Fotolia entrevista: Designer 3d Rene Proença

Choco la Design
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6 min readJun 16, 2016
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1) Me fale um pouco sobre você e como começou como designer 3d.
Rene: Na verdade eu comecei em 98 numa emissora de TV chamada TV Rio Sul, Afiliada da Rede Globo na cidade de Resende — RJ. Eu entrei lá para ser operador de áudio e depois de 2 anos lá dentro eu fui para São Paulo fazer um curso de 3D básico e quando voltei acabei sendo convidado a integrar a equipe de videografismo da emissora.Naquela época era muito difícil o acesso a materiais de estudo, mas eu fazia cursos sempre que era possível, em 2008 eu voltei para o Rio e entrei para a Domus e foi onde eu tive contato com 3D de maior qualidade, lá eu integrei a equipe de animação, e o meu conhecimento aumentou muito nessa minha passagem por lá, eu entrei no mundo das maquetes onde estou até hoje.

2) Como funciona seu processo de organização para iniciar um novo trabalho no estúdio?
Rene: Então, primeiro eu faço uma reunião com o cliente, para saber tudo que ele precisa, então ele me manda os arquivos CADs para que possamos levantar toda arquitetura 3D. Começamos com modelagem, depois colocamos as texturas, luz, render e pós.

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3) É fácil começar a trabalhar com 3d para arquitetura?
Rene: Olha, já foi mais fácil, hoje o mercado está um pouco saturado e parado também por causa do momento econômico em nosso país, mas tecnicamente falando eu diria que é mais fácil aprender 3D para arquitetura do que 3D para publicidade. Mas claro requer sempre muito estudo, fazer uma ilustração 3D para arquitetura requer estudos de fotografia, de pós, de composição, câmera, tudo para que se consiga chegar a um resultado satisfatório para o cliente.

4) Qual job você lembra que te deu mais trabalho e no final sentiu um baita orgulho de ter feito?
Rene: Hummm, eu acho que foi a imagem que fiz da Cozinha, eu sempre seguia uma estilo de luz e câmera e nesse job eu quis fazer algo diferente que eu estava acostumado nas minhas imagens internas, queria sair da área de conforto, então usei uma câmera com as mesmas propriedades de uma câmera física e usei um sistema de luz mais real, o resultado ficou bem legal, eu pelo menos curti muito, a imagem foi elogiada por alguns dos melhores artistas de 3D que eu conheço.

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5) Trabalhar por conta própria como designer não é fácil, como você lida com os altos e baixos da profissão? Essa dificuldade aumenta por você escolher tocar um estúdio e ter responsabilidades ainda maiores?

Rene: Então, realmente dirigir um estúdio de computação gráfica não é fácil, hoje no Stúdio Dash somos 3 sócios e cada um tem suas responsabilidades, eu fico com a parte de produção e resultado final a ser apresentado para o cliente, eu trabalho para mim ha mais ou menos 7 anos e esse momento que o país esta passando dificulta muito as coisas, mas não é impossível, estamos conseguindo abrir algumas frentes bacanas, buscando clientes fora do estado do Rio, acrescentando valor ao nosso trabalho, negociando bem os contratos e diminuindo muito nossos custos, a Dash hoje funciona 100% online, usando compartilhamento em nuvem e comunicação via Skype, com isso reduzimos muito nossos custos, o que nos proporciona poder de negociação maior no mercado.

A dificuldade certamente é muito maior você administrar uma empresa do que trabalhar para uma, quando trabalhamos para um estúdio mal ou bem seu salário está garantido no final do mês, quando temos que administrar um estúdio, é uma batalha diária para podermos fechar a conta no final do mês, são reuniões com cliente que temos que ir, saber falar com clientes, você tem que estar antenado a tudo que acontece na área e também no país, preocupação em não falar besteira, eu diria que uma reunião com cliente é parecido como jogar xadrez, é um jogo estratégico que se você errar em qualquer coisa corre o risco de perder o job.

https://br.fotolia.com/id/101768468 © akatz66 / 101768468 / Fotolia

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6) Qual o conhecimento você considera mais importante para um bom profissional de 3d?
Rene: Hoje para mim eu diria que é a parte de modelagem 3D, pois essa minha parte não é muito boa, mas para quem está começando eu diria que estudar fotografia e composição te da uma visão artística muito boa e esse conhecimento vai ser visto nas suas imagens. Então antes da pessoa abrir um programa 3D e sair modelando um monte de coisas legais, eu diria, PARE, vai para a rua, olha como as coisas funcionam na natureza, olha como a luz se comporta, olha o sol, vai em um condomínio e veja como as plantas estão distribuídas, observe a harmonia das coisas, bata fotos, muitas fotos, tenha referências, olhe revistas de arquitetura, vá em eventos como o Casa Cor por exemplo, estude fotografia, estude luz, veja como os diferentes tipos de materiais se comportam diante da luz, com esse conhecimento em mãos, sua visão no programa 3D vai ser outro.

7) Qual sua visão de futuro para o profissional de computação gráfica?
Rene: A computação gráfica nunca foi tão explorada como hoje, cinema, arquitetura, games, web, etc… ela está espalhada e inserida na vida das pessoas, todos precisam desse tipo de serviço, na minha opinião o futuro sera o interativo, a tecnologia tem evoluído muito nesse campo, cada vez mais as pessoas tem construído CG Interativa, sensação do momento são os óculos VR, acho que quem investir nessa área, terá um campo de trabalho legal num futuro próximo, claro que as tecnologias mais conhecidas e clássicas nunca deixarão de existir, até a animação 2D é usada hoje em dia. Hoje existe muita coisa para se estudar e é impossível se especializar em tudo, eu diria que quem for muito bom em uma ferramente e souber o básico de outras irá se destacar no mercado, quanto mais multi tarefa o profissional for melhor.

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8) Na sua opinião, como um novo profissional pode ter uma melhor evolução da profissão, “sofrendo” um pouco menos com a dificuldade inicial?

Rene: Estudando, sempre estudando, não parar de estudar nunca, fazendo network, participando de eventos da área, acho que esses 3 pontos são chaves para não sofrer muito no mercado.

9) E que dicas você daria para estes designers que estão iniciando na profissão, e passando por aquele conhecido problema de não conseguir boas vagas de emprego e/ou clientes qualificados, e ficam disputando com os “sobrinhos”?Rene: A dica é sempre se nivelar por cima, o mercado é competitivo, todo dia sai uma ferramenta nova, todo dia fica mais fácil fazer algo que antes era mais complexo, criatividade seria a palavra chave, o profissional que for mais criativo irá se sair melhor. Quanto aos “sobrinhos”, o mercado está aberto para todos, tudo depende do que o cliente está procurando, cabe ao profissional mostrar que o produto dele é melhor e que por isso vale a pena o cliente investir mais no serviço dele. Por exemplo, hoje existem imagens de maquete que custam de 100,00 até 3.000,00 é uma diferença muito grande, o designer tem que saber qual cliente ele quer, o que paga 100,00 ou o que paga 3.000,00 ? E ae desenvolver uma estratégia para isso. Claro que todos querem os de 3.000,00, mas a concorrência lá em cima é muito mais difícil, mas se conseguir entrar os frutos são muito melhores. Enfim, o mercado está aberto para todos, basta saber o que cada um procura.

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Obrigado pela entrevista Rene! Muito mais sucesso para você!
Fotolia da Adobe

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