Um ano de formado, e aí?

Diego Freitas Furtado
Chamiska
Published in
3 min readAug 17, 2020
O cabelo ta muito da hora, desculpa aí.

Liguei o Frank Sinatra aqui, “Thats’ life”, recomendo. É uma tristeza bonita.

Nada pode ser mais melancólico do que uma música no estilo dos anos 20

Esse é o quarto texto que começo sobre a minha formatura e sinceramente, espero chegar ao final. É bonito escrever, mas é triste dizer que não ando otimista.

Sempre fui alguém que se esforçou para ver o lado bom das coisas durante a vida. Na verdade, a beleza da vida é realmente ver o lado bom, a tristeza é saber que nem todo mundo pode ser ajudado, muitos não querem ajuda.

Hoje completo um ano de formado, não estou triste, não estou estou feliz, mas sei que cada dia eu fico mais próximo do meu objetivo, seja ele qual for. Não ando preocupado em comprar o carro do ano ou viajar pelo mundo, a pandemia me propôs uma reflexão cruel nesse sentido: Diego, quem você é? Tô preocupado em manter isso em dia, tenho conseguido, tenho me ajudado, tenho torcido a realidade ao ponto de ver beleza nas coisas.

Sou quase um terraplanista, de tanta criatividade em pleno 16 de agosto.

Não sei o motivo, mas foto de lua sempre cai bem. Aí coloquei aqui, admire sem moderação.

E você, “leitor”? Quem é?

Talvez você responda a sua profissão. Isso não te define, ao menos não deveria. Quem você é, exige um pensar, exige respostas complexas e quem não façam sentido. Nessa de achar respostas, encontrei algumas desagradáveis e outras que como o esperado, não fazem nenhum sentido.

A primeira delas é que não gosto de pessoas da maneira geral, sou seletivo com as minhas amizades ao ponto de ir no inferno e voltar. Prefiro a vizinhança de lá, é mais quente, fazem mais barulho e como vocês sabem, o inferno não existe. Assim como os meus amigos, surreais em suas propriedades.

Descobri que a vida passa, faz diferença quem fica.

Como família eu descobri que sou meio egoísta, ainda recebo ajuda de todos eles, mas durante boa parte da pandemia evitei o contato com todos. É fácil ser alguém isolado, viver sem conflitos, sem diferenças, sem ninguém por perto. Não me entenda mal, mas a solidão em excesso é um passo para te tornar alguém chato, alguém que não tolera barulho, diferenças, outras pessoas. É sedutor romantizar o isolamento como alguém que suporta tudo sozinho.

Querido, não pago nem minhas contas sozinho. Não posso admitir que vivo bem sem ajuda de ninguém. O egoísmo e o orgulho te seduzem, é uma vaidade achar que você não precisa de ninguém e de uma inocência tão infantil que beira a pré-escola.

Volto, respiro e me pergunto. Quem sou eu?
Enquanto profissional eu erro as vírgulas, demoro para fazer várias coisas, mas tenho boas ideias. A criatividade e pragmatismo me salvam em alguns momentos, não devo ser tão ruim. Juro.

Inspiro e pergunto uma outra vez, agora olhando para a estante. Quem sou eu?
Se bem me lembro, essa é a primeira pergunta do livro “ No mundo de Sofia”, tido como clássico da literatura e da filosofia, nunca terminei de ler, tipo todos os livros da escola e do cursinho. Catava o resumo e lia, não sou obrigado a nada. Porém, citei aqui, olha como eu egano bem?

Ainda me pergunto, quem sou eu?

Diria que sou tudo isso, mas a resposta mais curta é: imperfeito, teimoso e debochadamente mestrando. Em inglês chamam jornalista de watchdog, cão de guarda da sociedade, nesse caso sou o vira-lata, mas com pedigree e raça de underdog, descraditado, azarão.

Não falo, não lato e não passo raiva. A minha diferença é que se eu morder o osso, nunca mais vou soltar. Jornalismo é o osso, eu sou o cachorro e não tenho a pretensão de ser adestrado. Me aguardem depois do mestrado.

Aviso que não preciso fazer sentido, mas preciso ser real, de carne e osso, em alguns momentos visceral e sem sentido algum. Meu diploma não me define, mas se tudo der certo, ainda vou incomodar muita gente.

Terminei o texto depois de 2h e 30 min. Eu disse, não vou soltar o osso jamais.

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Diego Freitas Furtado
Chamiska

Jornalista por necessidade, sonhador pela obrigação e implicante através do talento. Link para ver as redes sociais que eu não atualizo: bit.ly/freitasfurtado