Guitarrista do Queen e astrofísico, Brian May realiza pesquisa sobre asteroides

Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta
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3 min readJun 2, 2020

May fez parte de equipe que estuda os asteroides Bennu e Ryugu

Brian May em vídeo para a ESA (Créditos: ESA)

O guitarrista da banda Queen e astrofísico Brian May juntou-se a um grupo de cientistas para compreender melhor os asteroides Bennu e Ryugu. O trabalho utilizou um supercomputador para comparar resultados obtidos em trabalhos anteriores com sondas espaciais e simular choques com outros objetos para tentar traçar a possível origem destes asteroides. Os resultados foram publicados no periódico Nature Communications.

Bennu e Ryugu foram estudados por sondas espaciais e vários resultados foram obtidos: o primeiro foi alvo de estudos pela sonda OSIRIS-REx da Agência Espacial Americana (NASA) e o segundo foi explorado pela sonda Haybusa2 da Agência Espacial Japonesa (JAXA). Apesar da similaridade física entre os dois, alguns detalhes específicos podem ser a chave para descobrir a origem destes asteroides — e quais os segredos do Sistema Solar eles guardam.

Bennu e Ryugu (Créditos: ESA)

“As formas dos asteroides e a hidratação [presença de moléculas de água] contida neles podem servir como rastreadores para a sua origem e história”, explica Brian May, co-autor do trabalho, para release da Agência Espacial Europeia (ESA).

Asteroides são corpos celestes muito interessantes e os estudos sobre estes corpos são de extrema importância para a Ciência: muitos deles são restos de colisões violentas e frequentes no Sistema Solar, no período em que o nosso sistema era jovem e caótico. Assim, estas colisões são capazes de imprimir nos asteroides sinais químicos e físicos que nos dizem mais sobre esse tempo difícil.

Além de estudar estes sinais químicos e físicos, outra maneira de voltar no tempo é através de simulações de supercomputadores. A equipe utilizou uma máquina potente e softwares avançados para criar colisões numéricas com asteroides que chegam a 100 km de comprimento. Estas simulações ficaram a cargo do supercomputador Bluecrab, operado pelo Centro de Computação Avançada de Maryland, da Universidade de Maryland.

“As simulações foram intensas em termos computacionais e levaram vários meses para serem realizadas”, comenta Patrick Michel, diretor de pesquisa do Observatório Côte d’Azur na França e cientista chefe da missão Hera para defesa planetária da ESA, em release para o site da ESA. “A parte mais desafiadora foi a simulação do processo de reacumulação, que incluiu codificação detalhada para contato com partículas, incluindo atrito por deslizamento, deslizamento e cisalhamento. Também analisamos o nível de aquecimento dos fragmentos pós-impacto, determinando o nível de hidratação”.

Reacumulação de fragmentos feito em supercomputador (Créditos: ESA)

Um detalhe importante entre os asteroides é a forma de pião deles, tornando-os muito idênticos. Michael afirma que esta forma é compartilhada por muitos outros asteroides conhecidos, mas neste caso, há grandes chances de Bennu e Ryugu serem ‘parentes’. Os resultados mostraram que apesar da química entre os dois ser bem diferente agora, há muitos fatores que mostram que eles vieram do mesmo lugar.

“O resultado é que Bennu e Ryugu podem realmente fazer parte da mesma família de asteroides, originários do mesmo pai, apesar de seus níveis de hidratação [presença de moléculas de água] [sejam] muito diferentes agora. Sabemos que eles vêm da mesma região do Cinturão de Asteróides, o que torna isso mais provável, embora só tenhamos certeza quando pudermos analisar as amostras dos asteroides que serão obtidas pelas sondas Hayabusa2 e OSIRIS-REx”, finaliza Michael.

Brian May falou um pouco mais sobre a pesquisa em um vídeo para a Esa. Assista (em inglês):

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Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta

Comunicadora Científica, bióloga em formação, pesquisadora da Educação e do Ensino de Biologia.