13 tipos de entrevistador que você NÃO deve ser durante um briefing

Vinny Campos
Choco la Design
Published in
7 min readOct 19, 2015

Se você trabalha como freelancer, tem sua própria empresa ou trabalha com demandas solicitadas por um cliente, uma coisa é certa, seus projetos serão baseados na interpretação de um briefing. Mesmo em casos em que o briefing chega pronto e fechado, o contato com o cliente pode ajudar a tirar dúvidas, evitar retrabalhos e ainda vai ajudar a se conectar com seu cliente e atingir os objetivos do projeto de maneira mais orgânica e eficiente.

Eu separei aqui neste post treze tipos de pessoas que você não deve ser no momento de fazer um briefing. Portanto, se você se encaixa em algum desses perfis, saiba o que evitar nessas situações:

1. Inquisição / Tortura

O designer pressiona o cliente e o faz falar coisas que nem ele gostaria de falar, questiona suas ideias e referências, criando um relacionamento hostil e fazendo com que o cliente tenha medo das consequências de uma resposta “errada”.

Solução: Esse tipo de abordagem pode deixar marcas por todo o projeto, pois um bom relacionamento nasce da criação de um ambiente de confiança. Se o seu cliente não sabe quais caminhos seguir, pressionar não é o caminho. Tente partir pelo caminho contrário, o que não pode ser feito? Do que ele não gosta? As vezes é difícil falar o que gostamos, mas o que não gostamos é algo certo. Converse sobre o mercado e foque no objetivo dele e como alcançá-lo.

2. Policial bom e Policial mau

Para essa entrevista, são necessários no mínimo duas pessoas entrevistando o cliente. São duas pessoas diferentes com maneiras diferentes de lidar, mudando o tom da conversa, confundindo o cliente. Se interrompem e discordam entre si durante a entrevista.

Solução: Evite esse tipo de confusão, quando for entrevistar seu cliente, combine anteriormente com sua equipe para que todos falem a mesma língua. É importante que em uma reunião de briefing em grupo não existam filtros, porém, as experiências de cada um devem somar ao projeto. Mostre ao seu cliente a sinergia de vocês.

3. Confessionário

Ambiente sem julgamento, onde o cliente encontra no designer uma pessoa que irá livrar ele de seus problemas, um local de desabafo, mas que depois pode acabar vindo com uma penitência…

Solução: É preciso equilíbrio para não ser apenas um receptor passivo, mas alguém pronto para ajudar e contribuir ao projeto. Escutar é o ponto mais importante de uma reunião de briefing, porém, coloque um pouco de você no projeto, contribua para o crescimento com suas ideias. Afinal, seu cliente procurou você esperando o resultado das experiências que cada um pode somar ao projeto.

4. Terapeuta

O designer entra dentro da psique do cliente, está desde os primeiros contatos analisando cada movimento, e fazendo anotações o tempo todo. Coloca o cliente no divã e o deixa falar por horas, e nem sempre sobre o projeto.

Solução: Durante as nossas entrevistas e conversas com os clientes, assuntos do dia-a-dia irão surgir, e podem contribuir para que entenda o perfil do seu cliente, são informações valiosas. Mas cuidado para não se distrair e acabar seu tempo com o cliente falando apenas de assuntos que fujam do projeto. E lembre-se: anotar é importante, mas escutar com atenção e empatia podem fazer a diferença na relação cliente + fornecedor.

5. Garçom de “Corno”

É o designer que só é procurado quando o cliente tem um problema e geralmente já não é a primeira vez, a reunião é em um bar ou restaurante, durante a noite. O cliente volta sempre contando a mesma história, e prometendo que é a última vez para refações e ajustes…

Solução: Clientes fiéis são os que confiam em nossos conselhos e que sabem que estaremos lá para ajudar, mas tenha cuidado, pois se ele volta sempre com as mesmas queixas, talvez você apenas esteja ouvindo os problemas e não sugerindo soluções para mudar ou resolvê-los. Se o seu cliente volta sempre com os mesmos problemas, está na hora de uma intervenção. Não deixe ele ser o último a saber.

6. James Bond

Chega equipado com todos os seus gadgets na reunião, aguarda as informações da missão como uma palestra e só faz perguntas sobre a missão. Frio, calculista, focado… e possivelmente manda olhares indiscretos para tentar conquistar membros da equipe do cliente através da sedução.

Solução: É preciso criar a habilidade de romper a barreira “da missão”, e criar um laço emocional com seu cliente, pois em alguns casos a resposta para as soluções do projeto ou para um crescimento passa por conhecer quem irá aprová-lo e como convencer a ele de seus argumentos. A empatia e a quebra de formalidades é um perigo que pode trazer problemas no futuro, portanto, saiba dosar até onde ir.

7. Artista

Tem as melhores ideias, se diz um gênio para o cliente, mas no fim basta aparecer um trabalho melhor para ele trocar o cliente e deixar o projeto inacabado. Ciumento com suas ideias e fechado com as ideias do cliente, foge dos objetivos do projeto para objetivos pessoais.

Solução: Durante a entrevista, é importante que não deixe seus prazos em aberto, e que avalie as ideias que irá sugerir para que não comprometa seus prazos ou a qualidade do projeto. Só se comprometa com o que pode entregar. E lembre-se de envolver seu cliente no projeto, mesmo que ele permita que você crie sem regras, o famoso “confio em você”, que só dura até a entrega. No fim, a palavra final é do cliente e o retrabalho é seu. Por mais que um trabalho livre de regras possa parecer um sonho, rapidamente vira um pesadelo por uma falta de definições de objetivos e caminhos.

8. O Burguês

Esnoba o cliente, gera formalidades demais, usando palavras difíceis para demonstrar superioridade intelectual. Apenas o enxerga como um plebeu, ignorante sobre design e tudo o que ele é capaz de fazer.

Solução: O seu cliente é a fonte mais importante de dados sobre o mercado dele, ele pode ser um ignorante em relação a Design, mas o fato de que ele procura você já mostra que quer investir nessa deficiência. Trabalhe junto ao seu cliente sempre. Simplifique seu relacionamento: formalidades são importantes, mas podem gerar barreiras e burocracias (aquelas que sempre que precisa de um serviço, você é o primeiro a reclamar).

9. Rockstar

Já chega com diversas exigências e não escuta muitas sugestões, afinal, seu show já está pronto. Inverte o papel com o cliente, se colocando acima de todo o projeto, quase chegando ao ponto de substituir o logo do cliente pelo seu.

Solução: Seu cliente faz parte do show, quer cantar junto, subir no palco e quem sabe dar uma palhinha com a banda. Envolva ele em suas decisões. Cada cliente tem um perfil, se chegar com muitas exigências, você pode, ao invés de resolver um problema, criar novos. Lembre-se: o Rockstar não é nem você, nem o cliente, o Rockstar é o projeto e seu público. Permita-se ser o roadie, baixista, baterista ou outra peça fundamental para que o show aconteça.

10. Cartomante

Ele se considera um guru do projeto, e ao invés de perguntar para o cliente suas dúvidas, fica o tempo todo tentando adivinhar: “Você gosta de amarelo?” ao invés de perguntar “Qual cor você tem em mente?” Atende em locais pouco confiáveis, e no fim acaba levando o cliente a desconfiar de que é tudo um truque.

Solução: Aproveite a presença do seu cliente para perguntar diretamente sobre seus objetivos, pois tentar adivinhar pode gerar refações desnecessárias e atrasar seu projeto. Sempre opte por perguntas objetivas, quanto menos aberto, menos chances de erros. Se você se perde em reuniões, crie um roteiro para auxiliá-lo. Estude o mercado do seu cliente antes da reunião, e isso sim irá mostrar a ele que você pode ter poderes paranormais!

11. Clark Kent / Superman

Começa a entrevista atencioso, gentil, mas logo toca o telefone e tem que terminar logo a conversa para ir “Salvar o Mundo”. Desatento aos problemas do cliente, sempre acha que no mundo existem problemas maiores para resolver.

Solução: Reserve um tempo para a conversa com seu cliente, caso tenha algo marcado para depois, deixe isso claro logo de início para evitar o constrangimento de largar a conversa na metade. Reuniões de briefing podem ser rápidas ou demoradas, vai variar pelo tipo de projeto e sintonia entre as partes, mas é a parte mais importante do seu projeto, valorize esse tempo. Voltamos a falar de empatia, o projeto do seu cliente pode ser algo pequeno, mas pra ele, é de extrema importância.

12. Dori

Quem lembra da peixinha Dori do filme “Procurando Nemo”? Desmemoriada, ela esquece rapidamente o que foi dito, segundos atrás. Costuma demonstrar tanto impaciência quanto otimismo (“continue a nadar…”), mostrando que o projeto será uma grande aventura.

Solução: Atenção é fundamental para que sua reunião de briefing não fique dando voltas no mesmo assunto. Se seu cliente rejeitou uma ideia, é válido defender, mas nem sempre vale ficar voltando nela o tempo todo. Aprenda com cada informação que o cliente passar, positiva ou negativa. Otimismo, alegria e bom-humor são fundamentais para uma boa relação com seu cliente, mas cuidado para não gerar expectativas que não poderá concretizar. Não prometa arranha-céus se só pode entregar uma casa!

13. Bruce Banner / Hulk

Tímido, fechado, e com um grande problema de controle de humor. Basta uma rejeição de ideia para que liberte o monstro escondido: fecha a cara e não quer mais escutar nada que venha do cliente, nem mesmo as boas ideias. Geralmente, quando se acalma, acaba descobrindo que o cliente tinha razão e concorda com suas sugestões, mas pode ser tarde demais.

Solução: Não deixe as suas emoções o dominarem! O quanto antes você aprender que apenas a soma de ideias irá criar a verdadeira transformação que o cliente procura em seu projeto, antes terá paz e irá entender que ambos querem o melhor para o projeto. Resumindo: não seja um mimadinho!

Conclusão

Em um relato pessoal, eu confesso que ainda me divido as vezes entre cada um desses personagens. É um aprendizado constante nos dividir e agregar o melhor de cada personalidade, mas o importante é saber identificar em qual padrão está no momento para reverter e concluir sua reunião com sucesso. Antecipe as suas necessidades futuras, aproveite esse momento para ganhar tempo no futuro, pois o o equilíbrio é o caminho.

Eu adorei escrever esse post, acho que ainda conseguiria escrever mais alguns tipos. Quem sabe uma segunda parte?

Você gostou? Tem dúvidas? Faltou algum tipo de entrevista? Quem é você na fila do pão?

Deixe nos comentários que ficarei feliz em ajudar.

Quer Saber Mais Sobre Briefing? Veja esses dois artigos daqui do Choco:

Mas e o briefing…?

7 itens básicos de um bom briefing

Originally published at Choco la Design.

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