Realizando a precificação do seu serviço de design

Choco la Design
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6 min readMay 25, 2016
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Fizemos essa pergunta para alguns designers, e tivemos respostas bem interessantes:

Como você realiza a precificação do seu serviço de design?

Jônatas Vieira — Designer UI/UX
Gosto de ter o máximo de informações possíveis antes de pensar em prazo e custos. Prefiro criar uma base da complexidade do projeto, estimar a quantidade de horas que vai levar e qual seria o investimento mínimo para executar. Algumas tarefas são mais simples do que outras, mesmo que algumas mais complexas levem menos tempo que outras mais simples. Portanto eu não estipulo o mesmo valor/hora para qualquer serviço, prefiro precificar de acordo com a relação complexidade vs tempo.

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Marcelo Dantas — Manipulador de imagens publicitárias
A precificação sempre foi um bicho de sete cabeças, no início eu pesquisei como formar o preço neste mercado e encontrei várias formas, alguns cobravam por veiculação de midia, alcance e etc. Para ser sincero isso nunca funcionou comigo. Hoje simpliquei o meu processo, vejo o meu custo diário para o estúdio, mais investimentos em novos equipamentos e em conhecimento e a partir deste custo fixo, analisando o grau de dificuldade de execução da peça e no deadline dela eu componho o meu orçamento.

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Rene Proença — Designer 3d para arquitetura
Eu faço meu valor em cima de horas trabalhadas e levo em conta a complexidade do projeto e quem é o cliente. Se for um arquiteto eu faço um valor um pouco mais abaixo do que se for uma construtora grande e por ae vai.

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Vinny Campos — Designer UI/UX
Para minha precificação, tenho 3 elementos que influenciam no valor final: Cru x Logística x Tesão. Primeiro calculo uma base de valor para o projeto, ignorando tamanho da empresa/cliente, e minha vontade em participar no projeto, apenas considero TEMPO e o que será entregue. Após chegar nesse valor Cru, analiso o fator Logística do projeto, se envolvem muitas pessoas, equipe muito grande sempre faz com que a aprovação e conceituação demande mais trabalho, e isso faz com que o valor tenha uma variação. E o terceiro elemento é o meu tesão e identificação com o projeto, que pode fazer com que meu valor aumente ou se mantenha no definido com o Cru e Logística.

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Guilherme Gonzalez — Designer UX
Meu formato de horas é baseado em 2x meu custo por hora para o projeto.Modelo de horas padrão. Uso uma ferramenta de tracktime que envia relatórios para o e-mail do cliente ai ele sempre sabe quanto estou gastando em horas com o projeto e sabe o quanto já está ou quanto vai custar no final.

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Paulo Tenorio — Motion Designer & CEO Trakto.io
Designers são mimados ao negociar. Profissionais mimados. Somos assim. Acreditamos que o mundo gira em torno de nós. Somos vítimas das circunstâncias. Influenciados pelo derrotismo. Vamos sabotando a área a cada contato com um cliente.

Explico o por quê. Durante mais de 10 anos negociei com clientes arrogantes, exploradores, mal pagadores e principalmente: com um péssimo mal gosto para tudo alterando meu trabalho. (assim eu achava)

Bem, esse cara aí de cima era o Paulo, designer mimado. Eu colocava a culpa nos clientes. Hoje sei que a culpa era minha. Eu coloquei os clientes no outro lado do corner e parti pra briga. Cheguei ao ponto de criar um aplicativo TraktoPRO para resolver o problema de negociação entre profissionais e empresas. O TraktoPRO tinha um algoritmo que criei onde levava em consideração o tempo gasto com trabalho, a complexidade do projeto e sugeria um valor que poderia ser alterado mas dava uma referência. Durante 2 anos ganhando prêmios e viajando pelo Brasil até chegar no vale do silício, o TraktoPRO foi um sucesso. Mas tinha um problema, a adoção por designers era muito baixa. Comunidades, blogs especializados e os designers ignoravam. O TraktoPRO foi tão bem aceito por outros profissionais que o fato de designers não adotarem o Trakto me deixou pensativo e durante 2 anos ficava pensando. O que falta? Será que é a fórmula? Será que é o visual? Ou mesmo o fluxo/flexibilidade do app? Seriam os erros que dentro do app? Enfim. Perguntas.

A resposta veio num dia, onde no dia do Designer, milhares de posts fazendo piadas com a profissão e dando indiretas para clientes. Percebi que Designers são mimados. Mimados até por problemas. Aceitam os problemas, não enfrentam. Há uma legião de designers que vão reclamar de tudo e de todos, do preço de um macbook ao cliente que pagou 200 em uma logo ao degradê no logo do Instagram.

Damos chilique quando encontramos um cliente esperto. Pois somos mimados. Não sabemos negociar e ponto. Achava que o cliente tinha obrigação de me contratar. Eu fazia um favor ao atendê-lo. Agindo como um bom mimado, eu transformava minha vida profissional num inferno. Entrava numa negociação desconfiado. Eu já imaginava que o cliente iria me passar para trás e por isso, inventava contratos, fórmulas mágicas para calcular o valor do trabalho e tentava reverter o jogo pedindo pagamento adiantado ou ameaçando tornar público quando não recebesse. Eu engessava a negociação de um jeito que o cliente virava inimigo literalmente.

Há muitos canalhas no mercado. Clientes que não tem respeito ou caráter. Se você acha que com designers é pior, pergunte a um dono de restaurante. Ou dono de uma loja de roupas. Mas há também muitos designers mimados. Que são péssimos negociadores. Que não sabem ser profissionais nem no atendimento, nem em vendas e principalmente em relação a pagamento/cobrança.

É claro. Designers jamais vão assumir isso. Eu digo que fui mimado por 10 anos. Hoje me libertei. Sei o valor da minha hora mas principalmente sei o valor do meu tempo no mundo e já não considero clientes meus inimigos. Se eu levo um calote, assumo a culpa. Não soube negociar bem. Aprendo, memorizo onde errei e parto para o próximo. Vou em busca dos clientes que realmente posso fazer negócio. Esses eu trato como meus clientes, ou seja, como a coisa mais importante na vida de um profissional. Se você pensa assim, calcular o valor da sua hora e de um projeto vai ser fácil.

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Agora se você ainda acha que o problema é o mercado, minha dica ao calcular o valor de um trabalho hoje é: te vira.

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Recomendamos que você leia o livro Quanto custa meu Design, do André Beltrão, irá clarificar bastante a forma como você deve gerenciar seus serviços de design.

Se eu levo um calote, assumo a culpa. Não soube negociar bem. Aprendo, memorizo onde errei e parto para o próximo. — Paulo Tenorio

Ferramentas para te ajudar na precificação dos serviços

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O Motiv é uma calculadora online que te ajuda a ter uma ideia do seu valor hora, baseado em algumas informações que você deve informar no site.

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A nuSchool, em um formato um pouco mais descontraído, também te ajuda a calcular seu valor hora, baseado em algumas perguntas que você deve responder passo a passo.

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A Trakto.io é uma startup brasileira que ajuda você em todos os passos da vida freelancer, te ajudando a criar orçamentos simples e rápidos, além de outros documentos que você irá precisar. Vale muito a pena conferir e passar a usar!

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Esperamos que as opiniões desses designers e essas ferramentas ajudem você a ter uma melhor ideia de como precificar o seu serviço. Lembre-se que é muito importante você saber calcular bem o valor do seu projeto, ou você poderá estar trabalhando de graça ou até tendo prejuízo ao trabalhar com valores baixos como freelancer.

Desejamos muito sucesso em seus projetos!

Até o próximo artigo
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