos textos:
Os textos pequenos devem sempre que possível ser criados a partir do canal Preto, pois os textos gerados a partir de canais misturados nunca ficam com a resolução total, podendo ficar até embaçados se a impressora não estiver 100% ajustada;

4. Custo alto:
O pigmento preto é o mais barato de todos. Utilizar as outras cores mais caras para gerar o preto resulta em desperdício de dinheiro, pois a impressão ficaria pelo menos 5 vezes mais cara.

Veja um exemplo de composição com os 4 canais do CMYK:

Por enquanto é só e espero ter ajudado. Até o próximo artigo.

--

--

Ricardo Dias
CGNow
Editor for

Apaixonado por padrões, programação clara, elegante e principalmente manutenível. Trabalha como desenvolvedor deste 2000, incrementando a cada ano este loop…