Como começar a trabalhar como freelancer? Design Edition

Cassia Tofano
Choco la Design
Published in
7 min readJan 20, 2019

Este não é um guia definitivo mas sim um formato de trabalho que uso e tem dado certo com meus projetos.

Antes de tudo é preciso deixar claro que sou designer e vou usar como base a minha área de atuação e experiências, se você não é designer, algumas coisas podem não se adequar a sua profissão, mas tenho a certeza que em regra geral quem trabalha como freelancer digital encontrará muitos pontos em comum.

Tenho quase 8 anos de experiência e desde que comecei a me interessar pela profissão, faço trabalhos como freelancer, fiz de tudo ao longo dos anos, de sites criados com tabelas a banners em flash indo até o clássico cartão de visitas. Como todo designer, somos obrigados a saber fazer de tudo um pouco, mas criar um formato de trabalho é extremamente difícil e para quem está começando é mais difícil ainda, pois geralmente não temos experiência em precificar, não temos controle dos nossos horários e ainda sempre fica aquele medo de fazer besteira e cometer algum erro. Por entender bem este sentimento eu decidi escrever este artigo para tentar ajudar quem está com dificuldades para começar.

1. Encontre um valor mínimo:

Quando comecei eu cobrava de forma bem louca, não tinha um padrão, já cheguei a fazer um “logo” por R$30,00, foi meu primeiro trabalho e fiquei com muito medo de o cliente não gostar e pagar caro por aquilo. Mas isso é besteira, o fato de você não ter experiência pode sim influenciar no resultado, mas se o cliente não gostar ele vai falar e você vai dar a ele o direito de fazer outras opções e de um jeito ou de outro você vai conseguir criar algo que o satisfaça. Então depois de muitos projetos quase que de graça eu resolvi procurar algo que me ajudasse a encontrar valor satisfatório e que julgo ser justo para ambos os lados, esse método é o famoso “calcule seu valor por hora de trabalho”. Não sei se você já ouviu falar, mas esse formato me agradou bastante, funciona da seguinte forma.

1) Pegue seu salário bruto
2) Divida ele pelo os dias de trabalho
3) E depois divida pelas horas de trabalho

Vamos usar como exemplo um salário médio de um designer gráfico pleno no Brasil (Love Mondays) que é de R$2.500,00. Então vamos dividir esse valor por 23 dias que dá no total de R$108,00 depois vamos dividir por 8h de trabalho que dá R$13,50. Este será o valor mínimo que você deve cobrar por hora, mas isso não vai representar o custo total de trabalho, você deve incluir seus outros gastos como energia, material, talvez transporte, etc; assim você chegará a um valor justo e confortável. Como calcular esses outros itens vai ser com você, pois cada casa tem um valor X de energia, tem profissionais que usam dois monitores, tem gente que precisa imprimir trabalhos, enfim, adeque os custos a sua realidade, mas tente não colocar 100% da sua conta de luz na mão do cliente, seja justo.

Dica: Para quem está começando este valor já está bom, você vai ganhar uma boa grana e uma boa experiência também. Agora se você já tem uns anos nessa estrada, recomendo fortemente que coloque uma porcentagem maior de lucro, afinal anos de experiência merecem uma recompensa.

2. Cobrar por hora ou por projeto?

Este é outro item que deixa muita gente confusa, afinal de contas cobrar por projeto requer que você faça o mesmo calculo várias vezes, e cá entre nós, somos de humanas e fazer contas toda hora não é com a gente. Ao mesmo tempo que cobrar por hora as vezes é prejuízo, então como fazer para decidir o melhor método? Bom, vai depender da sua velocidade e da sua experiência, por isso vou te dizer os prós e contras de cada item e você vai escolher qual formato usar.

Por hora

Prós:
- Se o projeto for muito grande, você vai lucrar bastante.
- Se você for bem organizado com horários vai se dar bem.
- Você não terá que definir preços por projetos.

Contras:
- Você terá que passar ao cliente uma média de horas que vai gastar, pois ele não poderá ser pego de surpresa na hora de pagar.
- Dependendo do cliente, você terá que usar uma ferramenta que grave a sua tela e envie prints a cada X minutos para o mesmo.
- Se o projeto for muito curto/rápido não será tão vantajoso.

Por projeto

Prós:
- Você pode criar uma tabela de valores por projeto e dessa forma será mais fácil de repassar o valor para o cliente.
- Você sabe exatamente quanto vai ganhar.
- Se trabalha com criação de app/site é bem vantajoso pois pode cobrar por telas, ou seja, independente de quantas telas você for criar o valor vai ser X por cada uma.

Contras:
- Quando o cliente pedir ajustes você não ganhará por eles.
- Como o cliente acaba sabendo do valor na hora, eles costumam chorar bastante para diminuir o preço do orçamento.
- Dependendo do projeto, você terá que montar uma mini arquitetura para ter uma noção de valores.

3. Como receber a grana?

Antes de tudo, deixe claro para seu cliente que você não começa a trabalhar antes de receber 50% do valor primeiro. Isso é super importante
para que você não saia no prejuízo, muitos desistem do projeto e sem essa metade do pagamento você vai ser muito prejudicado. Mas para receber eu recomendo o mais simples de todos que é transferência/deposito bancário, normalmente são pessoas com projetos simples e criar boletos ou até receber o dinheiro em mãos é bem chato. Tem casos de ser empresas grandes que precisam de documentos para mandar para contabilidade, nesse caso você precisa de um RPA ou até mesmo ter uma empresa para gerar uma NF. Mas isso é bem raro de acontecer e normalmente vem quando se tem muitos anos de experiência.

4. Preciso fazer contrato?

Olha, este item é o mais desejados por todos os designers, trabalhar com contratos de trabalho e assinada por ambos os lados. Mas é um pouco complexo pois você vai precisar criar toda a documentação por cada trabalho que fizer e terá que descrever tudo o que você vai fazer, ou seja, leva um bom tempo. Hoje eu trabalho com contratos apenas para projetos grandes, com pessoas que não conheço e/ou com empresas, posso inclusive futuramente mostrar como criei ele.

Mas não é um item obrigatório para você começar a trabalhar com freelas, o que é obrigatório é algo com o histórico do projeto (até WhatsApp serve), alguma coisa que tenha documentado toda a solicitação do cliente e a sua parte com os valores. O melhor de todos é email, assim que recebo um solicitação de orçamento, seja por behance, dribbble, WhatsApp, eu sempre preço que a pessoa me envie a solicitação por email para que tenhamos um histórico do projeto. Então se for necessário crie uma conta profissional e passe a usa-lo com seus clientes, inclusive recomendo a do google para ter o drive incluso.

5. Aonde armazenar?

Na nuvem! Nada de deixar o psd guardado no seu computador. O cliente está pagando por este arquivo e é seu dever compartilhar com ele tudo o que você criou para o projeto. No meu caso eu uso o drive mas existem muitos outros serviços de nuvem que você pode usar. Eu crio uma pasta e a compartilho com o cliente, então tudo que eu crio ele tem acesso quando e onde quiser.

6. Acabei o projeto e agora?

Bom, agora é enviar um email pra o cliente deixando claro que finalizou todas as tarefas e que agora ele precisa pagar os outros 50% do valor acordado entre vocês. Se quiser aproveite e pergunte se permite que você publique o trabalho no seu portfólio. Confirme que ele recebeu tudo certinho e caso trabalhe com um projeto que envolva desenvolvedor tenha certeza de que ele conseguirá pegar seus arquivos, recomendo usar o zeplin. É nossa tarefa entregar os assets e informações do arquivo (fonte, cor, grid…) para quem vai desenvolver.

Dicas bônus:

  • Dê uma quantidade máxima de ajustes não cobrados ao cliente, fale que cada tela/arquivo terá no máximo 5 ajustes e que passando disso ele terá que pagar pelo menos metade do valor da tela/arquivo.
  • Tente pegar o máximo que poder de detalhes do projeto.
  • Inclua benchmark, wireframe, protótipo, teste, design system, etc; no seu orçamento. Não precisa colocar como um item a parte pois eles vão tentar tirar para diminuir o valor, inclua sem ele perceber no valor pois é algo que você vai fazer independente se o cliente quiser pagar ou não.
  • Para trabalhos internacionais, use o PayPal para receber e tente usar a média salarial do país que veio a solicitação para calcular o valor.
  • Esteja preparado para um possível cliente doido, aquele que pede milhões de alterações sem ter a menor noção do que está pedindo. Infelizmente é nosso trabalho fazer o que pedem.

Bom, essas foram algumas dicas para que consiga começar a trabalhar como freelancer e tenha bons retornos profissionais. Como falei antes, não é uma fórmula exata e talvez você não se encaixe nesse formato de trabalho, recomendo entrar em grupos de profissionais (Como o UXUI-BR) e bater um papo com outras pessoas para pegar o máximo de feedback possível.

É isso, obrigada por ter lido este artigo, se tiver qualquer dúvida e/ou comentário eu estou a disposição.

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Cassia Tofano
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