Crítica | IT: Capítulo 2

Felype Afonso
chupetadepipoca
Published in
3 min readSep 5, 2019

Beep beep, Rhicie!

New Line Cinema/Ringer Ilustsração
Nota do crítico: excelente!

Quem gosta do autor Stephen King costuma ter mais decepções do que alegrias com as adaptações das obras do autor para os cinemas. Quando IT: Capítulo 1 estreiou em 2017, muitos fãs tiveram uma agradável surpresa ao ver que o filme acertou em cheio nas escolhas de elenco, roteiro adaptação. Então, com a expectativa elevada, todos esperavam por uma sequência a altura. E foi o que o diretor Andy Muschietti conseguiu entregar.

“Here’s Johnny!” (tem mesmo essa referência, fica ligado)

O filme acontece, claro, 27 anos depois dos eventos do primeiro longa. Mike (Isaiah Mustafa) percebe que o palhaço Pennywise (Bill Skarsgard) está de volta à cidade de Derry e convoca os antigos amigos do Clube dos Otários para honrar a promessa de infância e acabar com o inimigo de uma vez por todas. Mas quando Bill (James McAvoy), Beverly (Jessica Chastain), Ritchie (Bill Hader), Ben (Jack Ryan) e Eddie (James Ransone) retornam às suas origens, eles precisam se confrontar a traumas nunca resolvidos de suas infâncias, e que repercutem até hoje na vida adulta.

O incrível elenco

Uma das coisas que mais agradou o público no primeiro filme foi a escolha acertiva de elenco, desde Pennywise até as crianças. A sequência entende isso e traz atores que, além de carregarem grandes semelhanças na aparência, se preocuparam em recuperar trejeitos e movimentos que as crianças trouxeram para os personagens (destaque aqui para James Ransone, que está incrivelmente bem no papel).

O Clube dos Otários!

O diretor vai ainda além e, emulando a principal característica narrativa do livro, passeia entre momentos de núcleo adulto para infantil. A adaptação do segundo capítulo não poderia ser mais agradável para um fã antigo da obra de King ou para quem não leu o livro, mas gostou do primeiro filme.

Os muitos acertos e poucos erros do roteiro

Além de fazer com maestria o passeio entre o antes e depois dos 27 anos do Clube dos Otários, o filme não tem medo de adaptar fielmente muita coisa do livro. Ele foca nas histórias paralelas de cada personagem, desenvolvendo e crescendo mais ainda tudo o que foi apresentado no primeiro longa sobre cada um. Também não tem medo de dar uma explicação semelhante ao livro para a origem d’A Coisa, mas não tem a mesma coragem em trazer para as telas o Ritual de Chüd como é na obra de King (porém a nova solução funciona para o cinema, afinal, é uma adaptação).

Traz mudanças legais sobre alguns personagens em relação ao livro…

Por outro lado, o roteiro torna o filme muito longo (mas não cansativo) e poderia ter mais elementos podados. Por exemplo, a aparição de Henry Bowers (Teach Grant), o bully que atormentava as crianças, não acrescenta tanto à trama e poderia ter sido omitida, da mesma maneira que as subtramas de Tom, marido de Bev, e Audra, esposa de Bill, foram simplesmente apagadas.

IT: Capítulo 2 está incrível (principalmente o elenco novamente, eu já disse isso?), entra facilmente junto com o primeiro filme na seleção das melhores adaptações de King para o cinema. É mais sombrio (talvez não tão aterrorizante quanto o primeiro), mas segue dividindo seu gênero com aventura e maravilhosos alívios cômicos. Deixa o antigo leitor com vontade de reler o livro e o novo com vontade de ler pela primeira vez.

Quase tão legal quanto as crianças!

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