Dinheiro pode não comprar felicidade, mas pode contratar criatividade que é meio que a mesma coisa :) — Foto: www.pexels.com

Contrate criatividade

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O mercado de profissionais independentes (ou freelas) está crescendo. No Brasil e no mundo. Isso é uma ótima notícia para pequenas empresas e também para os profissionais. Para as empresas, significa mão de obra qualificada a um custo mais acessível que a agências tradicionais para atender as demandas criativas. Para os profissionais, significa o amadurecimento do mercado e mais oportunidades.

Se você tem um pequeno negócio, talvez já tenho olhado os marketplaces de freelancers onde é possível anunciar seu “job” para diversos profissionais e escolher a melhor oferta. Talvez você não saiba, mas estes marketplaces são altamente polêmicos entre os profissionais. Uma das razões é que o leilão imposto por estas plataformas desvaloriza o trabalho criativo.

Mesmo entendendo o argumento da desvalorização (e concordando), eu acredito que diferentes clientes têm necessidades diversas e elas podem ser atendidas de várias formas. Por isso, não vamos colocar os marketplaces na fogueira por enquanto. Ao invés disso, vamos conversar sobre como e porque contratar criatividade.

Clientes podem não ter experiência em lidar com profissionais criativos. Isso não é exatamente um problema já que o que ele tem que saber mesmo é como gerenciar o próprio negócio. Mas esta falta de experiência pode dificultar na hora de encontrar um profissional criativo. Por não saber o que a criatividade pode fazer pelo seu negócio, ele acaba procurando serviços olhando somente para o preço e “o bom gosto” (nem me fale em bom gosto). Duas péssimas medidas para a qualidade de um trabalho criativo.

O primeiro passo cabe a nós, profissionais. Se o mercado está amadurecendo, precisamos amadurecer com ele. Faz parte do papel do profissional criativo, ajudar o cliente a entender o nosso trabalho e que benefícios ele pode trazer para o seu negócio. Precisamos fazer mais do que mostrar nosso portifólio ou sair correndo para fazer uma opção de layout (e certamente mais do que reclamar). Precisamos entender a necessidade de cada cliente, demonstrar e promover nosso expertise.

Assim, os clientes também vão amadurecer. Mesmo sem entender o mercado criativo, como dono de um negócio, eles precisam procurar formas de melhorar seus serviços ou se diferenciar da concorrência. É neste processo que a criatividade é um bem valioso — a da própria empresa ou a de um profissional contratado.

Por isso é preciso parar de pensar em criatividade como algo que ilumina milagrosamente mentes privilegiadas. Uma das definições de criatividade diz que ela consiste em encontrar métodos ou objetos para executar tarefas de uma maneira nova ou diferente do habitual, com a intenção de satisfazer um propósito.

Criatividade, enquanto serviço, deve ser vendida através de processos. Para mim, esta é a melhor forma de tangibilizar criatividade.

Como designer de marcas, posso afirmar que a qualidade do meu processo está diretamente ligada à criatividade do meu trabalho. Com os anos de experiência, fui aprimorando meus processos e isso foi me ajudando a encontrar mais facilmente a criatividade para entregar soluções que atendem as necessidades dos meus clientes.

Por isso, acredito que para avaliar se um profissional é criativo, é mais assertivo avaliar seus processos de trabalho em conjunto com seus resultados. Desta forma é mais fácil perceber se ele é o profissional certo para atender a necessidade do seu negócio, entregando um projeto que trará resultados.

O primeiro passo é conversar com o profissional criativo antes de contratá-lo. Explicar qual o seu problema e perguntar que informações ele irá precisar para fazer o trabalho. Como irá apresentar a solução? O que acontece se forem necessárias alterações no projeto?

Profissionais também podem melhorar seus posicionamento e apresentações, mostrando mais claramente como trabalham, o que entregam e que resultados seu trabalho já gerou.

Muitas vezes os clientes se sentem acanhados em fazer perguntas por achar que estariam “interferindo” no trabalho criativo. Isso é bobagem. Um serviço criativo deve servir ao seu propósito e atender às necessidades do negócio. Não há problema nenhum em querer entender melhor como funciona todo o processo do profissional antes de contratar.

Alguns profissionais apresentarão diversas opções. Outros, somente uma. Alguns farão questão de reuniões (presenciais ou online), outros preferem trocar somente e-mails. Não existe certo ou errado. O mercado criativo é prolixo e diverso. O que existe é o certo para a necessidade que cada cliente tem no momento.

Esqueça a idéia de que “bons profissionais são caros”. Bons profissionais são (e merecem ser) bem remunerados. E “bem remunerado” pode variar de acordo com o tipo de projeto, com o tempo necessário para a conclusão, com o processo de cada um e com a experiência do profissional. Tantas variáveis também explicam a diferença de preços praticados pelos profissionais criativos.

Todos nós já ouvimos e curtimos estórias de empresas e negócio que floresceram com soluções criativas. O que nem sempre fica claro é todo o processo de compreender o problema a ser resolvido e o caminho para chegar na solução. Nem a lâmpada foi criada com o acender de uma lâmpada sobre a cabeça do inventor.

Para cada história de sucesso de uma solução criativa houve uma decisão de investir e arriscar.

Investir porque quando falamos de criatividade para negócios, não de uma peça de arte. A criatividade deve gerar uma solução que trará resultados — que podem ser tangíveis e mensuráveis (vendas, aumento de público, etc) ou intangíveis (melhoria de percepção da marca, aumento da confiança da empresa…). E em todo negócio, para se conseguir resultados é preciso investir. Tempo ou dinheiro. Ou, no melhor dos mundos, os dois.

Arriscar, pois o papel da criatividade é trazer algo novo. E o novo sempre pede coragem, sempre pede mudanças, adaptação. Não é possível ser criativo sem arriscar. É melhor gerenciar os riscos da mudança e seguir se adaptando do que ter que lidar com as consequências da estagnação e falta de crescimento.

E é aí que está a importância do processo criativo. Só é possível solucionar problemas que compreendemos. Cada profissional terá o seu jeito de se aprofundar no problema para entregar uma boa solução. Mas uma coisa é certa, sem esta compreensão tendemos a começar o processo já “chutando” uma solução: “preciso de uma marca nova” ou “preciso de uma página no facebook”. Antes de tudo é preciso perguntar o porquê desta percepção. Qual a necessidade do negócio que levou a esta conclusão? Neste momento, processo e criatividade se encontram e é possível definir soluções bem mais assertivas para o crescimento de um negócio.

Criatividade pode economizar dinheiro para a sua empresa. Criatividade pode fidelizar seus clientes. Criatividade pode melhorar a moral da equipe. Criatividade pode te dar mais confiança em fazer crescer seu negócio. Criatividade vende.

Invista bem — tempo e verba — para investir sempre. Esse ditado também vale, e muito, para pequenos negócios e até mesmo para profissionais independentes. E criatividade é investimento com retorno comprovado.

Dani Lima é uma profissional independente, especialista em design de marcas e colaboradora na Abacomm Mobile. E foi vencedora do “Mais Mais Criativa” numa premiação totalmente irrelevante, mas divertida, de uma empresa que existiu há muito tempo nesta mesma galáxia.

Para conhecer os logotipos e identidades visuais que ela já criou (e também seu processo de trabalho), visite: www.danilima.com.br

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Dani Lima | Product Designer and Brand Designer
Chá com Design

Designer apaixonada por entender problemas complexos e criar soluções digitais simples, úteis e agradáveis | www.danilima.com.br