Crítica | Missão: Impossível — Efeito Fallout
Como o melhor da franquia até aqui, filme mostra porque Ethan Hunt é o maior papel de Tom Cruise
O primeiro filme da franquia Missão Impossível baseado na série de sucesso dos anos 60, foi lançado em 1996. Em seguida, a Paramount Pictures decidiu investir em uma sequência, a qual eu gostaria de esquecer, que trazia um Ethan Hunt (Tom Cruise) praticamente como um super-herói pilotando sua moto veloz em meio a pombas voando em slow motion.
Depois, em seu terceiro filme (lançado em 2006) a franquia reencontrou fôlego e evoluiu sua ação, trama e personagem principal. Os dois filmes seguintes foram só ladeira a cima, sempre superando um ao outro e aprimorando o equilíbrio entre história e ritmo. Em Efeito Fallout o diretor Christopher McQuarrie (o único a comandar dois filmes seguidos da franquia) trouxe um senso de continuidade em relação ao longa anterior, algo que não existia em Missão Impossível até então.
Os melhores acertos de Efeito Fallout
A trama se desenrola a partir de uma missão fracassada. O time de Ethan precisa recuperar uma carga de plutônio, o que faz com que o caminho dele volte a cruzar com o de Solomon Lane (Sean Harris) – líder do Sindicato e antagonista do filme anterior, que mesmo atrás das grades ainda oferece perigo. Além disso, a falha ainda coloca a IMF sob observação da CIA, por isso, o protagonista se vê obrigado a colaborar com o agente Walker (Henry Cavill).
Além do senso de continuidade, Mcquarrie trás o retorno de dois personagens apresentados em Missão Impossível 3, dirigido por J. J. Abrams, Julia (Michelle Monaghan) e Benji (Simon Pegg). Sob um olhar analítico, a presença da personagem Julia no roteiro poderia ser facilmente descartada. Porém é clara a intenção do diretor em usar a relação dela com Ethan Hunt para humanizar o personagem principal e aproximar os espectador de suas preocupações e sentimentos. Essa intenção fica mais óbvia ainda somada com o fato de trazer novamente personagens já vistos anteriormente. Algo que não é constante na franquia, já que além de Ethan Hunt o único personagem presente em todos os filmes é Luther (Ving Rhames).
O diretor, que também leva crédito pelo roteiro da trama, costura com muita habilidade a história de Efeito Fallout e Nação Secreta (2015). Talvez o único ponto fraco do filme seja a justificativa para a volta de Ilsa (Rebecca Ferguson). Mas isso acaba passando despercebido em virtude da força que a personagem tem na tela. E além dessas conexões com Nação Secreta, McQuarrie retoma outras características anteriores da própria franquia explorando, por exemplo, o recurso de plot twist que marcou o primeiro e o terceiro filme.
O melhor de Ethan Hunt
O filme entrega a melhor versão de Tom Cruise como Ethan, e talvez seja o melhor filme do ator. Isto porque no auge dos seus 56 anos, Cruise continua dispensando dublês para gravar cenas perigosas e desafia seus limites fazendo pessoalmente as cenas de ação que mais tiram fôlego em toda franquia.
Não quero estragar muito do que acontece em Fallout, mas eu juro por Deus que o cara aprendeu a pilotar um helicóptero! Isto não é apenas mais do que Harrison Ford já fez para os filmes de Indiana Jones, mas mais do que o próprio Indiana Jones já fez.
Sem sombra de dúvida Missão: Impossível — Efeito Fallout é o melhor filme da franquia até aqui, mas alcança esse cargo justamente por não funcionar sozinho e ter trago de melhor tudo os anteriores ensinaram. Diferente da maioria das sequências que Hollywood insiste em produzir, Missão Impossível não perdeu o fôlego e se manter o mesmo ritmo que Tom Cruise tem para correr não irá perder tão cedo.
Obs.: Como sempre, assistir em 3D não acrescenta em nada no filme a não ser ao valor total do seu ingresso. Se puder optar, assista em uma sessão normal.
