Todos à bordo! Design Sprint à vista!

Lu Terceiro
Choco la Design
Published in
6 min readApr 23, 2017

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O Design Sprint, método de trabalho baseado nos conceitos do Design Thinking e difundido pelo Google Ventures, tem aparecido nos últimos tempos como a solução de todos os problemas de concepção de projetos.

Todo esse hype se confirma? Alguns dizem que não é bem assim, que apesar de ser vendido como a panacéia para todos os problemas criativos e de negócio, o Design Sprint não faz milagres. Realmente, o Sprint pode não fazer milagres, mas há formas de torná-lo muito mais eficiente.

Primeiro, o que é um Design Sprint?

De forma rápida, o Design Sprint é um processo de trabalho onde uma equipe multidisciplinar, composta de pessoas entendidas no assunto em questão e especialistas em áreas relacionadas (ex: o desenvolvedor, o designer, etc) trabalham durante 5 dias, imersos nos desafios definidos, para conceber a melhor solução possível, a que mais atende os requisitos necessários, geralmente uma combinação de aspectos que provêm dos clientes, da empresa e de tecnologia.

Dentro dessa premissa, durante os cinco dias a equipe passa por algumas etapas (que podem ter algumas variações):

  • Segunda-feira: momento de conhecer mais a fundo o tema, especialistas contribuem para este entendimento, e objetivos são definidos em conjunto.
  • Terça-feira: criar, criar e criar soluções.
  • Quarta-feira: escolher as opções que parecem mais pertinentes e detalhá-las.
  • Quinta-feira: criar os protótipos para teste.
  • Sexta-feira: testar os protótipos e aprender com o feedback das pessoas.

Nesse momento não vou entrar em muitos detalhes, há bastante conteúdo de qualidade disponível na Internet (links no fim do texto).

O poder de um Design Sprint

Apesar do olhar cético de alguns, o Design Sprint geralmente produz uma sensação muito poderosa entre as pessoas que participam. Transformadora.

Isso acontece porque o Design Sprint produz nos participantes uma grande sensação de pertencimento e trabalho em equipe. Quando uma equipe precisa ficar imersa durante 5 dias, sem interferências de telefones, computadores, reuniões e interrupções de outras pessoas, trabalhando juntos e colaborando, isso tem um poderoso efeito de união. Basicamente, não são mais pessoas de equipes diferentes, reclamando que a outra equipe não colabora, mas sim todos se sentem no mesmo barco, remando para o mesmo lado.

Por isso que a metáfora que eu mais gosto quando penso em Design Sprint é que se trata de um navio pirata numa gincana pelo tesouro. A ideia do navio pirata remete àquele grupo de pessoas que está fora da rotina do escritório, protegido da quantidade de coisas que roubam a atenção e dispersam, e altamente comprometido com a jornada.

Preparando a jornada

Não é fácil convencer diversas pessoas a ficarem dedicadas a uma semana de sprint, por isso, principalmente se for a primeira, dedique um bom tempo para fazer uma preparação caprichada. Convencer as pessoas a fazer um Sprint não é muito fácil e é importante que elas terminem a semana com a sensação de que passaram por algo incrível. Se o Sprint não for muito bacana, a resistência a repetir pode ser grande.

Nessa preparação, se for possível observar algumas etapas, há mais chances do barco navegar bem:

1. Definir quem será o facilitador

O facilitador é uma pessoa de extrema importância para que a semana ocorra bem. Essa pessoa será a responsável por manter as atividades nos eixos, auxiliar as pessoas (usando diversos recursos) a se lembrarem das etapas da jornada e do que já foi definido, assim como auxiliar os participantes a desenvolver as ideias.

O facilitador pode ser o UX designer porque muitas vezes esse profissional tem uma boa visão do projeto ou produto como um todo, mas é necessário um certo cuidado para que ele não fique sobrecarregado. Nesse caso, ele pode contar com uma ajuda de alguém da equipe.

2. Pesquisa pré-Design Sprint

Para o facilitador e o designer e/ou UX designer, a pesquisa pré-sprint é muito importante para uma boa condução do trabalho. É importante lembrar que o facilitador não está lá para dar respostas, mas quanto mais ele conhece sobre o assunto, mais terá como ajudar.

O Design Sprint é um processo centrado no usuário, e entre as atividades de imersão, a pesquisa de campo para se conhecer os usuários pode ser a atividade mais importante deste momento. Priorize ir a campo, conhecer os usuários em seus ambientes reais, converse com eles.

Nessa etapa, se possível, procure entender como a empresa e o mercado aborda o assunto. Isso também pode ajudar a escolher caminhos durante o Sprint.

3. Conheça os integrantes da tripulação

Nem sempre é possível, mas se puder bater um papo com as pessoas que irão participar, você já consegue entender um pouco melhor dos perfis. Há algumas maneiras de se entender melhor os perfis das pessoas, como o DISC, e fazer um exercício mental para identificar os perfis e as melhores maneiras de conduzir as dinâmicas pode ajudar muito.

Entender como cada participante enxerga o assunto em questão também pode ser útil, mas nessa etapa é praticamente secundário. Os pontos de vista e visões podem mudar durante o processo, mas para isso é preciso entender quais são os valores humanos da sua tripulação.

Nesse momento, é importante também apresentar o processo a estas pessoas, para que elas saibam o que irá acontecer. Quanto mais segurança elas tiverem, menos defesa terão contra o processo.

4. Prepare o navio

Onde será feito o sprint? Há parede suficiente no espaço? O espaço pode ser reservado por todo o período? Post-its, canetas, papéis A4 e flipcharts à mão? Lanches reservados? A infra-estrutura aqui pode levar sua equipe mais longe.

Todos à bordo!

Preparação feita, tudo pronto para zarpar. Lembre-se que sua tripulação é altamente qualificada e alguns aspectos são importantes para que a semana tenha o melhor rendimento possível:

  • Deixe claro os combinados: o que pode e não pode durante o trabalho. A agenda da semana e com mais detalhes, a do dia.
  • Respeite os horários das atividades: a semana é puxada e se deixar que atividades se estendam muito, as discussões começam a se tornar improdutivas e cansativas. E como uma atividade está ligada à outra, isso pode afetar a boa evolução geral.
  • Respeite as pausas e deixe comidinhas à vontade: assim as pessoas se programam para responder o celular, ir ao banheiro e repor as energias constantemente. Sprint e fome não combinam!
  • Como facilitador, seja a memória do grupo: lembre-se sempre do objetivo combinado para perguntar se as discussões estão levando a equipe na direção desejada.

A fim de saber mais?

Em maio estaremos na UX Conf com um workshop para falar sobre o que é Design Sprint e essas dicas para botar seu bloco na rua.

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Referências:

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