Afinal, Os Últimos Jedi é bom ou não?
O episódio mais ousado de Star Wars dividiu opinião dos fãs
Desde criança assisto Star Wars, é minha saga favorita. Quando eu era moleque tinha um respeito muito grande pela trilogia clássica e era apaixonado pelos prequels (principalmente o Episódio III). Depois fui crescendo e desenvolvendo um mínimo de bom senso e percebi que os prequels são ruins (hoje só os respeito). Foi o inverso da regra dos 15 anos.
Em 2015 quando O Despertar da Força chegou aos cinemas eu vibrei. O filme deu sequência aos acontecimentos da trilogia clássica, coisa que eu nunca achei que fosse acontecer, e abriu novos questionamentos para a saga. Era um sonho de criança se realizando ver nas telonas o que aconteceu com o trio Luke, Leia e Han após os eventos de O Retorno de Jedi (1983). Pra mim, o Episódio VII é um dos mais redondos e fieis a personalidade da saga.
Mas por que estou contextualizando tudo isso? Para explicar que precisei digerir o oitavo filme da saga, cronologicamente falando, para conseguir discernir se havia gostado ou não dele. Não foi fácil. Assim que assisti sai do cinema achando um dos melhores filmes de Star Wars, ao lado talvez apenas de O Império Contra-Ataca (1980). Mas mesmo reconhecendo que o filme é muito bom eu ainda não sabia se tinha gostado, por questões e expectativas pessoais. Depois aceitei que o filme não havia sido feito exclusivamente para mim, ou para outros fãs que tinham as mesmas expectativas que eu. E isto me ajudou entender o que achei do filme…
Se você ainda não assistiu pare a leitura aqui, porque daqui para frente teremos muitos SPOILERS! E se você quiser ser objetivo e ler o veretido pule para o último tópico.
Marketing que engana e teorias furadas
A coisa mais louvável em Star Wars é que o marketing sabe guardar segredos e, principalmente, sabe enganar a audiência com trailers e outros materiais de divulgação. Eles são feitos para enganar e não entregam absolutamente nada!
Todas as teorias feitas em cima do trailer ou dos cartazes estavam enganadas (e todas as teorias feitas em cima de acontecimentos anteriores da saga também). Este filme é feito de quebra de expectativas e vários plots, que o tornam um dos mais grandiosos para a saga. Nada acontece como você acha que vai acontecer e é maravilhoso assistir um filme que te surpreenda assim.
De maneira geral ser surpreendido é bom, mas agora entrando nas expectativas pessoais que falei no começo, "descobrir" que a Rey (Daisy Ridley) não é uma Skywalker me deixou chateado. Pessoalmente eu amava assistir Star Wars como uma novela da família Skywalker, porque em sua essência é isso que os Episódios I ao VI são.
Outra quebra de expectativa que me desapontou foi a morte do Líder Supremo Snoke (Andy Serkis). Entendo que assim como a morte do Han Solo (pela qual choro até hoje), serviu para construção e evolução do personagem Kylo Ren (Adam Driver) e isso é maravilhoso para o roteiro. Mas o personagem surgiu do nada para o nada. Se apresentou neste episódio como muito poderoso na força, mas morreu de maneira banal e previsível. Um personagem tão poderoso e de peso tão importante na trama merecia um background. Afinal, de onde ele saiu se nunca foi se quer mencionado antes em toda a saga? Infelizmente não acredito que o próximo episódio se preocupe em explicar.
Mark Hamill, o mestre Jedi
Finalmente Mark Hamill teve a oportunidade de entregar sua melhor performance como Luke Skywalker em Star Wars. O personagem está maduro na força e é um verdadeiro mestre até na maneira de se vestir, que resgata as roupas da Ordem Jedi utilizada nos prequels. Esses detalhes narrativos encantam os fãs e enriquecem a história.
Há um grupinho de fãs mais chatos que dizem que o personagem perdeu a essência, estava medroso e se tornou um "tio do pavê" com tantas piadas fora de hora. Mas parem para pensar: a primeira aparição do Yoda no Episódio V mostrou o personagem como um biruta exilado roubando comida do Luke e batendo no R2-D2 com sua bengala. Neste filme o Luke faz o mesmo papel que o Yoda no passado, até nas brincadeiras com seu aprendiz. E digo mais: tanto Obi-Wan quanto Yoda, dois grandes mestres Jedis, se exilaram após "falharem" na queda da República. E isso não faz deles mestres Jedis medrosos, não é mesmo?
E agora?
Resumindo: Os Últimos Jedis, o oitavo filme da icônica saga de Star Wars, é maravilhoso. O filme não reinventa a roda, ele a revitaliza! É uma homenagem ao passado da franquia que abraça seu futuro e a capacidade de sua nova geração (Ridley, Isaac, Driver, Boyega, Tran e o restante) para levar a franquia para a frente. Os Últimos Jedi não está comprometido em com os possíveis planos da trilogia original.
O filme é lindo (o mais lindo da saga, visualmente falando) e tem um roteiro de tirar o fôlego. Mas aparentemente todos os problemas e questões levantadas em O Despertar da Força foram solucionados aqui, e isto nos deixa sem saber o que esperar do próximo filme. Vai ser um filme inteiro de Rey contra Kylo culminando em um final aberto que permita a Disney fazer milhares e milhares de continuações? Espero que não, ou essa nova trilogia (pela qual nós não pedimos) terá sido um desperdício. Se não temos mais expectativas ou revelações a serem feitas, só nos resta esperar para ver o que vai acontecer agora…