Crítica | Baseado em fatos reais

Chupeta de Pipoca
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2 min readApr 15, 2018

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O pretensioso thriller psicológico de Roman Polaski

Por: Raphaella Torres

Roman Polanski é um dos diretores mais controversos do mundo cinema, seja em sua vida pessoal quanto em sua vida profissional. Agora, o diretor retorna com Baseado em Fatos Reais, um longa pretensioso estrelado por Eva Green e Emmanuelle Seigner.

Inspirado no romance homônimo de Delphine de Vigan, o filme conta a história de Delphine Dayrieux (Emmanuelle Seigner), uma escritora famosa que vive uma fase de insegurança após lançar o último sucesso. Em uma sessão de autógrafos, a autora conhece e se envolve com Elle, interpretada por Eva Green. É a partir dessa relação que começa uma trama de obsessão e violência psicológica.

Apesar de ser uma aposta em Cannes, o filme peca em alguns pontos. Por exemplo, por se tratar de uma obra de um diretor polêmico como Polanski, logo se espera uma obra que pode tratar de coisas além do visto na tela. Entretanto, não é isso o que acontece.

Com a promessa de ser um thriller psicológico, o longa tem fraquezas que se expressam tanto no roteiro como na forma do diretor abordar a relação das duas personagens principais. Delphine e Elle vivem uma conexão pouco elaborada e, sem chegar a ser exagerada, uma ligação forçada que leva o público para uma direção — em imaginar que há entre elas uma relação lésbica -, mas que com o decorrer da história é totalmente revertido em uma dominação de Elle sobre Delphine.

O ponto forte do filme é deixar o público em dúvida sobre a existência real de Elle. O diretor nos dá sinais claros de que a personagem pode ser uma farsa da mente de Delphine. Porém, o que mais incomoda, é que esses sinais são vívidos demais e não deixam espaço para suspense. Isto é, para um público mais atento, é fácil perceber que Elle não é real, pois não é muito trabalhado o suspense para isso. O que nos dá uma sensação de vazio, como se a obra pudesse ter sido concluída de outra forma.

Para uma obra de suspense, o filme pode até ser válido, mas para uma obra de Polanski, o longa deixa a desejar.

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