Como se manter criativo?

Vinny Campos
Choco la Design
Published in
13 min readJun 24, 2016

Em nosso mundo criativo sempre estamos em busca do novo, do inesperado. Daquela faísca que vai explodir cabeças. Alguns tratam a criatividade como algo extremamente mecânico, quase uma equação. Mas se esquecem que criatividade nada mais é do que seguir caminhos que outros não pensaram. Se fosse uma equação, as variáveis e seus elementos nunca seriam constantes ou fáceis de se chegar sempre no mesmo resultado.

A criatividade é estimulada por fatores ao nosso redor, algumas podem ser trabalhadas como:

- Coragem para errar

- Se livrar de preconceitos

- Empatia aos envolvidos no problema

- Estudar o meio onde pretende buscar soluções / Admitir ignorância a um determinado assunto

Todos esses pontos citados acima, são apenas ferramentas para se abrir ao projeto e buscar soluções. Elas podem ser facilmente trabalhadas de forma padrão, porém o que estou buscando nesse post é falar de criatividade, na sua mais pura e inovadora forma.

O fator que gera o impensável é formado por tudo que não tem a ver com sua área de atuação, sua história de vida, experiências pessoais, viagens, pessoas que conhece e conversa, livros, filmes, enfim, tudo o que não faz parte da grade curricular e te faz ser quem é, é o que te torna criativo.

Nesse post convidei alguns criativos para dividir com você o que fazem em seu dia-a-dia que não faz parte de suas profissões mas que de alguma forma estimulam sua criatividade.

Vinny Campos

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Roqueiro, Arteiro e Nômade Digital. Está a frente do Studio Lhama, trabalhando com música, atletas e projetos onde a criatividade e liberdade se unem. Clientes como Supla, Anderson Silva, Marcelo D2 e Karol Conka já passaram pela mão do designer.

Para estimular minha criatividade, gosto muito de estudar história e viajar o mundo. Como nômade digital esse tem sido um dos focos, ficar um tempo maior nos lugares e aprender como aquela sociedade se organiza, como se relacionam e os porquês de viverem dessa forma, estimulam muito a criatividade. Outro fator que tem contribuído é a meditação, que comecei faz pouco tempo mas já sinto resultados em acalmar e acomodar meus pensamentos. Além desses dois pontos, outro elemento que uso para estimular é a música, já faz um tempo que gosto de pedir para meus clientes criarem uma playlist no spotify para que eu escute enquanto trabalho.

Anna Anjos

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Anna Anjos é uma ilustradora e artista visual freelancer de São Paulo com uma linguagem única. É impossível não reconhecer o seu trabalho, para saber mais acesse o portfolio dela nesse link.

Sempre viajei com outras pessoas. Mas de uns tempos pra cá resolvi realizar viagens sozinha por destinos que sempre me fascinaram, como por exemplo o mochilão que fiz pelo Leste Europeu em setembro de 2015.

Depois, em janeiro e fevereiro deste ano estive em algumas cidades próximas à costa de Portugal e finalizei a trip na aldeia de Podence, celebrando o típico carnaval transmontano, região de parte da minha família.

Resolvi registrar em sketches todas essas experiências e criei um projeto pessoal, o Rota das Cores (rotadascores.com).

Conhecer tantas pessoas com histórias tão diferentes, absorver tantos aromas, sons, cores e formas de tantas regiões distantes do meu país foi fantástico! Em algumas cidades na Polônia, por exemplo, mal falam inglês; precisei me comunicar gestualmente. E foi então que percebi que o idioma universal é o sorriso, o olho no olho, isso é o que nos conecta. Acho isso fascinante!

Criar é conectar informações que aparentemente não possuem relação; a magia está justamente no modo singular através do qual você estabelecer a conexão dessas ideias. Arrisque-se, sim, mas com olhos permanentemente atentos e ávidos por conhecimento. Uma boa forma de estimular novas conexões é viajar; bagagem cultural e novas experiências são os alimentos da criatividade (ela detesta zona de conforto). Viajar nos engrandece enquanto seres humanos.

Dani Lima

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Dani Lima é designer freelancer com foco em criação de identidades visuais e branding.

Para mim, duas coisas são essenciais para estimular minha criatividade: movimento e rotina.

O primeiro: movimento.

Eu preciso mover meu corpo: correr, caminhar, andar pela casa, mexer nas coisas, dançar… Por isso a corrida e o pilates são parte essencial da minha rotina. Além disso, como trabalho em Home Office e tenho dois filhos pequenos, estas são atividades que me fazem sair de casa e passar por outros lugares, ver outras pessoas. Minha mente também precisa de estímulos e por isso incluo a música e a leitura no meu dia. Adoro descobrir músicas novas (3 vivas para as “Descobertas da semana” do Spotify!) e leio todo dia à noite, nem que seja uma ou duas páginas do livro (antes de desmaiar de cansaço).

O segundo: rotina.

Meu processo criativo é um caos. Quando estou criando minha mesa fica uma zona, meus esboços parecem rabiscos sem sentido e ninguém, além de mim, entende o que estou fazendo até eu terminar. É nesse processo livre que a minha criatividade flui. Mas para haver espaço para o caos da criação, eu preciso que haja ordem em outros aspectos da minha vida ou a coisa toda fica confusa demais e eu não consigo produzir. Por isso tenho diversas rotinas que ajudam a me inspirar, a organizar meu ambiente e minha mente. Todo dia, logo ao acordar eu tiro uma foto do amanhecer, cuido das minhas plantas e coloco a louça na máquina. A foto diária é bem legal pois sempre acordo percebendo como um dia nunca é igual ao outro. As plantas são um hobby e a louça na máquina acaba com o problema diário do “preciso lavar a louça”. Quando corro, chego em casa, tomo banho ouvindo música, arrumo as camas e medito. O banho, obviamente, é essencial depois da corrida, mas a música o transforma num ritual para me manter no bom humor. Arrumo as camas pois com a casa arrumada, a bagunça do escritório não me incomoda tanto. E a meditação me deixa mais centrada para iniciar o dia. Nem sempre as coisas acontecem de forma tão ordeira, mas ter essas pequenas rotinas me ajuda a sempre saber por onde começar. E assim eu me sinto livre para alimentar o caos que me leva à criação.

Diego Lamberti

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Diego Limberti é artista plástico, diretor de arte e designer. Vive e trabalha em Nova Iorque.

A criatividade está totalmente ligada à receptividade e simplicidade. Na minha percepção, boas ideias não podem ser forçadas. Não quero dizer que horas de trabalho, organização e dedicação não sejam importantes, pois ideias não surgem se não estivermos prontos para recebê-las. A imersão nos assuntos simples do cotidiano podem nos trazer algumas vantagens dentro do processo criativo, e procuro construir meu dia a dia navegando entre estes conceitos. Em alguns momentos sinto que pessoas perdem ideias pelo simples fato de sentirem-se muito ocupadas. Há 12 anos me divido entre projetos que desenvolvo como criativo em agências de publicidade, projetos como designer gráfico, além de fazer minhas pinturas e ilustrações. Estou constantemente trabalhando e não me sinto nem um pouco ocupado. Nesse tempo não passei sequer um dia sem ouvir música. Não passei um dia sem tirar uma foto de algo que fizesse sentido para mim. Não passei sequer um semana sem falar com um amigo sobre saudade, amor, política ou piada. Não passei sequer um mês sem frequentar um bar. Por fim, manter-se criativo é colocar-se para além das responsabilidades do trabalho equalizando-o com as coisas simples que vejo ao meu redor.

Felipe Melo

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Interaction Designer + Entrepreneur + Teacher | vivendo em Praga www.behance.net/felipemelo. Acompanhe o canal do Felipe aqui.

Eu gosto de realizar coisas diferentes, muitas vezes bem diferentes do meu trabalho normal como designer de interface. Hoje tento sempre realizar caminhadas por Praga, as vezes sem destino específico, e apenas ficar reparando em tudo a volta. Quando tenho tempo gosto de ir para países próximos e fazer a mesma coisa, apenas caminhar e olhar em volta. Além disso gosto de estar sempre vendo filmes, seriados, jogando PS4, andando de skate, escutando música, conversar sobre áreas profissionais de amigos … enfim, tento diversificar ao máximo, e me divertir nesse tempo. Muitas vezes acabo tendo várias ideias durante esses momentos :)

Henrique Pochmann

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Profissional de Marketing Digital e Freelancer no henriquepcm.com e editor do blog Aparelho Elétrico

Na minha visão, a criatividade surge do repertório que você tem, da bagagem de vida e experiências que você carrega. Só com um repertório bem formado você é capaz de gerar estas conexões inusitadas que a gente chama de criatividade.

Eu sempre me sinto mais criativo quando estou lendo algum livro, seja ele técnico ou de ficção. Acho que essa é minha principal dica.

Também tento manter uma rotina que aguce a minha criatividade. Se possível, durante a semana, assisto a vários filmes/seriados, leio muito (livros, notícias, e assuntos fora das minhas habituais preferências…), gosto de ir a um restaurante e pedir um prato diferente, tento conversar e me interessar mais pelas pessoas ao meu redor. Isso vai me tirando do lugar comum e me possibilita ver o mundo por outras perspectivas. Com isso vou formando repertório e acho que fico mais alerta e sensível pra deixar a criatividade fluir.

Jônatas Vieira

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UI, UX & Visual Designer. Ama filmes, Seriados e sushi. Conheça os trabalhos do Jônatas aqui.

Apesar de não fazer isto em todas as situações, eu sigo um processo meio metódico para estimular minha criatividade. Primeiro eu costumo me munir de informações sobre o que eu preciso fazer, o máximo possível. Depois eu tento ver algumas referências do que já foi feito, caso estas existam, mas não muitas a ponto de me sobrecarregar de idéias. Aí deixo o conteúdo processando na minha mente, incubado, sem pressão, sem pensar nele. Vou fazer outra coisa não relacionada ou trabalhar em outro projeto, simplesmente deixo para lá. Depois de algumas horas ou no dia seguinte, tento rabiscar algo, e pode ser que não vire nada, mas uma hora acontece. Às vezes é no mesmo dia, às vezes não, mas geralmente aparecem boas idéias depois de uns 2 dias neste processo.

Leandro Massai

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Ilustrador e Designer Gráfico com influências em fantasia, RPG, musica e quadrinhos. Conheça o trabalho do Leandro aqui.

Para além do meu trabalho, minha vida sempre teve como background a música. Escuto o dia todo e isso influencia diretamente no meu trabalho e na minha criatividade. Tenho também, o hábito de colecionar e organizar imagens para poder usá-las como referência. Uso o pinterest para armazenar e catalogar e quando vou por a mão na massa, gosto de usar o PureRef. No mais, tento ao máximo ser observador e absorver de tudo ao meu redor, para poder aplicar isso no meu trabalho.

Leila Fittipaldi

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Diretora de arte, trabalhou durante 10 anos em agências de publicidade, com foco em produção gráfica, Hoje tem estúdio próprio atendendo a clientes dos mais variados portes e segmentos. Além disso é proprietária de um atelier de papelaria e gifts corporativos de luxo, o Atelier Allure.

A criatividade está intimamente ligada com o que acontece dentro de nós. É fácil perceber isso naquele dia em que precisamos entregar um job e simplesmente ele não sai. Você olha um milhão de referências e nem com reza brava é possível criar alguma coisa decente. A matéria prima da nossa criatividade é certamente tudo que vemos e experienciamos. Esses dados vão sendo armazenados no HD da nossa cabeça e uma hora, na maioria das vezes sem perceber, são usados de alguma maneira no nosso trabalho.

Então a primeira coisa é escolher uma área criativa que vc realmente goste, pra assim trabalhar feliz. A outra coisa é cuidar bem de você, da sua saúde mental e física. Cada um se identifica com um caminho e o meu foi o yoga. E estudar referências é imprescindível pra aumentar a bagagem e facilitar o fluxo criativo, independente de qual estágio profissional estivermos.

Marcelo Baldin

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Músico e designer de som, Marcelo Baldin cria trilhas e sonorizações inovadoras para uma ampla variedade de projetos desenvolvidos por diretores, motion designers, estúdios e agências de publicidade.

Alguns anos atrás o que me estimulava criativamente eram coisas diretamente relacionadas com as áreas em que eu atuava, como design e música, ao mesmo tempo. Procurava o máximo de conteúdo que eu pudesse consumir saudavelmente. Sites, filmes, livros, shows, etc. Sempre me incentivaram e me davam ideias. Com o passar dos anos comecei a buscar outros estímulos para a criatividade, pois aquilo tudo ficou saturado e homogêneo. Hoje mesmo, quando olho nos canais que me inspiravam anteriormente, não consigo mais absorver com tanta vontade. Não que a fonte tenha secado, ao contrário, está jorrando como nunca, mas eis o problema: É em excesso, e cada vez mais fica difícil filtrar conteúdo.

Hoje em dia o que me estimula são coisas não diretamente relacionadas à minha área de atuação (hoje só música), como por exemplo, aprender uma nova língua (no caso alemão), ler mais sobre ciência, economia, política e religião, assistir filmes e documentários que não tenham como foco apelos visuais (apesar que isso já faço a bastante tempo, exageros de VFXs nunca foram um chamariz pra mim), e ultimamente, correr — que é uma das melhores coisas para estimular ideias. Pessoalmente acho que isso tudo me leva a ter uma percepção mais abrangente do que realmente estimula a criatividade como um todo. Estudando a vida de pessoas que são fonte de inspiração, dá para entender que o que as levou a criar coisas espetaculares está muito mais relacionado à experiências na vida, do que as qualidades técnicas que possuíam. Isso que me tem instigado nos últimos anos.

Nini Ferrari

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Designer, Fotógrafa, Ilustradora, Wanderlust e Nômade Digital, Nini Ferrari divide seus momentos pelo mundo no blog A Path to Somewhere e seus projetos de design no Studio Lhama.

Desde pequena eu sempre adorei viajar e fotografar e acho que isso me tornou uma pessoa muito ligada ao visual. Viajar é uma das minhas maiores inspirações para a vida, em todos os setores, faz eu me sentir viva e respirar novos ares carregados de ideias.

Adoro conhecer lugares novos e vou registrando tudo em fotos: portas, janelas, flores, texturas, cores, comidas, arte urbana… Se você observar bem verá que cada cidade costuma ter texturas e cores únicas e absorver essa essência ao redor do mundo é uma experiência extremamente inspiradora. Também sou muito ligada a arte e adoro visitar museus.

No dia a dia, coleciono imagens no pintrest dos mais variados temas, revejo minhas fotos, leio muito, observo os detalhes nas decorações, nos cardápios, nas embalagens e estou sempre aberta ao novo, mas preciso do meu próprio espaço e tempo para a criação fluir. Comecei a praticar yoga e meditação há alguns meses e os resultados são incríveis, além de me conhecer melhor, passei a ver as coisas ao meu redor por uma outra perspectiva e as ideias não param de surgir na minha cabeça.

Rafael Kent

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Fotógrafo e Film-Maker, Rafael Kent consegue com seu olhar e criatividade tornar o simples, inesperado. Além de grandes empresas, também trabalha com músicos e em projetos autorais.

A criatividade pra mim é algo íntimo, que vamos absorvendo das vivências e relações. Chega uma hora que explode e precisamos botar pra fora, cada um com suas ferramentas, as minhas são meus filmes e minhas fotografias. O meu processo é bem orgânico, varia de cada job, uma ideia pode aparecer na hora, outras já tenho guardadas para o momento certo, mas no geral me mantenho criativo analisando meus conflitos, minha relação com as pessoas e transformando lugares por onde passo em imagens e consequentemente em roteiros. Pra mim a chave da criatividade vem muito do ser curioso e inquieto, é a combinação perfeita pra sempre estar sintonizado com o mundo e tudo o que ele pode te proporcionar.

Walter Mattos

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Designer Gráfico freelancer no waltermattos.com e Youtuber no waltermattosvideos

Acredito que qualquer experiência pode se transformar em criatividade, mesmo que você não espere por isso. Minhas atividades diárias não estão necessariamente relacionadas ao objetivo de ser mais criativo, mas sim de relaxar, de manter o corpo e mente em dia e de acumular experiências diferentes. Acho que isso, inevitavelmente, é o que estimula as conexões neurais que precisamos para nos tornarmos mais criativos. Sobre minhas atividades, além das questões mais usuais como ler, fazer exercícios e passar tempo com a família, gosto de aprender coisas novas e não necessariamente relacionadas à minha profissão, como música, línguas, finanças, etc. Seguindo a mesma linha, gosto de assistir canais no Youtube dos mais diferentes tipos: ciências, marcenaria, entretenimento, vlogs, etc. E para finalizar, às vezes faço coisas que me tiram da minha zona de conforto ou simplesmente mudam minha ótica sobre determinada situação. Hoje, por exemplo, ao acordar tomei banho com as luzes completamente apagadas, no breu total. Não é a primeira vez que faço isso, mas foi proposital e com o objetivo de focar apenas nos meus pensamentos, para pensar na vida e planejar meu dia.

CONCLUSÃO

Como cada pessoa é um universo, se relacione, escute histórias, sente-se em bares, cafés, livrarias ou em um parque e puxe assunto, estimule seu lado jornalista e caia de cabeça nesse universo novo que pode no futuro te ajudar a solucionar de forma inesperada qualquer problema.

E você? O que faz para estimular sua criatividade?

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