Crítica | Ilha dos Cachorros

Chupeta de Pipoca
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2 min readJul 20, 2018

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Uma fábula moderna recheada de influências japonesas

Por: Raphaella Torres

Sabemos que Wes Anderson é um diretor metódico e muito fascinado pela simetria e beleza das cores e formas. No stop-motion isso não é diferente, ainda mais por ser um campo onde ele pode atuar melhor e concentrar todos os seus esforços no visual certo e, principalmente, no enredo certo, coisa vista também em O fantástico Sr. Raposo, de 2009.

Em Ilha dos cachorros a assinatura do diretor está mais do que clara. Premiado no Festival de Berlim com o Urso de Prata de Melhor Diretor, o longa também foi o filme de abertura do festival e chamou a atenção do público com mais de 62 milhões de dólares em bilheteria, algo pouco comum no mundo da animação stop-motion.

Saindo no mundo das cifras e adentrando o mundo da arte, a animação é rica em detalhes, com uma narrativa inteligente e capaz de prender a atenção do público. Ambientado em um Japão distópico, o filme traz a história de cinco cachorros, Chief (Bryan Chanston), Boss (Bill Murray), Rex (Edward Norton), Duke (Jeff Goldblum) e King (Bob Balaban) que ajudam um menino de 12 anos chamado Atari Kobayashi (Koyu Rankin) na busca do seu cachorro Spots (Liev Schreiber) na Ilha dos Cachorros, lugar antes destinado ao lixo e que agora serve de lar para todos os cães da cidade de Megasaki.

Escrito por Anderson, Roman Coppola, Jason Schwartzman e o japonês Kunichi Nomura. a história do filme começa com uma ordem do prefeito Kobayashi (dublado pelo próprio Nomura) que impede a estada dos animais na cidade alegando motivos de saúde pública devido ao aumento da população de cães. A trama então se prende na busca do menino que perdeu seu cão protetor depois da ordem do prefeito.

Influenciado pelos diretores japoneses Akira Kurosawa e Hayao Miyazaki, Wes Anderson buscou trazer uma história leve e acertou em cheio. Com uma narrativa cativante e longe de ser levado somente para o público infantil, o filme cresce em aspectos visuais e narrativos.

Em uma fábula moderna, o diretor — que adaptou para o stop-motion um mangá que também foi publicado no Japão -, foi capaz de brincar com a comédia sarcástica, comum em seus filmes, de uma forma leve e humana — apesar da história ser contada através do olhar canino.

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