Crítica | Pé Pequeno

Filme tenta emplacar com trama inteligente, mas não envolve

Desde Toy Story a animação deixou de ser só entretenimento para se aprofundar em temas mais humanos, um grande exemplo disso é Divertida Mente, lançado em 2015 e vencedor do Oscar e Globo de Ouro de Melhor Animação em 2016 por adentrar a mente de uma menina em plena puberdade.

Agora em 2018, Pé pequeno tenta construir uma história também ligada a temas intrínsecos para a humanidade, como a necessidade de comunicação e união, porém traz em primeiro plano o encontro entre duas espécies distintas, um yeti — o abominável monstro Pé Grande -, e um ser humano — o abominável monstro Pé Pequeno (para os yetis).

O filme, dirigido por Karey Kirkpatrick, introduz o público ao mundo dos yetis: criaturas enormes de pés grandes que moram acima das nuvens que circundam o Himalaia. Seguindo a mesma lógica da animação Planeta 51, o longa mostra o ponto de vista desses seres sobre a humanidade a partir do encontro de Migo (Channing Tatum) e Percy (James Corden). Migo um yeti e Percy um humano.

O ponto forte do filme reside aí: como uma crítica à reação do ser humano com o estranho, Migo reage à Percy com um olhar inocente e de admiração quando antes pensava que esse pequeno ser fosse apenas uma lenda. Algo totalmente impensável para o ser humano, já que tudo o que é diferente recebe como reação uma atitude de defesa.

A história do longa é forte nesse aspecto, porém não consegue se desenvolver bem devido a personagens cansativos e piadas desgastadas. Tais aspectos deixam a trama pouco cativante e não consegue prender a atenção do público em muitas cenas.

Um ponto duvidoso na trama é o final — aqui sem spoilers. Com uma conclusão pouco convincente e um tanto clichê, a situação da cena em si possui certa relevância ao mostrar que as diferenças são mais importantes que as semelhanças. Isto é, mesmo que não agrade na narrativa, a mensagem afirmada na cena é enriquecedora para o contexto de toda a história construída na animação.