Vamos parar de pisar em ovos e falar de solução de problemas? :p — Foto por unsplash.com

Um problema chato nunca vai ter uma solução legal

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“Um problema chato nunca vai ter uma solução legal”

Eu li esta frase, há muito tempo atrás numa revista. Não me lembro quem disse, em que contexto… Só que a frase ficou comigo. Era 2005 e eu trabalhava numa agência de publicidade. Imediatamente traduzi como “se eu acho o meu cliente chato, como posso criar algo legal para ele?”.

Corta para 2017, estréia da décima temporada de Doctor Who (eu tenho um ponto válido, juro, continue comigo :). Ao escolher uma nova companheira de aventuras, o Doutor justifica: “Outras pessoas, quando não entendem algo, franzem a testa. Você sorri”. Então Bill, a escolhida, sorri. E eu, do outro lado da tela, também.

Costumamos classificar aquilo que não entendemos como um problema. E “temos um problema” é a frase mais temida por 9 entre 10 pessoas, segundo o instituto de pesquisa Data Euzinha. A palavra “problema” carrega uma enorme carga negativa. Problema é algo que precisa ser resolvido, exterminado, queimado, reduzido a cinzas e enterrado no meio do deserto a 30 metros de profundidade.

Mas… e se não?

Problema para a filosofia é, em geral, qualquer situação que inclua a possibilidade de uma alternativa. É a constatação de que um fenômeno observado não tem sentido único, ele pode ser construído por várias alternativas.

Neste contexto, um problema é algo que nos oferece opções, chances. Ao contrário da imagem da pedra no caminho, um problema estaria mais para uma bifurcação (ou trifurcação — uma palavra que, surpreendentemente, existe).

A criatividade sabe disto. A criatividade adora um problema. É a oportunidade perfeita para criar. Um momento da estrada em que, de repente, eu preciso escolher entre vários caminhos — muitas vezes não desbravados, novos, obscuros. Como seguimos? A pé, de carro? De barco? Voando?

Ao chegar numa bifurcação (ou trifurcação) que não consta no seu mapa, como você se sente? Assustado? Animado? Paralisado? Conheça bem seu caminho para notar estes pontos. E mantenha-se consciente de si para notar como você reage. Não tema perguntas, não rechace diferenças. Aceite o susto inicial de encontrar algo estranho. Tente absorver e buscar opções para transformá-lo em algo novo na sua vida. Talvez nem sempre seja possível, mas somente o processo já poderá te revelar algumas pérolas.

O ímpeto de mudar só é possível quando encontramos algo que não se encaixa muito bem na nossa visão pré-formatada de mundo. Ela pode ser confortável e quentinha, mas também é muito limitada já que, queiramos ou não, o mundo está sempre mudando. Mudar é dolorido. Aprender é difícil. Mas evitar estas duas coisas só vai causar ainda mais dor.

Por aqui, tenho feito um esforço para ser a pessoa que sorri quando ouve algo que não entende. Me parece a porta de entrada para uma vida cheia de novas aventuras. Quando o problema deixa de ser um estorvo, fica bem mais simples encontrar uma solução legal para ele. Não é fácil e já sei que muitas vezes vou falhar nesta missão… É, um problemão que fui me arrumar….

Sorriso :)

Os problemas anda se multiplicando na quarentena. Nem sempre são recebidos com sorriso mas têm instigado coisas novas. Encontre meus projetos de marca em www.danilima.com.br.

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Dani Lima | Product Designer and Brand Designer
Chá com Design

Designer apaixonada por entender problemas complexos e criar soluções digitais simples, úteis e agradáveis | www.danilima.com.br