Maquete eletrônica: os prós e os contras do mercado

Rene Proenca
Choco la Design
Published in
4 min readJan 20, 2016

Olá pessoal, tudo bem?

Estou de volta desta vez para falar sobre o mercado de maquete eletrônica, mercado no qual eu trabalho há 10 anos.

Um breve resumo…

O mercado de trabalho para a área de computação gráfica é bastante amplo, e com a evolução da tecnologia cada vez mais crescente, as oportunidades também crescem. A maquete eletrônica, que são imagens voltadas para o universo da arquitetura onde a principal função é visualizar de perto cada detalhe do ambiente ou objeto e torná-lo o mais próximo possível da realidade, é um dos braços da computação gráfica e é uma importante ferramenta de trabalho no auxílio da compreensão do melhor uso do espaço e as suas soluções.

Com esse variado leque de recursos tecnológicos, o profissional promove experiências interativas, convidando os expectadores a mergulharem em cenas e ambientes virtuais. Trabalhos inovadores que impressionam pelo realismo. Seja por meio de uma interface física ou visual, é possível surpreender positivamente o público-alvo do projeto em questão.

Um pouco de história.

Há 15 anos atrás o mercado de maquete eletrônica era muito promissor, profissionais que investiram nessa área anos atrás conseguiu despontar e ter grandes lucros com as ilustrações arquitetônicas, com o passar dos anos esse tipo de serviço foi se popularizando e o mercado foi ficando saturado e o grande diferencial de um profissional para outro estava na qualidade final de suas imagens. Em 2008 aconteceu o grande bum da construção civil no Brasil e por causa desse bum empresas no ramo de maquetes eletrônicas ganharam milhões com suas imagens sendo vendidas para grandes construtoras, com isso muitos profissionais também começaram a abrir suas empresas para poder abocanhar um pedaço do mercado, um grande número de empresas jovens apareceram, algumas com qualidade competitiva e outras deixando a desejar, com isso caiam seus preços para poder competir e sobreviver.

O mercado começou a ficar saturado de profissionais e empresas querendo sobreviver, o mercado encolheu e em 2015 a bolha imobiliária estourou, o país entrou em recessão e muitas empresas de maquete eletrônica quebraram, centenas de profissionais foram demitidos, alguns tiveram seus salários diminuídos para poderem continuar trabalhando, o efeito foi cascata.

Com isso fica uma pergunta: Ainda vale a pena trabalhar com maquete eletrônica no Brasil ?

Eu digo que sim, mas você não vai conseguir cobrar em uma imagem igual se cobrava em 2008, porém se você conseguir ter uma boa qualidade, um bom atendimento e uma estrutura de baixo custo, sim, você consegue viver bem de maquete eletrônica, mas já aviso que a tarefa não é fácil, a concorrência é grande e as vezes as construtoras procuram mais preço do que qualidade, depende de você avaliar e ver se vale a pena trabalhar com uma margem mais baixa de lucro.

Rio e São Paulo está bastante saturado, minha dica é buscar clientes em outras regiões, como o Sul por exemplo, mas procure estudar a região para conseguir entrar com o pé direito.

Quem são os clientes ?

O profissional ou empresa de maquete eletrônica trabalha basicamente para as construtoras, escritórios de arquitetura, arquitetos e designers de interiores.

Construtoras no geral pagam melhor por uma imagem, porém você irá dedicar mais horas de trabalho, pois são projetos mais complexos e maiores, exigem uma maior qualidade, então nem sempre o lucro é maior por se cobrar mais, requer muito cuidado na hora de montar uma proposta para esses clientes pois um projeto pode demorar bastante tempo para ser concluído.

Os outros clientes no geral pagam menos por uma imagem, porém os projetos tendem a serem menores e exige menos detalhe nas imagens, geralmente os projetos são concluídos de forma mais rápida e o capital gira mais rápido.

Vale a pena ser freelancer nessa área ?

A maioria das pessoas que trabalha com maquete eletrônica é autônoma e atua como freelancer, tendo seu local de trabalho dentro de sua própria casa em uma salinha reservada. Hoje com a internet ficou bem mais fácil apresentar seus trabalhos para todo o país, e até mesmo para p exterior, sem sair de casa com a ajuda das mídias sociais. Então, certamente seu local de trabalho não faz nenhuma diferença, mas é claro, a qualidade do seu trabalho tem que transcender essa barreira.

Todo mundo tem que se especializar pensando no presente, sabendo dos softwares que estão sendo usados por todos e se aprimorar neles. Mas não é só isso. Existe uma imensa gama de oportunidades de 3D e 2D na área de maquetes eletrônicas. Você deve estar sempre um passo à frente de todos, se informando e se especializando naquilo que daqui a pouco vai fazer a diferença.

Onde conseguir clientes ?

Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares, como conseguir clientes nessa área ?

Não existe uma regra, uma receita de bolo, mas irei deixar algumas dicas que me ajudaram nesses 10 anos.

Primeiro tenha um portfólio legal com imagens de diversos tipos de projetos ( residencial, comercial, shoppings etc. ) isso aumenta a sua chance de pegar um job e fidelizar um cliente.

Divulgue muito seu trabalho nas mídias sociais, invista em você.

Compareça em eventos de arquitetura e design como Casa Cor por exemplo, faça network.

Marque reuniões para se apresentar nas construtoras, estude o cliente antes, fale dos projetos da empresa que está visitando, elogie.

Sempre estude, estude e estude muito, veja muita referência, consuma tudo que puder sobre o mercado, isso irá te ajudar muito.

Finalizando.

Bem pessoal, espero que tenham gostado das dicas, tudo que foi falado acima é apenas minha opinião sobre o mercado, trabalho há anos nele e já passei pelos maiores estúdios dessa área no Brasil antes de ser autônomo, claro que alguns profissionais podem ter uma opinião diferente da minha e seria ótimo se puderem contribuir com esse artigo dando outras dicas para quem quer entrar ou já seja da área.

Um abraço a todos e nos vemos no próximo post.

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Rene Proenca
Choco la Design

Founder at @pixel_arch — Motion Graphics at Kroton