Equipado com tecnologia espacial, laboratório atua contra o COVID-19

Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta
Published in
3 min readJun 9, 2020

Parceria entre ESA e universidade da Bélgica originou laboratório biológico móvel

Laboratório móvel atua em linha de frente (Créditos: ESA)

A Universidade de Louvain, na Bélgica, em parceria com a Agência Espacial Européia (ESA) está ajudando na linha de frente contra o COVID-19 através de um laboratório biológico móvel equipado com tecnologia espacial. A estrutura atua ajudando em testes rápidos com amostras da nasofaringe em médicos, enfermeiros e demais trabalhadores com contato direto com infectados, além de testar pessoas possivelmente imunes ao vírus. O laboratório está a caminho de Piemonte, na Itália.

A estrutura foi utilizada pela primeira vez durante o surto de Ebola em N’Zeroke, na Guiné, durante os anos de 2014 e 2015. A Itália teve um número muito grande de infectados e mortos, tornando-se um epicentro da doença de forma muito rápida nos últimos meses.

O laboratório foi batizado de B-LiFE e conta com tecnologias de análise de amostras da nasofaringe, testes de anticorpos, sistemas de gerenciamento e dados, comunicação ágil e segura, além de uma estrutura móvel grande que atende aos pré-requisitos médicos para esta pandemia.

O B-LiFE (Créditos: ESA)

“Desenvolvemos uma estratégia inteligente para diagnosticar pacientes infectados e identificar aqueles que têm proteção ao vírus [imunidade]: treinar pessoas para operar os dispositivos de diagnóstico e fazer os testes. Vemos isso como uma oportunidade de ouro para treinar até 20 biólogos locais”, explica Jean-Luc Gala, diretor do Centro de Tecnologias Moleculares Aplicadas da Universidade de Louvain (UCLouvain), para release no site da ESA.

A ideia de treinar profissionais biólogos locais significa maximizar a experiência com os equipamentos, sobre tudo os equipamentos de dados. Dessa forma, tanto a universidade como a agência poderá contar com o trabalho de profissionais que residam na própria área, sem a necessidade de designar equipes específicas de um lugar a outro e diminuindo a disseminação do vírus.

Das tecnologias espaciais, destacam-se as de comunicação e localização. Todas trabalham em concomitância com a ESA, tornando dinâmico e em tempo real a atualização de dados de novos pacientes e de pessoas curadas. Assim, um panorama real e confiável sobre a localidade é feita de uma maneira rápida, tornando eficiente as tomadas de decisões científicas, médicas e governamentais.

“Durante a crise do Ebola, as telecomunicações em tempo real foram cruciais para fornecer as informações. As comunicações via satélite são vitais, pois as redes de telecomunicações podem se saturar rapidamente em algumas circunstâncias e precisamos de nosso próprio sistema autônomo”, diz Ronald Gueubel, também da UCLovain, para release da ESA.

A junção de tecnologia espacial em um laboratório de Biologia é uma ideia muito boa, que ajuda e potencializa as chances desta pandemia ser vencida mais depressa. Arnaud Runge, engenheiro médico supervisor do projeto na ESA, disse em release para a agência:

“O que diferencia o B-LiFE de outros laboratórios existentes é que ele utiliza vários ativos espaciais. Isso melhora significativamente o fluxo de trabalho e a eficácia do laboratório. A ESA tem sido muito ativa com várias iniciativas relevantes para apoiar a luta contra o COVID-19 , e a implantação do B-LiFE é uma delas”.

Há a possibilidade de que o laboratório faça mais serviços em outras localidades do mundo, servindo como um grande auxílio na linha de frente contra a doença.

--

--

Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta

Comunicadora Científica, bióloga em formação, pesquisadora da Educação e do Ensino de Biologia.