BIG Festival 2019 reúne mercado de games independentes

São Paulo foi mais uma vez palco do maior evento de jogos independentes da América Latina, o BIG Festival

Gustavo Maganha Andria
Chá de entretenimento
5 min readDec 16, 2019

--

Por Gustavo Maganha e Nicolas Nakamura

Matéria publicada em: https://revistaesquinas.casperlibero.edu.br/arte-e-cultura/eventos/games-indies/

A última edição do BIG Festival foi sediada no Club Homs, na Avenida Paulista / Foto: Claudio Rossi / Divulgação

Contando com mais de 75 milhões de pessoas ligadas aos games, o Brasil apresentou faturamento de US$ 1,5 bilhão em 2018, segundo dados da Newzoo, com uma projeção de crescimento de 13,5% ao ano, acima da média mundial. Aliado a expansão do setor estão os eventos, que trazem a indústria mais próxima dos jogadores e auxiliam o espaço conquistado pelos games.

O BIG Festival acontece desde 2012, com o objetivo de fortalecer o cenário no Brasil, ao mesmo tempo que prestigia jogos independentes de todas as partes do mundo, disponibiliza gratuitamente ao público palestras, exposição de games e a tradicional cerimônia de premiação, envolvendo produções nacionais e internacionais. Confira a lista completa dos vencedores aqui.

A edição de 2019 aconteceu no Club Homs, na Avenida Paulista, entre os dias 26 e 30 de junho, com o apoio da Apex Brasil e da Abra Games. O evento de jogos independentes, o maior da América Latina, contou com 54 games na premiação e mais de 35 mil visitantes, segundos dados do próprio festival. A organização do local foi dividida entre a área destinada ao público, como estandes de desenvolvedores, e a área de negócios.

She Dreams Elsewhere, jogo estadunidense, concorreu em quatro categorias diferentes / Foto: Divulgação

Os destaques

Dentre os games que estavam disponíveis no BIG Festival para demonstração, Sky Racket se destacou por misturar o gênero block breaker com shoot ’em up. O jogador controla um personagem que é capaz de refletir ataques dos inimigos e desviar rapidamente. Este concorreu a melhor jogo brasileiro e melhor gameplay, porém acabou não levando o prêmio, que ficou com o game Adore. Este possui uma jogabilidade que lembra Diablo, vide a perspectiva da câmera panorâmica e o Head up display que o personagem principal apresenta, possuindo a habilidade de capturar inimigos no cenário para lutar por ele. O jogo já havia sido demonstrado no festival do ano passado.

Outro game também disponível para teste era Gris, que levou na categoria de melhor jogo. Foi desenvolvido pelo Nomada Studio e distribuído pela Devolver Digital. Discute temáticas como a depressão de uma forma sutil por meio das cores e da personagem que o jogador controla ao longo da jornada. Além de ser reconhecido como o melhor jogo do festival, Gris também ganhou o prêmio de melhor arte.

O Big Festival também reuniu jogos com um approach mais educativo. Fake News, Isto não é um jogo, é um experimento que coloca o jogador na pele de uma pessoa que tem a oportunidade de compartilhar notícias reais ou falsas. O jogo funciona como uma espécie de Tinder, basta arrastar o dedo para compartilhar a notícia ou não. Caso o jogador opte por compartilhar notícias falsas estas impactarão diretamente na conclusão da história, que pode ter finais catastróficos.

A produção nacional “Sky Racket”, concorreu em duas categorias / Foto: Divulgação

Por trás dos jogos

No espaço destinado aos negócios, membros das empresas independentes reuniram-se com representantes de companhias para o fechar parcerias. Foram disponibilizadas também sessões de conversa sobre o mercado e atendimentos voltados à economia de games. Metade do espaço total do BIG Festival foi destinado a essa área, estreitando a maior parte do público a apenas uma parte do Club Homs, o que limitou a capacidade dos locais de palestras e do número de estandes.

Em conversa com desenvolvedores independentes, todos ressaltaram a importância de existir um evento voltado a games desse tipo. Liferson Molinari, ilustrador e animador da Electric Monkeys, ressaltou o clima bacana que o evento proporciona ao público e aos profissionais, promovendo uma interação única. Também conta que o principal fator para a produção de um jogo independente é o planejamento. “A primeira coisa é planejar ao máximo o que você quer fazer e aonde quer chegar, para assim ter noção de como distribuir seu tempo e não ficar empurrando o projeto com a barriga”, diz Molinari. A Electric Monkeys atualmente desenvolve Gravity Heroes, um jogo de ação com combates de até quatro jogadores em arenas, sendo a gravidade um fator determinante para o andamento dos confrontos.

Renan Rodrigues, diretor da Supernova, tem o jogo Fertiliel financiado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). “Nós estamos criando um gênero, misturando elementos já existentes. O nosso jogo tem uma certa inspiração nos simuladores de namoro japoneses, mas aqui o jogador é o cupido”, explica Rodrigues sobre o game. Com previsão de lançamento para 2020, possui elementos de RPG e o jogador poderá customizar os personagens colocando imagens de pessoas famosas e fictícias.

Entre 2016 e 2017, ocorreu um edital feito pela Ancine para o investimento de 10 milhões de reais em jogos independentes. Rodrigues e seus sócios participaram deste edital e ganharam na terceira categoria o investimento de 250 mil reais. “Estamos investindo esse dinheiro nos gráficos, animações e em pagar equipe para desenvolver esse jogo da melhor maneira possível. Uma vez lançado o jogo, a Ancine tem uma porcentagem das vendas do jogo. Até a gente pagar esse dinheiro, 80% da receita fica para a Ancine, quando pago, cai para 40%”, de acordo com o desenvolvedor.

Adore foi premiado na categoria “Melhor Jogo Brasileiro” / Foto: Divulgação

Área em expansão

O BIG Festival, evento que reúne diversos jogos independentes nacionais e internacionais ganhou mais uma marcante edição este ano. Com vários jogos de sucesso e também muitas revelações, é incontestável a importância do evento para o cenário de games no Brasil. Apesar de acontecer desde 2012, ainda é um festival em expansão, passando por vezes despercebido pelo público jogador, se comparado com feiras como a Brasil Game Show. O ponto forte é a possibilidade de testar diferentes tipos de jogos e interagir diretamente com desenvolvedores que se esforçam para entregar um produto final de boa qualidade.

Contudo, com a troca de endereço para o Club Homs a organização ficou bagunçada este ano. A expectativa de receber cada vez mais público exige que, em próximas edições, o BIG Festival faça valer o nome e seja uma referência para não só o cenário de games independentes latinos, mas também mundial.

--

--