Chicas Poderosas 2018 — Do Sudeste ao Sul do País, inovação para lidar com o ceticismo do consumidor de informação

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Chicas Poderosas
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4 min readDec 6, 2018

Na preparação para o New Ventures Lab 2019, mulheres de várias áreas de atuação apresentaram propostas de como solucionar pontos de dor do consumidor de informação da era digital

https://vimeo.com/303165526

Em 2018, os sprints de Design Centrado no Humano das Chicas Poderosas passaram pelo Brasil, durante o mês de novembro, provocando mulheres que atuam com mídia digital independente a criarem protótipos e soluções sustentáveis para uma questão mais que atual — especialmente após as eleições nacionais: Informação digital — o que incomoda você? Os grupos desenvolveram soluções que abordaram pontos de dor dos consumidores de notícia e que vêm desafiando a indústria da comunicação digital, como a ética dos algoritmos, bolhas, verificação de notícias.

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Os sprints, que servem como plataforma disseminadora da metodologia de Human Centred Design, essencial para quem quer empreender com inovação com poucos recursos e assertividade de resultados. Também são a primeira parte do funil de seleção de projetos que serão acelerados no New Ventures Lab, em 2019, primeira aceleradora do mundo de negócios de mídia digital independente, liderados exclusivamente por mulheres. Este ano, as sessões passaram por São Paulo, Rio de Janeiro, capitais de estados do Sudeste, e Florianópolis, no Sul do País.

Em São Paulo, 24 chicas poderosas se reuniram no espaço da Mastertech, no Wework

SP — O primeiro sprint aconteceu no dia 3, em São Paulo, com apoio da Mastertech, hub de disseminação de conteúdos digitais disruptivos, com sede no Wework, na Avenida Paulista. Com 25 participantes, o grupo foi composto em sua maioria por jornalistas e designers com experiência prévia na indústria de mídia mainstream ou com projetos independentes já rodando ou em fase de teste. Diante do desafio de entender como melhorar a relação do usuário com a informação no meio digital, surgiram entre os protótipos, tecnologias de verificação de informação via diferentes plataformas e circulação de conteúdo sem canibalizar a monetização de veículos pagos. Também existiu a preocupação com o transitar da informação entre os mundos online e off-line.

“Em todos os casos, os protótipos já apresentaram esboços de modelos de negócios, indicando preocupação com a sustentabilidade financeira dos projetos, princípio essencial dessa metodologia, aplicada nos projetos acelerados no NVL”, explicou Ana Addobbati, gerente do NVL e alumni Chicas Poderosas, que facilitou o sprint ao lado das empreendedoras da plataforma Ada, acelerada também no primeiro NVL, Diana Assenato e Emily Canto Nunes.

No Rio, ativistas, designers, jornalistas se reuniram na Echo Escola de Design Thinking, em Ipanema

RJ — No Rio de Janeiro, o grupo foi composto por ativistas, comunicadoras de grandes veículos e de mídia independente, profissionais de Direitos Humanos e outras áreas. Realizado no dia seguinte ao do capítulo paulista, na Echo Escola de Design Thinking, em Ipanema, o sprint carioca trouxe a preocupação ética com a transparência na programação dos algoritmos das redes para que os usuários tenham autonomia para definir como querem a circulação da informação em suas bolhas, entendendo estas como processo inevitável quando se está inserido em mídias sociais, mas perfeitamente controláveis.

A chica poderosa Gabriela Allegro, especialista em Comunicação Não-Violenta, também integrou, juntamente com Ana Addobbati, a facilitação do capítulo carioca, criando uma reflexão profunda sobre a importância de ouvir os usuários antes de propor soluções, como prevê a metodologia do Human Centred Design.

Em Floripa, o sprint ocorreu no Co-madre Cowork com apoio da Dialetto Comunicação Digital

SC — Em Florianópolis, o Design Sprint aconteceu no Comadre Cowork, no bairro de Santa Mônica, com patrocínio da Dialetto Comunicação, agência de marketing digital que assumiu a missão de fomentar um ecossistema local feminino de inovação. Com um grupo diverso e interdisciplinar, composto por designers UX e developers, o capítulo catarinense uniu uma diversidade ímpar de expertise e trouxe um olhar importante para as tecnologias das plataformas — como estas podem ser protagonistas de uma revolução digital positiva, respeitando o usuário na época da hiperinformação e das notícias falsas.

Fake News — Aliás, a preocupação com a verificação de notícias foi uma constante em todos os grupos, indicando que há uma pressão bottom up para que os veículos de comunicação e plataformas de distribuição de conteúdo assumam protocolos de fact-checking como parte essencial do comunicar. Nas três cidades, porém, surgiram protótipos que dão autonomia para que o consumidor de notícias assuma as rédeas do processo, utilizando meios multiplataforma, a partir da realidade fragmentada de canais de absorção de conteúdo que existe.

“Na minha opinião, isto evidencia uma era de ceticismo para com a mídia, porém, com a consciência clara por parte de todos do quão valiosa esta é para a vida cotidiana em sociedade. Porém, esta não pode negligenciar formato, transparência e protocolos de apuração de notícias”

Ana Addobbati, gerente do NVL.

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