Crítica | Praça Paris

Chupeta de Pipoca
chupetadepipoca
Published in
2 min readApr 25, 2018

--

Uma crítica social para um Brasil em crise

Por: Rapahella Torres

O racismo é o tema central de Praça Paris. Dirigido por Lúcia Murat, o longa conta a história de Glória, brilhantemente interpretada por Grace Passô, e Camila (Joana de Verona). Glória é moradora do Morro da Providência no Rio de Janeiro e ascensorista na UERJ, enquanto Camila trabalha na mesmo universidade como psicóloga.

A relação das duas começa quando Glória decide se consultar com Camila e relatar toda a sua história de sofrimento. Estuprada pelo pai quando criança e com um irmão preso, a ascensorista mostra todas as dificuldades que teve durante a infância e adolescência. O ponto alto da história reside aí. Há cenas no filme que pintam cenários de violência e racismo não só por pessoas de fora das comunidades como também do medo que existe dentro delas, estabelecendo um regime de sobrevivência a um ambiente totalmente hostil.

Mas, do mesmo modo que temos o olhar de Glória sobre as coisas, também analisamos de perto o olhar de Camila para toda essa nova realidade para ela, já que é uma portuguesa e parece nunca ter escutado relatos tão pesados de uma paciente. A partir daí, o preconceito que no começo não se apresenta claramente vai se moldando aos poucos. Camila passa a ficar paranóica e começa a fugir de Glória, chegando a situações caricatas de racismo velado.

O mérito de Praça Paris é abrir esse espaço de discussão sobre o preconceito racial e os limites de uma pessoa com boas intenções diante dessa realidade violenta. A diretora aborda a questão expondo o problema através de um ponto de vista estrutural e social.

Porém, mesmo que levante uma boa base para discussão, o filme erra em alguns pontos do roteiro e no andamento da história. Existem alguns momentos que o público pode sentir desconforto ou mesmo não entender para onde a trama quer se dirigir e em determinado ponto sentimos que o roteiro ficou um pouco perdido sobre como conduzir a história ao seu clímax.

--

--