Pegue papel, caneta, café e coloque a cabeça pra funcionar :)

4 perguntas que você deve ser capaz de responder antes de criar sua marca.

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Uma das coisas que mais gosto sobre ser uma designer freelancer é a possibilidade de interagir com pessoas empreendedoras, gente que tem uma idéia e está iniciando ou melhorando um negócio. Trocar idéias com essas pessoas é muito legal, pois elas sempre tem algo a ensinar e estão sempre dispostas a aprender. No entanto, percebo que muitas delas chegam até mim sem ter total clareza sobre os caminhos que querem para a sua identidade visual.

Não basta ter uma boa idéia.

É preciso ser capaz de descrevê-la e dar corpo e vida ao empreendimento. Você pode contratar um único freelancer ou uma equipe inteira de design: o resultado final do trabalho será tão bom quanto a qualidade das informações que você for capaz de fornecer. Seu esforço não acaba no momento que consegue encontrar o profissional certo para o trabalho: “Agora é só passar o job e esperar”. Na-na-não! Tem dever de casa! :)

Todo trabalho de criação é uma parceria entre o designer e o cliente. Para esta parceria ser bem sucedida, cada um precisa entrar com seu expertise. O designer oferece seu processo de criação, seu conhecimento técnico, sua experiência na área. E o cliente? Bem, o expertise dele deve estar justamente na parte mais importante da estória: o seu negócio, a sua idéia, seu empreendimento. Eu tive um professor na faculdade que dizia o seguinte: “Você pode saber tudo sobre design, mas ninguém sabe mais do o negócio do que o próprio cliente”.

Mas pode ser difícil, não é? Você sabe, mas não sabe descrever — está tudo aí na sua cabeça mas na hora de explicar, não rola. E como ler mentes não faz parte do expertise de ninguém, o trabalho trava.

Quero criar minha marca!

Muita gente começa por aí: “Quero criar minha marca!” ou “Quero criar meu logotipo”. Mas vamos do começo, se você contratar um bom profissional, ele vai querer conversar com você para entender a sua idéia e extrair o seu conhecimento sobre o seu negócio. Essas informações são essenciais e viram o briefing para a criação da identidade visual — “a cara” da sua empresa. Quanto mais detalhado e completo o briefing, melhor será o andamento do trabalho.

Mas isso não quer dizer que você precisa ter todas as respostas na ponta da língua…. Um dos expertises de um bom designer é saber captar um briefing. O trabalho é uma parceria, lembra? E neste processo o designer pode te ajudar a achar as respostas que você precisa. Mas a responsabilidade de definir as respostas é sua, então você tem que pensar no assunto. Portanto, seguem 4 perguntas que você deve ser capaz de responder antes de sair por aí querendo “criar seu logotipo”.

Você consegue descrever a sua empresa ou idéia em uma ou duas frases curtas?

Todo mundo que já leu meio livro de marketing já ouviu falar em missão, visão e valores de uma empresa. Mas esqueça as frases feitas, a autenticidade da sua nova marca começa aqui: na sinceridade com que você é capaz de dizer o que você pretende oferecer ao mundo. Quando você conta para os amigos, na mesa de bar, sobre sua nova e apaixonante idéia, o que você diz? Como isto pode ser lapidado para chegar ao coração do que será sua nova empreitada? Para um empreendedor apaixonado, isso é o seu propósito: aquilo que irá mover os seus esforços, direcionar sua visão e definir os seus valores.

Com quem você quer falar?

Público-alvo é outro termo conhecido de marketing. Você pode definir a faixa etária, gênero, classe… Mas a pergunta “com quem você quer falar?” precisa de uma resposta muito mais humana do que uma lista das características do grupo que você deseja atingir. E é aí que entram os avatares ou personas que são descrições mais completas e humanizadas das pessoas que serão seus futuros clientes. Sabe aquela piadinha com o Globo Repórter? “Avatares: quem são? O que comem? Onde habitam?” É mais ou menos por aí… É legal você definir a faixa etária do seu público, mas melhor ainda é entender suas motivações, seus sonhos, saber que problemas ele deseja resolver. É mais trabalhoso do que dizer “homens/mulheres, classe A-B, 20 a 40 anos” mas é um excelente exercício para modelar o seu negócio. Volte lá no “coração” da sua idéia…. É possível que o seu avatar tenha coisas em comum com você ou com pessoas próximas. Não limite a definição do avatar ao que você conhece, mas lembre-se que sua nova idéia não nasceu do nada. Ela certamente foi influenciada por pessoas que estão a sua volta, busque nelas a inspiração para os seus avatares (sim, pode ser mais de um :) Se precisar de mais ajuda, procure por “criar personas” no Google para achar um conteúdo mais completo sobre o assunto.

O que você quer oferecer?

Agora que o coração da sua empresa já bate para um ou mais avatares, está na hora de colocar pimenta nessa relação :) O que você tem a oferecer? Não, a resposta não é “meu produto” ou “meu serviço”… Bom, parte dela é, mas importante mesmo é entender o que você vai trazer de valor para seus futuros clientes. O que você vai entregar que vai encantá-los? Que problemas e dores você vai ajudá-lo a resolver? Grandes marcas entregam seus produtos embalados em roupagens intangíveis. A Coca-cola não entrega um refrigerante, entrega “a felicidade, a reunião da família no domingo”. Mas eu não sou a coca-cola, você pode pensar. Mas se você teve uma idéia, encontrou um propósito, descobriu seus avatares, certamente tem algo de valor a oferecer. Algo que só você pode oferecer. Copiar uma idéia, um serviço ou um produto é fácil. Copiar uma proposta de valor? Nem tanto. A proposta de valor está intimamente ligada ao coração da empresa, ao conhecimento que ela tem dos seus avatares. Se você conseguiu responder às duas primeiras perguntas, a resposta para esta terceira virá em breve, acredite :).

Se a sua empresa fosse uma pessoa, como ela seria?

Parece papo de adolescente né? Mas o fato é que pessoas não se relacionam com empresas. Elas se relacionam com a pessoa (ou melhor, com o avatar) que elas enxergam naquela empresa. A gente pode até não reparar, mas atribui personalidades às empresas de acordo com a forma que elas se mostram para o mundo e para nós. E nós criamos relacionamentos mais fortes com as personalidades que nos agradam mais. Então, com que tipo de pessoa você acha que seus avatares gostariam de conversar, passear, viajar, trabalhar? Qual o vocabulário dela? Como ela fala? Que histórias ela conta? Como chega numa festa? Essa é a personalidade da sua empresa. E esta personalidade, como as das pessoas de quem gostamos, deve ser verdadeira e aparecer em toda a sua comunicação.

Faça seu dever de casa.

Se você tem o espírito empreendedor, aposto que quando pensa na sua nova idéia, negócio, empreendimento, fica empolgado não é? Bom, se você fizer seu dever de casa e for capaz de munir o designer com informações, vai ter uma segunda pessoa no mundo tão empolgada com a sua idéia quanto você :) A criação de uma identidade visual é a tradução das suas respostas em suportes visuais — formas, cores, fontes… E é aí que entra o expertise do designer. Depois de responder a estas 4 perguntas, a sua nova idéia vai ficar muito mais clara e começar a tomar jeito de empreendimento. As respostas abrirão um mundo de possibilidades para a sua comunicação e sua nova identidade visual (por que a esta altura você já quer muito mais do que “criar um logotipo” :)

Dani Lima é designer freelancer e colaboradora da Abacomm Mobile, sempre em busca do próximo “projeto super legal que estou fazendo agora e que não posso esperar para colocar na rua!” :)

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Dani Lima | Product Designer and Brand Designer
Chá com Design

Designer apaixonada por entender problemas complexos e criar soluções digitais simples, úteis e agradáveis | www.danilima.com.br